Extraindo as vísceras
Eu me sinto meio vazio
Toda alegria é mísera
Quando se compra o sorriso
Na promoção ou na rifa
É maremoto dentro do navio
Extirpando as artérias
Parece que tudo está ótimo
Exponho meus dentes em ideias
Antes que eu tenha um troço
Por temer a reação da plateia
E a revelação da foto
Os dias se dissolvem
As tardes não mais se arrastam
Aliadas às madrugadas móveis
As noites se tornam aladas
Que nem a de onze de junho de setenta e nove
Em caso de cansaço, pé na estrada.
Compilação randomicamente ordenada dos versos meus ou de Tchellonious ou de Tchello Melo ou de Marciano Macieira ou de algum lugar.
quinta-feira, 26 de março de 2009
quinta-feira, 19 de março de 2009
Só pelo medo da perda
Mudei de perfume
Menos a cor do frasco
Mudei de costume
Mas não como falo
Mudei o trajeto
Exceto o combustível
Mudei o ingresso
E removi o vírus
Mudei de residência
E quem mora aqui
Mudei de vestimenta
Que nem as marcas do tempo, souvenir
Mudei, não por brincadeira,
Realizei o backup
Só pelo medo da perda
Que não mais cabe.
Menos a cor do frasco
Mudei de costume
Mas não como falo
Mudei o trajeto
Exceto o combustível
Mudei o ingresso
E removi o vírus
Mudei de residência
E quem mora aqui
Mudei de vestimenta
Que nem as marcas do tempo, souvenir
Mudei, não por brincadeira,
Realizei o backup
Só pelo medo da perda
Que não mais cabe.
Enésima feira
O corpo é patrimônio
É porco o seu abandono
É o insólito modo de ser dono
De algo além do sonho
Eu não sou tricolor
Tão somente por causa do meu avô
Tento dosar os derrames de amor
Mormente para recordar de que sou
Os óculos escuros represam
O choro de uma íntima tristeza
Enquanto o ônibus me arremessa
Para mais uma enésima feira.
É porco o seu abandono
É o insólito modo de ser dono
De algo além do sonho
Eu não sou tricolor
Tão somente por causa do meu avô
Tento dosar os derrames de amor
Mormente para recordar de que sou
Os óculos escuros represam
O choro de uma íntima tristeza
Enquanto o ônibus me arremessa
Para mais uma enésima feira.
terça-feira, 17 de março de 2009
Para todas as horas
Escrevendo certo
Por teclas tortas
Sonho desperto
Para todas as horas
O clima é tenso
E a rima, pobre
Pra desanuviar penso
Por esporte
A lua míngua
O céu reflete
As janelas xingam
E jogam confete
Além do corpo
O ânimo tem cansaço
E saudade do pouco
Êxito e de alguns fracassos.
Por teclas tortas
Sonho desperto
Para todas as horas
O clima é tenso
E a rima, pobre
Pra desanuviar penso
Por esporte
A lua míngua
O céu reflete
As janelas xingam
E jogam confete
Além do corpo
O ânimo tem cansaço
E saudade do pouco
Êxito e de alguns fracassos.
segunda-feira, 16 de março de 2009
Aos sinais
Não vou falar nada
O tempo é o meu porta-voz
É o dono da palavra
Que desata todos os nós
Não vai ficar só na garganta
O que está difícil de descer
Ainda que não me garanta
Por enquanto que vá acontecer
Vou andar quieto
E atento aos sinais
Dos trânsitos, sutis e diretos,
Chega de tantos charcos emocionais
O que eu articular
Não será escutado
Exceto pelo olhar
De quem estiver ao meu lado.
O tempo é o meu porta-voz
É o dono da palavra
Que desata todos os nós
Não vai ficar só na garganta
O que está difícil de descer
Ainda que não me garanta
Por enquanto que vá acontecer
Vou andar quieto
E atento aos sinais
Dos trânsitos, sutis e diretos,
Chega de tantos charcos emocionais
O que eu articular
Não será escutado
Exceto pelo olhar
De quem estiver ao meu lado.
sexta-feira, 6 de março de 2009
As águas
Levo-me pela força das águas
Da moça em lágrimas
Mas nunca pela forca da máquina
Tampouco pela muita ou pouca mágoa
Que num dia se lava e passa
Como esta poesia de escape
Nostálgica do cinema de rua, do lápis
E dos problemas de matemática fáceis
Até dos axiomas de Descartes
Tem uma cômoda saudade
Eu troco o meu reino
Por uma máquina do tempo
Mas, pelo que me lembro,
Tudo entrará nos eixos
As águas perpassam os seixos
As passadas não movem moinhos
Porém, quando chove, traçam os caminhos
Com seus atalhos e desvios
E limpam os meus olhos, que ficam vazios
E propícios a uma visão sem desvarios.
Da moça em lágrimas
Mas nunca pela forca da máquina
Tampouco pela muita ou pouca mágoa
Que num dia se lava e passa
Como esta poesia de escape
Nostálgica do cinema de rua, do lápis
E dos problemas de matemática fáceis
Até dos axiomas de Descartes
Tem uma cômoda saudade
Eu troco o meu reino
Por uma máquina do tempo
Mas, pelo que me lembro,
Tudo entrará nos eixos
As águas perpassam os seixos
As passadas não movem moinhos
Porém, quando chove, traçam os caminhos
Com seus atalhos e desvios
E limpam os meus olhos, que ficam vazios
E propícios a uma visão sem desvarios.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Lampejos de neblina
Eu sou a minha cópia
Inválida e autêntica
Com firma desconhecida
Eu consigo me imitar
Sem que soe falso
Sem que me mate
Alegando trote
Eu sou o clone da minha obra
Para além da transparência
Lampejos de neblina
Só poderei caminhar
Entre o primeiro passo
E o derradeiro arremate
Depois depende da sorte.
Inválida e autêntica
Com firma desconhecida
Eu consigo me imitar
Sem que soe falso
Sem que me mate
Alegando trote
Eu sou o clone da minha obra
Para além da transparência
Lampejos de neblina
Só poderei caminhar
Entre o primeiro passo
E o derradeiro arremate
Depois depende da sorte.
Sob a sombra do poste fino
Escutando uma canção
Do outro século
Sacode meu coração
E atrela o meu cérebro
Parece uma nostalgia
De quando era mais moço
E toda a minha perspectiva
Poderia caber no bolso
Aguardo o coletivo
E me resguardo do sol
Sob a sombra do poste fino
Pensando que há coisa pior.
Do outro século
Sacode meu coração
E atrela o meu cérebro
Parece uma nostalgia
De quando era mais moço
E toda a minha perspectiva
Poderia caber no bolso
Aguardo o coletivo
E me resguardo do sol
Sob a sombra do poste fino
Pensando que há coisa pior.
terça-feira, 3 de março de 2009
Sabores e saberes
Devo ser sempre grato
Aos meus problemas
Que pesam uma pena
Perto de outros pratos
A qualquer entrave
Que me é posto
Não posso virar o rosto
Fico sem ver a chave
Não mais confundo
Cuidado com covardia
O estorvo nosso de cada dia
É uma prova deste mundo
Costuma ser azedo
Mas há diversos sabores
E saberes para os dissabores
Dissolverem-se bem como o medo.
Aos meus problemas
Que pesam uma pena
Perto de outros pratos
A qualquer entrave
Que me é posto
Não posso virar o rosto
Fico sem ver a chave
Não mais confundo
Cuidado com covardia
O estorvo nosso de cada dia
É uma prova deste mundo
Costuma ser azedo
Mas há diversos sabores
E saberes para os dissabores
Dissolverem-se bem como o medo.
A renúncia é a pronúncia da urgência perante a denúncia do advento do nunca
Através do teclado duro
Vomito o que entala o pescoço
Compreendo, contudo não aturo
Rigidez o tempo todo
Acaba me deixando murcho
Sem charme nem chance no jogo
Até parece que o ar é seguro
Trata-se de sufoco
E eu espero por qualquer futuro
Fora deste destempero oco
Para me sentir lúcido
Como nunca fui ou de novo.
Vomito o que entala o pescoço
Compreendo, contudo não aturo
Rigidez o tempo todo
Acaba me deixando murcho
Sem charme nem chance no jogo
Até parece que o ar é seguro
Trata-se de sufoco
E eu espero por qualquer futuro
Fora deste destempero oco
Para me sentir lúcido
Como nunca fui ou de novo.
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