domingo, 28 de janeiro de 2018

Caça às brumas

Caça às brumas
Pelo breu
Lírico assim nas trevas
Como no céu
Membro da turma
Presente em mim
Uma vez que nada se leva
Desta vida no fim.

sábado, 27 de janeiro de 2018

O trem não fumega

Os galhos das árvores
As veias
Os rios
Conexão cósmica
Gentilezas, favores
Épocas de secas, de cheias
Profundos vazios
Na estação mais próxima
O trem não fumega
Há muito tempo
Assim como a panela
Agora muda
Cortinas de fumaça
E de entretenimento
Balas amargas
Agora chupa.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Trauma do negócio

Eu sempre desconfio
Da reputação ilibada
Do conhecimento notório
Da idoneidade moral
Talvez não sirva para nada
O pop engana
É o trauma do negócio
Mercado de terno e marginal
Governo pornochanchada
Obscenas façanhas
Telespectador beócio
Fantoche de telejornal
Cultivo por anos a fio
Imaginação calibrada
Discernimento aleatório
Identidade autoral.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Qualquer registro

Seja manuscrito
Ou gravação de ruído
É preciso qualquer registro
Para não ficar nesta dança
Pisando no pé da lembrança
Apesar de conhecer desde criança
Esta canção
Que não me cansa
Descartarei razão
Que for rasa
As cores do brasão
Não estão na brasa
A quem quiser estar por cima
Com as melhores asas
Do ramo e da rima
Um conto de reis
Sem desconto de fantasia
E nada do que se fez
Nesta poesia
É parecido com vocês
Ontem, noutro dia,
No meu horizonte em vozes.

sábado, 13 de janeiro de 2018

Atração da inveja

Pode ter a atração da inveja
Como efeito colateral,
Mas não passem tanto mal
Assim com ela

Afinal de contas,
As únicas pessoas
Que não são invejadas
São as prosaicas.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Quando eu não mais me recordar

Quando eu não mais me recordar
De coisa nenhuma
Os meus versos vão me acordar
Durante a leitura
Entre o toque e o espectro
Quando eu não concordar
Nem mais com a minha cuca
Meus pensamentos vão decorar
As grades da prisão com plumas
Caso falte teleférico
Quando eu não tiver mais memória
De mim na pintura
Em curso conhecida como agora
Minhas poesias, vestidas e nuas,
Seguirão assinando: Tchello Melo.