quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Vários e raros

Vários dos meus amigos de infância
Ficaram apenas na lembrança
Não fazem mais parte
Do meu círculo de amizades
Porque prezam
As coisas que pesam
Nas costas do povo
Não sei se mudei muito ou pouco
Sei que não continuo idêntico
Ao que era no século passado
O que posso dizer neste momento
É que eles estão no lado
Errado da história
E não é uma conclusão ilusória
Agora guardo raros amigos de então
Sem reparos no meu coração.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Raphael Magno Moreira Morsch

Raphael Magno
Moreira Morsch
É meu primo mas é de fato
Meu irmão, meu bróder
Ele é o culpado
Das minhas peripécias precoces
Nos versos rimados
E irmanados em estrofes
Hoje é seu aniversário
Idade? Trinta e nove
Neste louco itinerário
Desde setenta e nove
Nasci antes do homenageado
Mas sou bem mais jovem
Do que o virginiano focado
No que lhe move e comove
Se fez La Villa Strangiato
Em Itaboraí, ele pode
Alçar voos mais altos
Do que um Concorde
E tocar no volume máximo
Aquele velho rock
Na rua do fogo nada fátuo
Ou em Barcelona que o acolhe
É um prestígio inimaginável
É uma honra enorme
Ser prirmão de Raphael Magno
Moreira Morsch.

domingo, 19 de agosto de 2018

A borboleta

Azul, a borboleta
Pousou na telha
E passou esta letra.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Raptos de poetas

São tempos ásperos
São tempos caretas
Sem demora ao asco
Onde moram os picaretas
São dias trágicos
São dias de tretas
Rápidos no estrago
Raptos de poetas
São noites árduas
São noites obsoletas
Repletas de máscaras
Sem alma, sem Aretha.

Do pesadelo hardcore

Somos todos iguais
Nesta noite
Longa demais
Há quem não acorde
E nem se acuda
Do pesadelo hardcore
Expressão carrancuda
Nos corredores
Da rádio muda
Dias melhores
Com amor, isonomia e paz
Romperão esta enorme noite.

domingo, 12 de agosto de 2018

Previsão do tempo: nevermind

Não há quem nade
Na piscina vazia
Quem vive na night
Morre afogado de dia
Pratico apneia
Continuo aéreo e submerso
Dinheiro é uma ideia
Menos cara do que o verso
E quando soltar
No ar a palavra
Que nem o peixe no mar
Verão que nada.

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

A saudade joga no meu time

A cidade define
Embora não determine
Como a humanidade definha
Compaixão agora é crime
A saudade joga no meu time
O tempo talvez atualize
O que antigamente não tinha
Acerta quem chama de crise
Parece que é o mesmo filme
Novos ingredientes no drink
Aquela dose pode ser minha
Aquela pose é puro script
De volta aos loucos anos vinte
Sou poeta: nem alegre, nem triste
Sendo o que menos se adivinha
Antes que eu me critique.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Caminho em ziguezague

Caminho em ziguezague
Para não pisar nas folhas
Espalhadas na calçada larga
Para que não apoquente
A placidez hipnótica
Da manhã vermelha
Cabeças de bagre
Especialistas em qualquer coisa
Simplesmente escarram palavras
Incoerentes mas condizentes
E robóticas à óptica
De quem senta à cabeceira da mesa.