quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Pela ausência do sol

Às vezes há quem agradeça
Pela ausência do sol
Quando o dia começa
Apesar dos segundos mortos

Tudo vai ficando pior
Até que se reconheça
A firmeza do nó
Da gravata, da forca na garganta

Em cada cabeça
Que cairá igual a dominó
Quando a vergonha for descoberta
Num peteleco ou sopro

O orgulho será maior
Do que a consciência
De quem se enganou
E ainda se engana?

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

A dor em mim

Só quero dormir
Para domar
A dor em mim
De todo mar
Quiçá enfim
Possa acordar
E me sacudir
Sem me deixar
Nem desistir
Do que dança no ar
Do que isso diz
Quando o sonho se dá.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

O que me habita e invade

Entre a realidade
E a fantasia
Às três e meia da tarde
Cheia e vazia
De futuristas saudades
Vou escrevendo o que me habita
E invade
Quem proto-agoniza
De caneta, no teclado, a lápis
Em sopa de letrinhas
Saboreia e sabe
Que não é sopa engoli-las
Tanto na amarga verdade
Quanto na doce mentira.

sábado, 8 de dezembro de 2018

Dentro do peito

Siga o que pulsa
Dentro do peito
Não há bússola
Com norte mais magnético
Esteja na agulha
Imantada direto
Ao que lhe impulsa
Daquele jeito
Que não se recusa
Apesar do receio
Cerrando a sua cuca
É o seu maior crédito.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Fomes e quitutes

Tudo se manifesta
Na plena quietude
Da cabeça aberta
Entre fomes e quitutes
Eu só queria ir embora
Não era uma questão pessoal
Não obedeci àquela hora
Em que pus menos açúcar do que sal
Nada se esconde
No meio do silêncio
Nem a palavra por onde
Passeia o pensamento.