Mantra, trama
Oração, coração
Outdoor, altitude
Slogan, escolha
O tempo não se adianta
Que horas são?
Seja a ocasião que dure
Os anos que se foram
Banda contra furadas
Tramoias, trapaças
E eventuais ressacas:
Acordo são
Meras coincidências
Acontecem apenas
Nas novelas, nas peças
Sincronicidade é outra esfera
Uma nova era começa
Embora sinta o peso
Na minha cabeça
Nos meus ombros
Vislumbro menos desespero
Do que horizonte, palpáveis sonhos
Mais bálsamo do que júbilo
Alguma base nos escombros
Nos encontros, nas encostas
Jornadas de escola, fontes de estudo
Método, nada e tédio confortam
Consolidação é alegria de Saturno
A bobagem tem algo de ingênuo
Vira veneno a boa sorte
Gelo no inferno do incêndio
Verão no hemisfério morte
Mais na dor do que no amor
Duro amadurecimento
Não poderei ser o que for
Se permanecer pequeno
Mantra, ciranda
Oração, revolução
Outdoor, quiproquó
Slogan, vida louca.
Compilação randomicamente ordenada dos versos meus ou de Tchellonious ou de Tchello Melo ou de Marciano Macieira ou de algum lugar.
sexta-feira, 21 de junho de 2024
Mantra
sábado, 15 de junho de 2024
Nomes da infância
Buracos? Boatos?
Não encaro nem busco
Estou atrás de entusiasmos
Não sou operário do susto
Preciso ir lá embaixo
Para encontrar o sumo
E me ensopar no barro
Ondulando no fundo
Porém nada mais traz
A magia dos pueris tempos
Saudade ou nostalgia, tanto faz
Eu resisto quando me lembro
Há quem goste mais
De olhar para o firmamento
E pescar temporais
Do que se ancorar por dentro
Os nomes da infância jamais
Cairão no esquecimento
Eu quero aquela paz
Ou qualquer entendimento
Biruta? Um bocado
Não crio gomas nem musgos
Estou atrás de recados
Nos grilos, nos muros
Preciso ir, senão me calo
Cansado em cacos sumo
No retrovisor do carro
Do que restou do mundo
Aos nomes da infância que jaz
Mando meu agradecimento
Eu quero aquela paz
Apenas a que aguento.
terça-feira, 4 de junho de 2024
Transparência turva
Meu repúdio às inúteis
Notas de repúdio
Cadê as noites sem nuvens
Estelares neste mundo?
Quem me dera
Se a casca grossa
Fosse só da tartaruga
Mas é coisa única
É coisa nossa
Transparência turva
Impermanência eterna
Inércia, caça, fuga
Vire a ampuleta
Vire a mesa
Vire o que virá
Vá e se mexa
Todo dia tem
Aniversário de alguém
Mas nem sempre rola
Bolo com aquela roda
A ira espuma,
Mas não ensaboa
A gulodice enche
E não preenche a lacuna
O desleixo se transborda
E não vai embora
A mesquinhez empilha
Não é uma fonte boa
A soberba cintila
Estrela, trilha, tralha
A obscenidade se dispõe
E não leva a mala
Somente a inveja se disfarça
De sorrisos, de abraços
De uma salva de palmas
De um barco furado
Vire o disco
Vire a cara
Vire a pá
Vire a página.