Não sei se é preciso chamar o bruxo
Para extinguir certos hábitos
Ou se somente me levo pelo fluxo
A me engarrafar no tráfego
Não sei se a poesia é exata
Comparada com a ciência
Ou se a alegria é chata
Preocupada com a conseqüência
O que sei mesmo
O que digo de camarote
é que sigo a esmo
Amigo da vida e da dita morte
Não sei se os ponteiros dos relógios
Põem nos eixos os nossos tempos
Imersos em climas, códigos
Cheios de cismas e temperamentos
O que sei de fato
O que falo sem ressalvas
é que, enquanto vivo, me mato
No entanto a arte me salva.