quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Meu labirinto familiar


A alegria líquida

Alivia e liquida

As horas que não sentem

Saudades nem o presente 

As memórias fabricam


Paraísos desde a tensa idade

O tempo invariavelmente brinca

A água evapora e invade

Por ora, eu não posso 

Perder mais tempo


Do que penso que tenho

Ainda não virei fóssil 

Eu devo, eu não devo

Temer as chaves e perdas

Para mover naves, pedras


E outros enlevos, escrevo

Para escalar o lar, o laboratório 

Meu labirinto familiar

Onde elaboro aleatórios

Instantes e instintos daqui, de lá


Anteontem na Rua São José 

Quase com a Rua da Quitanda

Não vi uma pessoa qualquer,

Eu vi Chico Buarque de Hollanda

Más não consegui tirar uma foto sequer


Pela sua rapidez no andar

Pela minha reverência que nada mais é 

Do que uma timidez nefanda

Poesia é a notícia sempre atual

Até após a eternidade da ciranda


Daquele baile, missa ou sarau

Para tirar a máscara 

Não sou faraó, general

Tampouco atleta ou caubói 

Sou só um poeta de Niterói 


Dando nó em bingo de mágoa

As coisas não se mensuram

Pelo que custam 

Mas pelo que custaram

Para quem as conquistou


Não combinam na cor os pratos

Com os copos, facas e garfos 

O que de fato importa

É a fome morta

A mesa está posta.



Nenhum comentário: