quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

O desejo do espelho

 

Do lixo, do lírico 

Ao inequívoco equívoco

Há momentos em que nem o espelho

Deseja me ver belo ou feio

E sei me desenhar por dentro 


Não há nada neutro 

Há essências feito eu e você 

Evidências do fato e do fake

Em sã consciência só sei que

Está tudo fantasticamente bem 


Sou sim, sou singularmente alguém 

Nas primeiras horas da manhã 

Sempre é um novíssimo dia

Se há o passado e o presente, virá o amanhã 

Depois das trevas da travessia


Do mar de esperas e de caldos

Meu ser se eleva e não termina

Num lugar longe ou alto

Havia um náufrago e uma cisma

De que o espelho não me queria 


Havia uma onda e um tempo

Em que não entendia direito 

O espelho já me rechaçou  

Mas hoje vejo quem sou

A coragem vem do coração 


Havia um espelho em cacos

Em que me via aos pedaços 

Há imagens em que o espelho 

Mira as vontades e os desejos

Efeitos da mentalização 


Havia uma temporada 

Em que a tempestade me abrigava

Agora eu não desprezo

O reflexo do espelho 

Nem a minha reflexão 


Do livro, do líquido

Ao onírico capítulo

Há instantes em que o espelho

Não expõe o bastante

Propondo o uso do sonho, da visão.





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