terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Um banho


Brando, bravo e salutar
Banho de mar
Para matar o estranho
Que queria me domar
E bagunçar meus planos

Um banho doce de sais
Dos orixás e anjos
Para saltar do bando
Xará, eu não tenho mais
Dezesseis anos

Antes de me matar
Eu matei o estranho
Que parecia me tomar
E me tirar do meu canto
Ah, santo espanto de paz

Um banho redentor
Dos afogados e submersos
Uma boia de luz interior
Um afago do universo
Uma onda de amor e nada mais

Tanto faz se boa ou má
A realidade é a colheita
Visitei nu o depósito
Soterrado de poeira
E resgatei no baú o propósito

Ao longo do recolhimento
Levei-o pra água de mim, do mar
Lavei a cara para o arranjo da foto
E louvei a alma, anjo do pomar
Um banho salutar e bento.







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