sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

704

O meu lar
Não é cela
Nem lugar
De procela

Segundo Tim Maia
Eu quero sossego
Na minha casa
E um quilo de desapego

Setecentos e quatro
No centro da cidade
Não é só um quarto
É mais do que a metade

Deste apartamento
No sétimo andar
Desenho meu reino
Ou fortaleza, sei lá.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Com aquele ar

A hora passa
Com aquele ar
De atrasada
Mas vai chegar

As férias voam
Enquanto penso
Mais do que a folha
Submissa ao vento

Mais do que o esqueleto

Meu corpo é onde habito
O sopro da minha delícia
Todo o meu débito
Troco em pele e perícia

Ergue-se o conteúdo
Mais do que o esqueleto,
Supera o que discorro e escuto
A torto e a direito

A minha carcaça
Abraça o lugar em que moro
E me ligo na casa
Que de mim eu decoro.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Holografia

Com a solidão
Ando e aprendo
Quando não me prendo
À solicitação

Talvez nem à que defendo
Na beira do verão
Na feira sem autorização
De qualquer referendo

O repouso pintou
Em boa hora em detrimento
Do mau tempo
O corpo se horizontalizou

A chuva aguou menos
Do que hidratou
A holografia do que sou
E do que estou sendo.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Descanso volátil

No descanso volátil
Na volta do coletivo
É preciso ter tato
E os outros sentidos

Evasivos do fato
Apenas científico
É algo tão tácito
Quanto o paraíso.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Perdição sugerida

Para outra ocasião
A perdição sugerida
No atacado, sem prestação
Com desconto e à vista

Sem poesia, eu morro
Pescando algum brio
Aos meus olhos rotos
Pelo sol febril

Com a camisa de ontem
E a cara de vanguarda
Vagueio no horizonte
Na fronteira minada

Entregue aos eventuais
Instantes de cinema
Deixo-me fluir mais
O filme não queima.

Farto de mistério

Eu apenas quero
Uma cena, um papel
Um papo sério
Algo palpável

Sem lero-lero
Levo o céu
Ao inferno
A par, ao léu

Farto de mistério
Passo a ser eu
Pasmo, espero
O que aconteceu.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Continuo comigo

Eu sou o que quero
Ainda que aborrecido
E um pouco aéreo
Continuo comigo

Eu quero ser o que sou
Embora eu ignore
As nuances do amor
Adoro mais uma dose

O dilúvio incessante
Hoje teve fim
Doce diante
De tudo de mim.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Tempos corridos

Verificando o excesso
De espaço entre as palavras
Observo o silêncio histérico
Mais loquaz do que a fala

Averiguo e corrijo
A falta de concordância
Nestes tempos corridos
Entro descalço na dança

Nuvens misteriosas no teto
Rebolam ao redor da porta
Um novo mundo está perto
As estrelas reportam.

Boa viagem

Eu escrevo como
Se me pusesse nas linhas
Não quero pensar, sonho
Em aprender igual a quem caminha
De modo ambulante
Para o sol abundante
Feito este instante
Sem depois nem antes.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Ao lado dos pássaros

Com a coluna moída
E a vista cansada
Capturo alguma vida
Na pista ou em casa

Com a cabeça alerta
E os pés alados
Ando voando na terra
Ao lado dos pássaros

Aonde chegarei
Estou para descobrir
Bruscamente eu sei
Eis-me aqui.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Pacto tácito

Novos ventos
Removem as teias
E nos põem em rede

Tantos adventos
Chovem as idéias
Antes imóveis e verdes

E nem se mensura
Ainda o impacto
Da revolução veloz

Na manhã futura
Validando o pacto
Tácito entre todos nós.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Papo de signo

Para que eu me safe
Eu me restauro
Tendo à vontade
Entre o raro e o extraordinário
Sou assim de praxe
Caso contrário
Não passo de fase
Pauso mas não paro.

Corro o risco
Cerro o curral
Corrôo o disco
Quero carnaval
E poesia a quilo
Contra o caos
Pode até ser papo de signo
Nada fica igual.