sexta-feira, 28 de junho de 2013

De costumes e sentimentos

O que se torna
É uma mixagem

O que se entorna
Está à margem

O que se contorna
Faz parte da viagem

O que se retorna
Nunca vem tarde

O que eu penso
É um misto
De costumes e sentimentos

Quando existo
É igual ao vento
Levantando o vestido.


Legados gelados

Eu não creio
Que o padrão Fifa
Seja o mais perfeito
Como uma cafifa
Voejando no céu profundo

Eu não admito
Que as prioridades dos verbos e das verbas
Tenham como alicerces interesses pífios
Já que os legados gelados da cópula do mundo
Serão os elefantes brancos e o estádio de sítio

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Na pauta do dia


Após many infestações
Dos parasitas,
Manifestações
Na pauta do dia
Revoluções.

terça-feira, 18 de junho de 2013

A primavera brasileira

Do berço esplêndido o gigante se despertou
Com tanta violência e opressão
A panela de pressão destampou
Transbordando o caldo de indignação
A primavera brasileira começou
Entre o outono e o inverno
Verão
Os que ainda não estão com os olhos abertos
E se elevarão
As vozes, os cartazes, os celulares, as cabeças e os punhos
Numa espécie de réveillon
A partir de dezessete de junho
Ano novo
Vida nova
O poder emana do povo
Que não se engana mais com a Copa
Enchendo a bola e os bolsos
Dos mesmos coronéis nojentos
Queremos enfim a sobremesa depois da insossa sopa
Servida à força desde mil e quinhentos
Não haverá mais colher de chá
Vamos colher transparência nos gastos, nos gestos e nos gostos já!


segunda-feira, 17 de junho de 2013

O milho e o malho

Eu me esquecera de registrar
O quão foi emblemático
Retirar
Meu novo registro geral
No dia do meu aniversário
Conteúdo sempre atual

E as pombas de defeito moral
Vão reprocessar
O milho e o malho das praças
Sobre as cabeças
Que apenas separam
As orelhas.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Da floresta que se tornou a minha varanda


No dia em que completo, e não é às vezes,
Doze mil e quatrocentos e dez dias
Ou quatrocentos e oito meses
Chamado de trinta e quatro anos por galhardia
Eu rego as plantas
Da floresta que se tornou a minha varanda
Enquanto um vizinho
Que não sei quem é nem como anda
Toca Legião Urbana
Para ser mais específico:
Tempo perdido.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Devido ao medo e ao dinheiro


Sempre será uma graça
Aos donos da televisão
Fazer com que pareça mera arruaça
Qualquer manifestação,
Na rua, na rede e na praça,
Contrária ao tirânico governo,
Um dos núcleos da novela de faraônica produção
E de um abjeto e óbvio enredo

Ainda que legítima seja
A liberdade de expressão,
Devido ao medo e ao dinheiro,
É uma daquelas leis que não pega,
Exceto para os incendiários que não viraram bombeiros.

domingo, 9 de junho de 2013

Contradição


Diz que não sabe fazer suco
Porém prepara caipirinha
Igual a uma perita

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Aqui, em Santa Roça


Aqui, em Santa Roça
Ainda há casas
De quando a invenção mais nova
Era a televisão

Aqui, em Santa Roça
Apesar de um tempo que não passa
Já sujam o silêncio as obras
Que surgem aos borbotões

Aqui, em Santa Roça
Na Duque Estrada
A viagem se renova
Na aterrissagem em cada estação

quinta-feira, 6 de junho de 2013

O tempo todo


Eu sinto falta
Da minha vida passada
De quando era astronauta

Eu tenho saudades
De futuras idades
De quando serei eternidade

Eu fico ansioso
Em ser outro
Estando comigo o tempo todo.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Apenas vivo


Reconheço que não faço tantos
Versos românticos
Entretanto estou tentando

Os horizontes ficam maiores?
As portas e janelas não se movem?
A saída é envelhecer com o espírito jovem

Se é livre-arbítrio
Ou se tudo já está escrito
Eu não sei: apenas vivo


Ringo e Paul


Ringo e Paul
Visitaram a minha casa no campo
O sonho acabou.

Solicitação


Não me convidem
Para jogos e afins:
Já basta a vida