quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Jogo de centúrias


Retorno à cidade
Das águas ocultas
E das lamas expostas

E me entorno com a saudade
Das idades futuras
Embalado pelas canções de ninar das obras

Contorno as dificuldades
Com o meu jogo de centúrias
Recebendo no pódio tapinhas nas costas

E me torno uma personagem
Com tal força dramatúrgica
Que a importância será póstuma.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

De volta à cena


De volta à cena
A tragédia acena
Com a negligência
- Inseparável mecenas -
Vestida na pirotecnia insensata da banda
E na ganância dos donos doutrinada aos seguranças
Que vetaram a saída imediata das crianças
De vinte anos que não pagaram a comanda
Da boate Kiss em Santa Maria
Cidade gaúcha e universitária

As vidas queimadas, asfixiadas e pisoteadas de centenas
De famílias, de sonhos, de jovens
Não serão digeridas apenas
Como um jantar durante a novela das nove.



quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A zona de divergência do atlântico nu


A zona de divergência do atlântico nu
provoca altercações no clímax
e espontaneidades devastadoras do norte ao zoom.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Beatles e mitos


Escuto Beatles
Cultuo mitos
E, oculto, grito!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Ornamentos de Natal


Já podem recolher os ornamentos de Natal
E lembrem-se: o tal espírito natalino
Não precisa ser tão-somente anual.

Sentido e controle


Invasões bárbaras de verdades indesejáveis
Ou inconvenientes
Nos corações e cérebros semilobotomizados

Invasões brabas de estupefacientes
Nos orifícios
Nas lacunas
Em busca da melhor e única
Onda no primeiro mergulho

Nada do amor-retórica dos ausentes
Nada da moral rasa propagada
Pelos cantores populares
Nada da ideologia universitária
E mutável pelas filosofias em voga
Nada dos objetos eclesiásticos
Leiloados a preços estratosféricos

Nada disso importa
Perto de um divino vinho
De um elucidário livro
Do sorriso dos amigos
Do charme feminino
Cujos mistérios insondáveis
E irresistivelmente admissíveis
Dão sentido à vida
Em vez de controle.


Ditaduras

Receitas de quitutes
Classificados na primeira página
Em nome da quietude
Da liberdade fiscalizada

Ator Fulano de Tal
Vai ao jornaleiro com preguiça
Antes do passeio matinal:
A quem interessa o que não é notícia?


domingo, 6 de janeiro de 2013

Até a queda é sonho

A borboleta se mimetiza
na flor precisa
num precioso dia que ganho
onde até a queda é sonho

Esquivo, eu me camuflo
nos óculos escuros
e nas coisas que coleciono
com ar de abandono.

Ufologia

À espera do disco voador
para abdução
para tradução
da esfera do risco tentador
do interior arisco e denso
que no céu pisca suspenso
no suspense
na polêmica
a ufologia para alguns nonsense
um dia será epidêmica.

Entre outro gado

Desurbanização
no meio do mato
entre outro gado

Identificação
com a verde terra
com a verdade férrea.

A casa envolta

No caminho de lama
na traiçoeira grama
gritamos no vale
para que o eco nos salvasse

E na volta sob chuva
avistamos a casa
envolta de matas mudas
e de conversas rasas.

Alarme fausto

Com gosto de carne
violeta
violenta

No rosto o alarme
fausto
ácido

Posto em ataque
soviético
poético.

No dia do astrólogo


No dia do astrólogo
O sol calorosamente sólido
Clareia soluções insólitas.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Êxito


Eu não hesito
Em saber que o êxito
É suceder com o que re-existo.

Os próprios passos


Cada um carece seguir os próprios passos
Tem que, agradece
E reconhece que não é só acaso.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A partir do ano corrente


Para dois mil e treze
E também a cada doze meses
Uma vida sem punhaladas nas costas
Nem lares irregulares nas encostas

E que a partir do ano corrente
Haja eternamente
Mais água benta
Do que mágoa barrenta.


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Polêmica


Quando alguém que tem fama
Cruza os braços
É omissão, é falta de zelo
E ao tentar tirar os outros da lama
É oportunismo devasso:
Polêmica na sala lotada de espelhos.



quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Os problemas


Os problemas
Não se aniquilam apenas
Com a queima
Dos fogos de artifício
Tampouco com a queixa
De que a vida anda difícil.

Matariz


Troco de sais
Com o mar
Em vez de areia, cais
E outras coisas e causas para rimar
Conhaque
Caiaque
Equilíbrio e paciência ao remar
Quase 
Não se anda, nada-se
Apesar do céu gris
O sol sempre mostra sua face
Acabei de voltar de Matariz
Em Ilha Grande
Ainda me sinto ondulante.