terça-feira, 20 de junho de 2023

Planta podada

 

Sou outro, outonal

Temporada de choque 

Temporal perto do final

Planta podada, feita

Pra crescer original


Folhas secas

Escassez é estoque 

Belas quedas

Uma apneia, um mergulho 

Para que se afoguem


O ego e o orgulho 

São tempos grogues 

De perdas e pedras

Estrada do sonho 

Presente sem embrulho 


É o fim do outono

É a palavra que pinta

E larga o dono

É a imagem irrestrita

Ao delírio do abandono


Não são os mesmos dias

Selvagens e tontos

Como se não se domassem

Há tantos tombos e tomos

Bilhetes de viagem de psicodelia


Mais valiosos e tristonhos 

Do que os de loteria

Um mantra, um slogan 

Que os pensamentos passem 

Sem que eu me envolva


Sangrando com classe

Na minha canoa

Na minha nave

Na minha pessoa

Na minha graça nova


Singrando os céticos mares

Os sonhos são indóceis

Indícios de que não é doce

A alucinação com nome de realidade

Quem tem raízes é árvore.

sábado, 3 de junho de 2023

Fúria, flor, fantasma, flâmula

 




Só em momentos

Tensos e soturnos

Que o aluno

Procura o professor


Tomara que o tormento

Seja mais potente 

Na minha mente 

Do que ao redor


Sob vendas ou na miragem

Mora a minha face

E se decora o meu interior

Atual ou anterior

No balanço do mar, na base

Da areia baila a âncora 


Eu era o que me falavam

E fui o que me faltou

Agora é outra fase

Serei fúria, flor

Fantasma, flâmula

Vou ser o que for.