Sou outro, outonal
Temporada de choque
Temporal perto do final
Planta podada, feita
Pra crescer original
Folhas secas
Escassez é estoque
Belas quedas
Uma apneia, um mergulho
Para que se afoguem
O ego e o orgulho
São tempos grogues
De perdas e pedras
Estrada do sonho
Presente sem embrulho
É o fim do outono
É a palavra que pinta
E larga o dono
É a imagem irrestrita
Ao delírio do abandono
Não são os mesmos dias
Selvagens e tontos
Como se não se domassem
Há tantos tombos e tomos
Bilhetes de viagem de psicodelia
Mais valiosos e tristonhos
Do que os de loteria
Um mantra, um slogan
Que os pensamentos passem
Sem que eu me envolva
Sangrando com classe
Na minha canoa
Na minha nave
Na minha pessoa
Na minha graça nova
Singrando os céticos mares
Os sonhos são indóceis
Indícios de que não é doce
A alucinação com nome de realidade
Quem tem raízes é árvore.