terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Seu Pedro

Eu nem olhei tanto
para os meus cabelos
cortados e pretos e brancos
deixei-os crescer por quatro meses e meio

Seu Pedro é vascaíno
é barbeiro e nordestino
Ele é um artista
que trabalha com carinho
igual a uma criança distraída e talentosa
veio para Santa Rosa
na Duque Estrada com a Doutor Sardinha
há mais de cinquenta anos o meu vizinho.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Todos os animais

O ano começa
depois das cinzas
e da ressaca da festa
que ecoa ainda
como um sonho interrompido
eu tento ter de novo tanto cansaço
para cair feito líquido
apesar de ser um pássaro
mas eu sou muito mais
do que uma ave:
sou todos os animais
selvagens e suaves.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Enquanto a realidade não volta

Eu vou ficar quieto
Deixando que os meus olhos
Sejam mais histéricos
Do que uma porta

Eu vou falar sempre
Que a poesia estiver embaçada, em foco
Olá, como vai? Entre
Enquanto a realidade não volta.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Desde que me deixem

Navego por mares
desconhecidos
por insights
discos e sítios
plurais e singulares
não é só soldado que faz sentido

Nado como se não fosse nada
movo as mãos e bato as pernas
para não perder o ar, a terra e o fogo na água
nem a intuição no meio da baderna
vou no fluxo desde que me deixem
eu não fujo de mim, sou mais um peixe.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Audiência cega

Se não passou na televisão
Que filtra informação
E dita aberta
É como se ninguém
Tivesse visto também
Audiência cega

Ao menos, há as redes sociais
Onde quase todos os perfis são reais
Assim como os brasis que não têm pecê
E conhece só um matiz dos fatos pela tevê
Mas as coisas estão mudando aos poucos
O poder deve seguir a vontade do povo.