sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Um bom brio

Um bom brio
Tipo peruca
Na antena
Para a captura
De sinais concatena
Um canal sadio e sutil
Sentindo o cinema
Como a expressão mais pura
Da vida entre vulgaridades e poemas
O dia seguinte é um filme que nunca se viu.








quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A biografia não é cauterizada

Entre o livro
De bagaceira
E o meu autor preterido
A biografia não é cauterizada

A esmo eu vivo
Mesmo na ribanceira
Do meu sucateado coletivo
Não se acaba a estrada.






terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Aquele trem

Os cinquenta anos em cinco
Da gestão de Juscelino
Agora estão sendo compensados
Com a inércia do setor rodoviário:
Que falta faz aquele trem
Do Oiapoque a fluir, via Belém. 





segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Do pseudomatemático comércio

Eu me projeto
E me protejo
Do pseudomatemático comércio
Com os meus versos
Reconheço que nem meço
O que conservo e converso
Nas bocas miúdas e moídas
Todavia é mais profundo do que uma propaganda
De margarina magnanimamente orgânica

Quero beber um negócio
Com baixo teor de ódio
Assim não arroto
Simpatia nos simpósios
Eu sei que posso
Antes de virar cinzas ou ossos
No berço sem saudade ou saída
Ser além de um candidato
A escravo de uma lógica de mercado.



sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O impecável arranjo dos dentes

Sempre fico com um pé atrás
Com quem faz
A mesmíssima cara
Para as fotos
A quem me acha
Simplista e paranoico:
Caem as máscaras,
Os protocolos,
Os queixos, as casas
E os anjos diariamente
Exceto este sintoma
De quem se adorna
Com o impecável arranjo dos dentes
Que roem a corda
Não há sorriso perfeito que sustente
Um completo idiota.



sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Ouvindo The Animals no meio da roça

Ouvindo The Animals
No meio da roça
Não há quem possa
Olvidar os animais
Como vocês e eu
Estou onde a sinuca
Significa diversão
O beijo do sim na nuca
Nunca será não
E ela deu.






quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Memórias do mergulho

É imperativo ficar louco
Senão piro no risco
De me supor outro
No lado arranhado do disco
Alheamento não é calma

As ondas, as conchas e as areias nos bolsos
Memórias do mergulho
Com uma bermuda que não era para o uso
E as camadas de sal e sol cruzam o osso
Roçando na alma.



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Vamos abrir os olhos

Escassez hídrica
Talvez seja mais cinismo
Do que eufemismo
A fim de mascarar a notícia

A massa não é tão acrítica
Quanto antigamente
Quem é que sempre mente
Investindo nas fantasias?

Vamos abrir os olhos:
Nos jornais de escusos negócios
O que acontece é ilusório
E a mentira vira fato

Para não ficarmos logo
Totalmente soterrados nos destroços:
A água vale mais que o petróleo
E a sede veio antes do carro.