terça-feira, 27 de maio de 2008

Estrelas no jardim

Na bondade de deixar de ser
O que me deixa assim
Sem vontade de querer
Botar logo um fim

Hei de descer
De onde eu vim
Para com o sol ascender
E acender os dias ruins

Necessito ceder
A fim de nascer enfim
Depois que chover
Estrelas no jardim

Poderei colher
Menos não do que sim
Dos santos, de você,
Do tempo e de mim.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Benesses

Enquanto domo o sono
Sei como o tempo me encara
Entre fantoche e dono
Da minha fortuna rara

No outono tudo parece
Um sonho tão remoto
Que me traz benesses
Até dos terremotos

As águas-de-coco
Jorrando das calçadas
Apagam das tochas o fogo
E das solas as pegadas

A divindade escreve
Com sacolejo próprio
Em temperatura de febre
Os cabíveis versos tortos.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Respostas repostas

Se as perguntas
Estão mais difíceis
Do que nunca
Pintarão os revides

Pois nada disso é causa
Para desatino e pressa
Sem destino autêntico

Se as respostas
Andam demovidas
Serão repostas
Ainda nesta vida

Apenas o fito na calma
Onde o infinito se manifesta
Dará o grito a contento.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Em nós o reconhecimento

A lua é nova
No mole firmamento
Sem nenhuma folga
Saturno está sempre atento

O mar é grande
E fatal feito o tempo
Sem nenhuma chance
Netuno só parece sereno

A vida é nossa
Sobretudo no pensamento
Sem nenhuma hora
Mercúrio não é mais lento

O amor expande
Em nós o reconhecimento
De um senhor romance
E envelhece o esquecimento.

sábado, 3 de maio de 2008

Um retiro no escuro

Um retiro no escuro
Um fluxo às cegas
No tato, no susto
Um salto na selva

Um novo tiro
Para as nuvens
Claras no abismo
De grilos inúteis

Entre o nulo verbo
Da língua telepática
E o profético verso
Ainda na fábrica

Um pródigo norte
Aos pés sábios
Através de um forte
Sabor de sábado.