sexta-feira, 24 de março de 2023

Vamos correr

 


Vamos correr para as montanhas

Onde nossas entranhas

Não sejam estradas submissas

Para os mares que sobem e avançam

Dia após dia


Vamos correr da dicotomia

Obsoleta entre o comunismo

E o capitalismo

Agora a treta é do Mercado

Contra o Estado


Vamos correr para as estranhas

Maneiras das nossas almas

Onde os nomes encantam e acalmam

Pela musicalidade

Vamos correr, humanidade


E quem disser que teve auxílio

Do Mercado deve correr ao hospício

Se não for um empresário, podre

De rico ou um reacionário pobre.

quinta-feira, 23 de março de 2023

Eu enxergo mais para dentro quando uso as antenas




Antolhos, atalho
Entulhos, atoleiro
É tudo tão doméstico
Até o mistério

Um dia nublado
Não dubla o berro nem arrefece
A cuca quando é verão

De volta aos trabalhos 
Não se debelam os segredos
Pregados na porta, histéricos 
Picolé é tiroteio certo

Depois da pimenta no lábio
Na digestão do arrebol que derrete
As cortinas abolindo a visão

Entre retalhos, talhos
E telhados inteiros
Retenho o céu debaixo do teto
Ah, é tudo tão poético

Que por raciocínio indecifrável 
Dislexia ou stress
Pode ter outra interpretação.

segunda-feira, 6 de março de 2023

Você pode

 



Você pode seguir a novela

Apenas pelas chamadas

Você consegue uma boa ideia 

Mesmo sem concretizá-la


Você pode estar contente 

E a felicidade, em falta 

Você pode fingir ser coerente 

Mas berimbau não é gaita


Você pode sonhar

Enquanto não pressente 

Você é capaz de voar

Sem que bata as asas


Você pode estar no exílio

No seu próprio domicílio 

Você pode viajar

Sem sair do lugar


Você pode ser pobre

E possuir muita grana

É possível haver fome

Mesmo após a janta 


Você pode estar no atraso 

Porém tem hora pra tudo 

Você pode nadar no raso 

E parecer profundo.