quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

O presente


A arte do vaticínio

É muito difícil 

Sobretudo 

Sobre o futuro


Jamais vou ser 

Mais do que sou 

Tampouco desejarei 

Não aprendi a viver


Todos os dias aprendo

Desconheço tudo, meu amor

Apenas sei ir vivendo

Se o que faço


É engraçado 

Não preciso 

Ser engraçado 

Para fazer isso


Nenhum agrado

É um mal em si mesmo

Mas certas coisas capazes 

De tecer enlevos


Trazem consigo mais males 

Do que prazeres

Embora tente o resgate 

Daqueles tempos inocentes


O passado está em fuga

Com os deleites

Em direção a uma rua

Inacessível e escura


O que espero está ausente

Se não foi, não apareceu 

Porém é meu o presente

O presente é meu.



segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Tente perceber

 

Tente perceber
Basta ver
Tudo está
E brota aí dentro

De si mesmo
Em cada momento
Além de você
E dos seus meios

Ninguém mais
Ignoro outro alguém
Quiçá nem o tempo
Seja capaz de fazer

Você mudar para melhor
Sem medo nem desespero
Espere a volta do anzol
Apesar do tempo feio

Raia sempre e sem pressa o sol
Ainda que não possa vê-lo
Aguarde a revolução naquele setor
A ingratidão é presa da infelicidade

Os que flatulam e arrotam razão
Costumam ser os menos razoáveis
Antes da compreensão
É fundamental sentir a ideia

A falta de reconhecimento
É da tristeza, faz parte dela
A impressão é que nada tem senso
Trata-se de um erro.


sábado, 24 de fevereiro de 2024

Se você não é audaz

 

Se você não é audaz

A vida se contrai

Com a vontade grande

O que se vê vem e se expande


O meu gesto ou ajuste

É em relação a mim, 

Não ao mundo injusto, rude

Em putrefação, rumo ao fim


A vida na maior parte

É composta de sonhos

É legal ligá-los à ação

As portas se abrem


As coisas brilhantes, as artes

Não são vistas como são

Mas diante do que somos

Visitas do sim, talvez do não


Escrever é uma real necessidade

Ressignifica o escravizado silêncio

O mar precisa das tempestades

E nós, de conhecimento.



terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Busca na luz da bruma



 Busca na luz da bruma

Contra a trama daninha

A ilusão já se transmuta

E sem drama transmite a notícia 


A lágrima que desce

E sai da mumunha

Dessa vez é alegre

E dança a sua melhor música


Traduzir o estoque volátil em versos

Desde a hora do primeiro rock até hoje

Na trajetória táctil do projeto

Nasce, tropeça, rasteja, sobe e foge


Meu bem, positividade 

Não deixa tudo bem 

E na festa, como de praxe,

Não se sabe quem é quem 


Face ao risonho risco

Parece insanidade 

Porém é sonho, heroísmo 

Ou pura santidade


Colocar poesia 

Assobiar no vazio

O coração é uma bateria 

Um aviso sutil. 

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Transmissão

 

A revolução não será televisionada 

Pela Vênus platinada

A transformação é interna

E pelo menos por inteiro


A esperança voa com pedras

A mudança perdoa de tão velha 

Há pessoas paupérrimas 

Que só possuem dinheiro


E há quem conte moedas

Contando sempre com amizade

Ou com burrice nesta idade 

As edificações do bairro onde cresci


Estão menores e quietas

Ninguém é mais o mesmo 

Eu sou estrangeiro aqui

Na casa no meio da estrada


Nos arredores, nos arremessos

Arretada, ampla e indiscreta 

A revolução não será desligada

Pelas ligas dos sacripantas e imbecis.