quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Tanto esperei que não me exporei

Tanto esperei
parir este momento
que não exporei
meus pensamentos
mais recônditos
não adianta: eu não conto.

A minha ansiedade
naturalmente continua
contudo mudou de cidade
e atravessou a rua

Tanto esperei
aparecer o meu trem
que não me exporei
para quem
eu desconheça
o que sei consta no vagão da minha cabeça.



segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Longe de mimimi

Os dias passam ligeiros
por aqui
mas não como desejo
longe de mimimi

Os habitantes andam de moto
sem capacetes
transportando crianças a tiracolo

Eu tenho viajado nos meus sonhos
por mais que soe lugar-comum
Sinto que estou pronto
mesmo que não haja projeto algum

Amanhã preciso comprar sabonete
e tirar fotos
de todos os lembretes.




sábado, 25 de janeiro de 2014

Quando eu viro Snoopy

Eu quero que você me desculpe
quando eu viro Snoopy
sem emitir palavras
mas é neste momento aparentemente rude
que a minha mente trabalha:
viajar faz bem à saúde.





sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Aquela ideia

Atirar-se pela janela
não é a melhor forma
de alçar voo:
antecipa-se o fim

A vida é tão bela
apesar de tantas normas
contrárias ao que sou
tim-tim por tim-tim

Não atuo como as personagens de novela:
são pessoas expostas
num esquizofrênico zoo
comendo dinheiro e capim

E quando pinta aquela
ideia de sair pela porta:
ninguém sabe aonde vou
além de mim.




Os muros e as pontes

Eu adoro álbuns
de fotografias
e de fonogramas:
são coisas que tocam

Os muros do meu quarto
provisório
vão abaixo
assim que eu chapo e me olho

As pontes se levantam
e não são atravessadas
na garganta
como espinhas de peixe

Mas pelos meus pés
que levam asas
que me elevam através
do tempo que nunca se atrasa.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Notícia semifictícia

Intenso frio
No nordeste
Dos estados zunidos.


domingo, 19 de janeiro de 2014

Na pilha de suportar a distância

Saio do impessoal quarto de hotel
Não há prédios, apenas o céu
O vento é tão incessante quanto o sol
E a cidade tem casas modestas
O som do forró
É da gota serena
Cadeiras nas calçadas em festa
O sotaque local não me espanta
Menos jegues do que motocicletas
Uniformes laranjas
Força eólica, bucólica e da cabeça
Na pilha de suportar a distância
De quem me espera
Enquanto bebo café
Para o tempo passar depressa
E chegar ao que mais se quer:
Seus beijos, abraços e as férias
Daquele que trabalha em Guamaré.





sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Repertório do coração

É uma felicidade utópica e intrínseca
é um sonho que vira saudade
e vice-versa
é uma chuva que inunda a cidade
ao mesmo tempo que seca
é um sol que traz a claridade
enquanto cega
quem quer fazer do astro-rei uma lua
tão cheia de discursos e leis quanto absurda
vamos dançar tim maia na rua
e o repertório do coração - e dos pés - impera e insinua...





terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Os pensamentos positivos

Surtaram o pessimismo,
saltaram sobre o abismo,
assustaram o conformismo,
assistiram a cada quadro do filme,
surtiram um efeito sublime
e surgiram ampliando os limites
físicos e psíquicos
os pensamentos positivos.

O olhar se mantém firme
apesar do horizonte movediço.





domingo, 12 de janeiro de 2014

Eis a fragrância

Eis a fragrância
de quem dança
no exato instante
do flagrante
da nata da fragata
do pavio pirata


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Nuvens e sonhos

A ficha só deve cair
Quando a aeronave subir
Esculpindo nuvens e sonhos por aí.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Poesia crônica

Os transeuntes
carregam um semblante
de que não estão nas nuvens
sob este sol escaldante

Quanto mais gaiola
nos múltiplos condomínios
mais esgoto transborda
nas ruas do município

A chapa está tão quente que na prefeitura
até já houve incêndio
enquanto segue a secura
do povo, entre a coragem do grito e o coagido silêncio.




segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

As férias voltarão às jaulas

Em breve
As férias voltarão
Às jaulas
Nordestinas

De uma forma leve
Elas ficarão
Domesticadas
Pela rotina


Paradoxal paladar

Soy una persona
Amarradona
Em azeite
- Extravertigem -
Mas em mim não há quem aceite
Azeitona
Nem acetona
Averiguem.


sábado, 4 de janeiro de 2014

Meus amigos

Meus amigos
Não são vários
Inclusive eu nem ligo
Se não me ligam no meu aniversário

Meus amigos reais
Não são todos aqueles
Contabilizados nas redes sociais
Já basta eu saber quem são eles

Meus amigos
Nem são tantos
No entanto estão sempre comigo

No meu coração
Como se fossem anjos
E são!




sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Um dos desejos


Após quase um dia inteiro
Sem energia elétrica
Começo janeiro
Com muita luz
E o coração aceso
Para o novo ano
Um dos desejos
Já foi realizado.