quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Ainda que numa quinta e na esquina

Ainda que numa quinta
Na antevéspera da dramaturgia
Social e natalina
Gostaria de ouvir novamente
As segundas contentes
Seguras e inconsequentes

Ainda que na esquina
Da avenida com a rodovia
Federal para a Bahia
Já estou dissolvido
Neste limpo combustível
Da pilha de passar o ano novo vivo.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Rio por dentro

Quando parece que está quase
No final
E aparece uma frase
De humor tão fino
Que perece por ser de praxe
Rio por dentro

E eu vou morando em mais de uma casa
Sob o mesmo ritual
Mas com as mancadas menos crassas
Assim não me entusiasmo nem me irrito
Tanto a ponto de deixar cansada
A alma que me acalma com o tempo.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Contínuo presente

No solo são
Lançadas as sementes
Para a solução
Uma saída diferente
Mesmo na escuridão
Ela sempre esteve à minha frente

Para o sol
Nascendo diariamente
Estou, sendo, sou
Contínuo presente
Aonde vou
Eu me levo em coração e mente

Embora pareça
Que eu perdi os óculos
Não vejo isso como perda
Mas com novos olhos.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Coisas da idade

Mais do que saudade
Nutro uma curiosidade
Sobre o meu passado
Quando a responsabilidade
Era apenas ser aprovado
Para aproveitar as férias
De três meses, ou seja, eternas
Para quem a vida era uma festa
Agora sou movido pela ansiedade
E pela insatisfação
Penso que são coisas da idade
Ou da minha revolução
Que não precisa ser da sociedade
Nem da televisão

Mais do que nostalgia
Tenho ânsia da alegria
Da minha infância
Jogando bola descalço
Na quadra da vizinhança
E nas ruas do bairro proletário
O futebol só se interrompia
Quando passava algum carro
Fato raro, friso, salvo
Os churrascos feitos pelo meu pai
Regados a caipirinha e Mineirinho
Que meu avô tinha em engradados
E os papos na calçada com os vizinhos
Quando o sol ficava alaranjado?

As lágrimas são tão polidas
Que fazem abrigo das palavras
Pra não afogarem a poesia
Que nada, que nada, que nada...

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Uma paz

A poeira do asfalto
E a buzina dos carros
Não são mais visitas indesejadas
Na minha nova casa
No final da Doutor Sardinha

Apesar do policiamento
Dos olhos das vidraças
Estou curtindo o apartamento
E as cervejas baratas
Das biroscas vizinhas

No Alto Santa Rosa
Cercado de arquiteturas
Antigas e de agora
Observo porcos na rua
E uma paz que há tempos não tinha.