sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Novidades colorizadas

 


Um lento

Esquecimento

O que invento e cismo

São traumas, lamentos e memórias


Um alento

De qualquer momento

Na torre ou no abismo 

É onde a alma escorre e mora


Novidades colorizadas

O perfeccionismo

É uma imperfeição, no íntimo

A verdade está na cara


São diversos

Poemas com plumas

Planando em versos

De pouca mensagem ou nenhuma


São relatórios discretos

São reportagens do baile 

De casa, do escritório, da rua

Há quem saiba, há quem fale


Parado relógio

Fantástico de precisão curta

Quase sempre ilógico

É poesia, quem diria?


Muito certo uma ou duas

Vezes por dia

Um minuto dura

Perto de um intuito, passa logo.







terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Tem tanta coisa

 



Tem tanta coisa

Para me distrair

Para me deixar tonta

E atenta a cabeça


São distrações boas

Da peçonha ao elixir 

Já chegou a conta

Tá sobre a mesa


Os sonhos ecoam

Numa praia daqui

Em prol daquela onda

Que só me proteja


Do sol de verão a sombra 

Na sobra do porvir 

Questão de escolha

Bolha da consciência


O pudor contra

O poder de destruir

Toda uma pessoa

Na destreza da peça


Pendente para a força 

Pender para o sim

Por mais que doa

Por mais que desça


Irradiado pela sonda

Recordei-me de mim

E do que me ressoa

Ao redor e na réstia


Tem tanta coisa

Pra me fazer feliz

Que as mágoas foram 

Da cela à festa.










terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Ventos e naus

 



Batem ventos e naus

Em pontes puídas

Trinta e sete graus

Nas piscinas poluídas


Bailam olhos e chaves

Em portas partidas

Zarpam nuvens e naves

Dos portos perdidos


Tropeçam nos ares

Tortas partidas

Represam os mares

Perdões repetidos


Na dúvida, o charme

Padrões despidos

Velhas charadas

Na leveza do caos


Leis caladas

Choros pedidos

Ouros, espadas

Copas e paus


Petardos e cartas

Um estalo, um alarme

Para saber que tem alma

Para sentir na carne.





quinta-feira, 17 de novembro de 2022

A gente pensa que finge

 




Entre o que se erige

E o que se erode

São sustentáculos

São tentáculos

Quando o tempo cinge

Um instante, um corte

No ego são ecos

De séculos

Cegos por esfinges

Asseclas de Herodes

São ridículos

São um risco 

Quando a vida exige

Uma saída, um norte 

São colapsos

Lapsos de um rapto

A gente pensa que finge

Ser inteligente e forte

São pináculos

São pitacos

Viva Santa Edwiges 

Viva São Jorge

Viva São João

Viva São Sebastião

Um dia se decide

Entre o vídeo e a morte

Live e escuridão

Postagem e coração.









terça-feira, 8 de novembro de 2022

A respeito do efeito do caos

 



Abrindo uns parentes

Fechando ásperas

Cabem umas vítimas

Desafio

Deus a fio

Joguetes

Foguetes

Na hora de colocar

Um ponto, afinal

Aonde vai

O pêndulo

Quando se distrai

O pensamento?

O tempo passa voando 

E não é mais quando 

Sabia de cor

A canção seguinte

Do disco favorito

Ou um pedaço de poesia pura

Para a prova de Literatura 

De fato admito

Que o entretenimento

É uma boa proteção

Uma das melhores marquises 

Contra as tempestades morais

Amparado pelo rock do Barão

Vermelho como os versos violentos 

De Vinícius de Moraes

Eu sigo sobrevivendo

No padrão, na contramão

Atores e atrizes

Nas coxias ou no proscênio 

Vamos nas diretrizes

De anos mais felizes

E sensacionais 

Com menos crises

Existenciais 

A hora da emissão

Da nota fiscal

Ou do próprio poema

A respeito do efeito do caos

Nas pessoas que pensam

A despeito e pelo coração

É uma convenção

É uma polêmica.


quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Uma cilada nada singela

 



Na disputa da grana

Na luta com granada

Na labuta tacanha

Na fruta abocanhada


Faroeste de má categoria 

Em frente da casa

Bendita falta de pontaria 

Mas não se farta a máfia


É larga a família 

E armada a pátria 

Quem disse um dia

Que isso prestaria


Agora gargalha

E joga balas e balelas

À plateia alucinada

Por uma bíblia paralela


Uma cruzada

Uma cilada nada singela

Uma milícia 

Há tempos anunciada.





segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Os ossos dos fantasmas

 


No forno da cerâmica

No jogo de ser o ânimo

No piscar da lâmpada

No raspar da lâmina


Na mística quântica

Na faísca epifânica

Rasgam-se os panos

No inverno da chama


Atravesso a alma

Arrefeço o drama

Agradeço pela calma

Depois da tempestade


Salto do trauma

Saio da jaula

Ensaio a aula

Em prol da aprendizagem


Retiro os ossos dos fantasmas

Dentro do fosso do armário

Enquanto poucos se pasmam

Com o nosso noticiário


Não sei como desce a palavra

Mas me apetece o itinerário

Vindo maturada ou do nada

Na altura do vocabulário.












segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Quem me repara?

 



Será que para

E me olha?

Paranóia

Quem me repara?

Quem me conserta?

Será que agora

Alguém me acerta

E me leva à glória?

Perambulam

A bala, a bola

E a bela bula


Quem me aguarda

E me guarda a toda hora?

Quem me dirá?

Queimadura

Quem me dera

Quem me adora

Quem me deserta

Pode me aderir

Ao que durar

Será que na espera

Pinta a piora?






terça-feira, 4 de outubro de 2022

Perfumado desespero

 



Sem apelos

Para atrair

Atropelos

Para não seguir

Atrás de pêlo

Em corvo

Quem vai ouvir

O silêncio escroto?

Quem vai mofar

O pedido de socorro?

Embora no sofá 

Eu me locomovo

No mesmo lugar

O sol não pede desculpas 

Pela frieza no ar

Curto ficar na penumbra

Para me enxergar

Sempre, às vezes nunca

Mais telepáticos

Do que verborrágicos

Prorrogam e prosseguem

Os diálogos

Quando conseguem

Caminho com inimigos

Fantoches, mequetrefes 

Perfumado desespero

Acostamento de perigo

Enquanto explode

A tristeza sem exagero

Estrada de desvios 

Entre o chicote

E o terço de terno

Tradicional masoquismo

A escolha da morte

A escalada do império 

De medos e delírios 

Choque de desordem

No quintal do inferno

Em casa, no exílio

No aconchego que morde

Igual a um inseto

Com entrega a domicílio

Antes que a televisão mostre

O monstro ou o mistério.



 






quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Com o que houver

 


Se sou cover

Ou autoral

Se vai chover

Ou fazer sol

Agirei com o que houver 

Acho que não sei se sou

Poser ou low profile

Só sei que vou

Além da rede social 

Trezentos mil likes

Não trazem

Um gozo

Nem fazem

Um espírito solto

Um abraço apertado

O estudo é louco

E o estado, laico

Morrer sadio

É o maior desperdício

Se não for no orgasmo.







quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Querem que eu não pense

 






Querem que eu não pense

Peço perdão

Entretanto eu não

Posso fazer isso sempre


De tanto aviso

Eu já sei de cor

Que é pra ter juízo

E seguir o status quo


Talvez saia ileso

Com os freios, convenções 

Contenções e contrapesos

Não preferem, mas eu penso


E admito que não deveria 

Reclamar das minhas limitações 

Diante da alegria 

Dos atletas paralímpicos


Querem que eu não questione

Porém em qualquer dia

Alguém responde

E rompe o silêncio cínico.



















terça-feira, 30 de agosto de 2022

Dançando com as bestas

 Dançando com as bestas


Pensando que é uma festa


Este calvário que jaz


Na sexta geração


A fome posta à mesa


Festival de gastronomia e de jazz


 


Não tem filosofia que se meça


Ou que peça demissão


Caso não tenha comida para a cabeça


Não se faz revolução


O clima parece tão suave


Que o copo se parte


 


Tirar leite da perda


É tiro e queda


Tirolesa sem cinto


Sobre a festa


Com temática de abismo


Eu vou nessa


 


Estrada cujo destino


Meu coração atravessa


Sujo de poeira, poesia e perigo


Sem mais delongas


Nem alegres tristezas


Tudo vai e vem em ondas


 


Questão de frequência


A caminhada é longa


A chegada do viajante


Embora se esconda


Está mais perto do que antes


O caos se instala


 


Na casa, na nave redonda,


No meio da sala


O avião passa


Rente ao prédio


Ao passo que o vizinho põe as


Gaiolas no gancho do teto.

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

O que me faz rir

 


O que me faz rir

Não é a claque

Posso ter o baque 

Do tempo pela canção 

Que deixa menos vasta

Toda a devastação

O que dá vontade de aplaudir

Sem ironia

Uma necessária ira

Alguns vão reduzir

À mera heresia

Mais do que anteontem

Anti-ontem

No nadar da carruagem

Na chama e no chamado do horizonte 

Negação do saudosismo passado

Para chegar na outra margem 

Do rio com forte corrente

Na diagonal nado

Em vez de ir reto, em frente 

E direto ao outro lado 

O que me faz rir

Não é a humilhação

Dos humildes

Mas quem comete a opressão

Sentir o revide

Da comédia no ringue 

Através de um humor

Que critique o opressor

Não há elite

Que se livre

Do mais potente calibre.








quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Eu sou homem

 



Eu sou homem

Em vez de macho

Quem se esconde

Por debaixo

Da ponte

E por cima

Do murro

Enterro

Cada ser

É cadáver

Decerto 

Encerro

Em erros

Deserto

De acertos

Bacanas

Em cachos

Não sou banana

Tampouco macho

Eu sou homem

Sou quem emana

Sou mais do que um nome

Sou igual a quem ama

Sou quem acho.