sexta-feira, 28 de julho de 2023

O disco ou o olhar

 


O que dialogam
Os olhos
Atrás dos ósculos?
O que olham?

Uma bomba-relógio
Se não explodir agora
Na hora do break, será logo
Um dia estoura

Uma caixa preta
Que só vai expor
A faixa com a letra
Quando cair em si

Cada alma
Leva figurinos, jardins
De amarguras na jaula
Simetria sem cálculo

Subindo que nem vapor
Flutuando feito flauta
Caindo como óculos
Boiando igual a isopor

O que diz
O disco ou o olhar
Se não expandir?
O que quer falar?






quarta-feira, 12 de julho de 2023

Mesas e meses

 



Se a barra está pesada
Deixe estar
Se leva uma tonelada
Deixe de lado
Se pesa a barra

Se está no inferno
Continue a andar
Se estou possesso
Vou me possuir rápido
Se não tenho nada

Se estou perdido
Volto para mim já
Se me contradigo
Ao menos admito
Se o silêncio acaba

Se eu perambular
Permaneço comigo
Se eu assegurar
Com certeza, sei lá
Se quero que saiba

Quando eu era leve
E os dias, alegres
Eu não sabia
Que seriam só estes
Prazeres na praça

Nem sei quantas vezes
Eu já quis
Não estar aqui
Entre mesas e meses
Da mesma macarronada


quarta-feira, 5 de julho de 2023

Clichês

 




Eu não sou mais

O mesmo após 

As redes sociais 

Nenhum de nós 

É igual, aliás 


O quadro que se pendura

No imaginário da parede

Já tem moldura 

E comentários na rede

Modulam e ondulam


Eu voltei a ouvir

E revoltei para mim

A voltagem alta

A vontade peralta

A vantagem de permitir 


Sem permanecer

Permeando sentimentos 

Alicerces de anos e cimento

Epifânicos clichês

Alegres reconhecimentos 


Peças de teatro

Fora de cartaz 

Peças do acaso

Sonho incapaz

De pegar fracasso


Passos em falso

Cortes tão corteses

Que tropeços são saltos

Pessoas, deuses

Promoções, estragos


O destino não é atroz

Os dias ficam para trás 

Vamos ficar em paz

Agora, depois

Ou só outra vez


Sem engasgos com o gás 

Eu sou meu único algoz

Cadência veloz

Velórios e carnavais

São vexatórios clichês.