terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Tudo é tão sólido

Tudo é tão sólido
Quanto o vento
Que bate nos meus olhos
Viajo atento
Ao sopro que me seca
As lágrimas
E que me cerca
De vida rara
E maciça igual ao que venta
Na minha cara
Tudo é tão firme
Quanto o script
De improvisos neste filme
Que se exibe
Na tela, na janela
Em cartaz
Que não pode estar mais
Por aí no dia seguinte.



sábado, 17 de dezembro de 2016

Numa nau

Quase todas
As minhas memórias
Têm cabimento
Numa caixa organizadora
Sua largura e seu comprimento
Às vezes superam o que lembro
E comportam o caos
Dos primeiros degraus
Do meu corpespírito numa nau
O contêiner
Nem sempre tem
O tamanho
Do meu cérebro de antanho
Tampouco a dimensão
Do meu coração na ocasião
E leva a carga pesada
E leve da caixa
Ao longo da estrada
De terra, de asfalto
De ar e de mar alto
Sem origem nem destino
São tantos registros
Em discos
Auditivos
E visuais
Que eu me sinto
Dentro dos arquivos
Tão afetivos
Quanto digitais
São muitos momentos
Que os jornais sequer sabem
Um jeito de resgate
Uma luta contra o esquecimento
Em busca da própria identidade
Naquelas mídias
Antigas e futuramente bem-vindas
Da minha vida.

sábado, 3 de dezembro de 2016

Tudo é mistério


Tudo é mistério
Até os tombos
Dos esotéricos
E do eleitor
De preferências
Hediondas
Nada é real
Até o sonho
Virar o canal
Do seletor
De frequências:
Que onda!