Doses torrenciais
De vinho e chuva
De solidão e verão
Em tardes demais
Ditos de passagem
Por cima, em suma
Num suco da estação
Pra que pouco se estrague
Danos lucrativos
A esta altura
Do campeonato sem campeão
Nem vencidos.
Compilação randomicamente ordenada dos versos meus ou de Tchellonious ou de Tchello Melo ou de Marciano Macieira ou de algum lugar.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Calculado via intuição
Enfrento com otimismo
Calculado via intuição
Os dias à beira do abismo
Do ano que acaba não
Nem com um atentado
Falo comigo próprio
Em tom perigosamente sério
Para me manter sóbrio
E a par de poucos mistérios
Que já estão dissecados
Mas eu não me acabrunho
Há ao redor resíduos
De tédio desde o primitivo junho
Quando era filme em vez de vídeo
Sob um funcional teatro.
Calculado via intuição
Os dias à beira do abismo
Do ano que acaba não
Nem com um atentado
Falo comigo próprio
Em tom perigosamente sério
Para me manter sóbrio
E a par de poucos mistérios
Que já estão dissecados
Mas eu não me acabrunho
Há ao redor resíduos
De tédio desde o primitivo junho
Quando era filme em vez de vídeo
Sob um funcional teatro.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
Ciente
Ciente de que a minha rota
Não será sempre reta
Não posso deixá-la rota
Pros ratos fazerem festa
Mormente com as migalhas
Ciente de que o meu risco
É indício de vida
Vou descobrindo ritos
Como quem duvida
Afinal, certeza demais falha.
Não será sempre reta
Não posso deixá-la rota
Pros ratos fazerem festa
Mormente com as migalhas
Ciente de que o meu risco
É indício de vida
Vou descobrindo ritos
Como quem duvida
Afinal, certeza demais falha.
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Feito humor
Recuperando meu lado telúrico
Eu me sinto menor
Ficando de novo lúcido
Faminto, louco e melhor
Saboreando o cheiro de estrume
Eu caminho sem pânico
Seguindo o vaga-lume
Não nado de costas no pântano
Precisando parar de roer os dentes
Enquanto movo feito humor os olhos
Eu sonho com um mundo diferente
Sem asco, sacos plásticos e ódio.
Eu me sinto menor
Ficando de novo lúcido
Faminto, louco e melhor
Saboreando o cheiro de estrume
Eu caminho sem pânico
Seguindo o vaga-lume
Não nado de costas no pântano
Precisando parar de roer os dentes
Enquanto movo feito humor os olhos
Eu sonho com um mundo diferente
Sem asco, sacos plásticos e ódio.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
E eu nem pedi pra jogar
Já perdi a conta
Da coleção de projetos
Que eu engaveto
Já perdi a pompa
E qualquer circunstância
Encenar me cansa
Já perdi tanta coisa
Que não mais me causa
Remorso ou trauma
Já perdi pra raposa
E eu nem pedi pra jogar
Só me resta o ar.
Da coleção de projetos
Que eu engaveto
Já perdi a pompa
E qualquer circunstância
Encenar me cansa
Já perdi tanta coisa
Que não mais me causa
Remorso ou trauma
Já perdi pra raposa
E eu nem pedi pra jogar
Só me resta o ar.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Um pouco longe de agora
Eu necessito perder
Para ganhar a sobra
Tenho que não ter
Pra receber algo em troca
Eu sei que não vai ser
Exatamente nesta hora
É bem capaz de acontecer
Um pouco longe de agora
E nem posso me entristecer
Tampouco jogar tudo fora
Como se eu não fosse você
Neste espelho que nos devora.
Para ganhar a sobra
Tenho que não ter
Pra receber algo em troca
Eu sei que não vai ser
Exatamente nesta hora
É bem capaz de acontecer
Um pouco longe de agora
E nem posso me entristecer
Tampouco jogar tudo fora
Como se eu não fosse você
Neste espelho que nos devora.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Do meu novo lugar
Eu quero me alegrar
De forma fácil
Sem precisar alegar
Qualquer cansaço
Não tenho que alugar
Todo o meu tempo
No escopo de me alagar
Em comoventes exemplos
Eu vou me ligar
A fim de matar a saudade
Do meu novo lugar
Sem ermas viagens.
De forma fácil
Sem precisar alegar
Qualquer cansaço
Não tenho que alugar
Todo o meu tempo
No escopo de me alagar
Em comoventes exemplos
Eu vou me ligar
A fim de matar a saudade
Do meu novo lugar
Sem ermas viagens.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Mais do que um merda
Eu não queria
Que todos fossem
Doidos como eu seria
Enquanto falso
Eu tenho sonhos
Guardo moedas
E me proponho
A ser mais do que um merda
Seriamente, luto
Contra o conforto
De ser um puto
Eu me confronto!
Que todos fossem
Doidos como eu seria
Enquanto falso
Eu tenho sonhos
Guardo moedas
E me proponho
A ser mais do que um merda
Seriamente, luto
Contra o conforto
De ser um puto
Eu me confronto!
terça-feira, 24 de novembro de 2009
A luz no fim de tudo
A rotina é tão opressora
E absorvente
Que me faz lembrar às pessoas
Que somos gente
A vida não se reduz
Ao palco do trabalho
Ninguém pode ver a luz
No fim de tudo em atrasos
O cotidiano é tão sinistro
E estranho
Que, quando vejo os meus amigos,
Abraço, beijo e danço.
E absorvente
Que me faz lembrar às pessoas
Que somos gente
A vida não se reduz
Ao palco do trabalho
Ninguém pode ver a luz
No fim de tudo em atrasos
O cotidiano é tão sinistro
E estranho
Que, quando vejo os meus amigos,
Abraço, beijo e danço.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Já e por enquanto
Estou satisfeito
Sigo contrariado
Com o saco cheio
Ando afável
Tapa nas costas
Esqueço meu nome
Pra facada próxima
Cerco meu onde
Eu sonho tanto
Que nada cometo
Já e por enquanto
É o começo.
Sigo contrariado
Com o saco cheio
Ando afável
Tapa nas costas
Esqueço meu nome
Pra facada próxima
Cerco meu onde
Eu sonho tanto
Que nada cometo
Já e por enquanto
É o começo.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Donativos de claridade
Do grampo telefônico
Ao do cabelo camaleônico
Sei que sou humanitário
Humano e etário
Mais chique é ser perdulário
Ou mesquinho, árido
Do campo de concentração
Ao zelo da descontração
Eu só aceito caridade
Em donativos de claridade
Mas isso vem com a idade
Ou feito tempestade.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Um som de sonho
Uma imagem invisível
Um cheiro de fulgor
Um sabor difícil
Para quem se afogou
Apesar do sal
Um roteiro indômito
Um toque de mar
Um som de sonho
Para quem saiu do ar
Devido ao comercial.
Um cheiro de fulgor
Um sabor difícil
Para quem se afogou
Apesar do sal
Um roteiro indômito
Um toque de mar
Um som de sonho
Para quem saiu do ar
Devido ao comercial.
sábado, 31 de outubro de 2009
Tudo passa
Tudo passa
A sobra, o riso
A cova rasa
O vasto risco
Que afasto a tapas
Entre carnes de borracha e mocotós
Menos colombo do que imbasa
E passatempos e tombos sós
O que se passa
Para nas paredes
Da minha casa
Sozinha sede.
A sobra, o riso
A cova rasa
O vasto risco
Que afasto a tapas
Entre carnes de borracha e mocotós
Menos colombo do que imbasa
E passatempos e tombos sós
O que se passa
Para nas paredes
Da minha casa
Sozinha sede.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Agora há mais
Não quero me ludibriar
Com essas promessas
Como se não caísse jamais
Nas minhas conversas
Agora há mais números
Do que seres humanos
Agora há mais muros
Câmeras e novas morais cercando
A parada é viver a vida
Porém não como no Leblon
E respirar amizades coloridas
É luz solar em vez de neon.
Com essas promessas
Como se não caísse jamais
Nas minhas conversas
Agora há mais números
Do que seres humanos
Agora há mais muros
Câmeras e novas morais cercando
A parada é viver a vida
Porém não como no Leblon
E respirar amizades coloridas
É luz solar em vez de neon.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Nos móveis do meu lar
Chorei ao ouvir Lennon
Um flashback
Para quando era mais ingênuo
E menos moleque
Quero voltar a viajar
Nas coisas simples
Nos móveis do meu lar
As lições não eram tão difíceis
Preciso pensar no asco
Autêntico pelo paraíso
Prático, higiênico, plástico
E fácil para o sorriso
Resolvendo os problemas
Do meu mundo e mundanos
Vou para a paz do cinema
Se é que não me engano.
Um flashback
Para quando era mais ingênuo
E menos moleque
Quero voltar a viajar
Nas coisas simples
Nos móveis do meu lar
As lições não eram tão difíceis
Preciso pensar no asco
Autêntico pelo paraíso
Prático, higiênico, plástico
E fácil para o sorriso
Resolvendo os problemas
Do meu mundo e mundanos
Vou para a paz do cinema
Se é que não me engano.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Muito mais do que eu pra mim
Vendo livros
Lendo filmes
Pra ver se me livro
Do que me deprime
Com desconhecidos
Muito mais do que eu pra mim
Visto músicas
Visito quadros
Pra pintar uma fuga
Pra qualquer lado
Mudo de figura
E ainda faço parte do gado.
Lendo filmes
Pra ver se me livro
Do que me deprime
Com desconhecidos
Muito mais do que eu pra mim
Visto músicas
Visito quadros
Pra pintar uma fuga
Pra qualquer lado
Mudo de figura
E ainda faço parte do gado.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Como se fosse tão fácil assim
Eu financio os meus suicídios
Dou de ombros
E empresto os ouvidos
Aos meus sonhos
Duvidosos e divididos
Entre o edifício e os escombros
Eu planejo os meus sequestros
Banco a farsa e o refém
Busco sempre o que detesto
Nos dejetos da infâmia e do desdém
Do entusiasmo ao tédio
Sou todos e ninguém
Eu apoio os meus boicotes
Mobilizo multidões contra mim
Agiotas em prol do meu calote
Como se fosse tão fácil assim
E discuto a minha relação com a morte
Tentando dissuadi-la do meu fim.
Dou de ombros
E empresto os ouvidos
Aos meus sonhos
Duvidosos e divididos
Entre o edifício e os escombros
Eu planejo os meus sequestros
Banco a farsa e o refém
Busco sempre o que detesto
Nos dejetos da infâmia e do desdém
Do entusiasmo ao tédio
Sou todos e ninguém
Eu apoio os meus boicotes
Mobilizo multidões contra mim
Agiotas em prol do meu calote
Como se fosse tão fácil assim
E discuto a minha relação com a morte
Tentando dissuadi-la do meu fim.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Vontades empanadas
Eu me divirto com nada
Com todo este fastio
Das vontades empanadas
Pelos conselhos frios
Das pessoas de cima
Eu exijo muito pouco
Perto da minha grandeza
De anódino e bucólico
Poeta da natureza
Das ideias, das rimas
Não ensaio o bastante
Para entrar na dança
Das coleiras e barbantes
Só assimilo a mudança
De estilos e do clima.
Com todo este fastio
Das vontades empanadas
Pelos conselhos frios
Das pessoas de cima
Eu exijo muito pouco
Perto da minha grandeza
De anódino e bucólico
Poeta da natureza
Das ideias, das rimas
Não ensaio o bastante
Para entrar na dança
Das coleiras e barbantes
Só assimilo a mudança
De estilos e do clima.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Tudo e até
Tudo é necessário,
Até o supérfluo
Carro caro
O caos do século
Tudo é descartável
Até o capital
São outros centavos
Eterno carnaval.
Até o supérfluo
Carro caro
O caos do século
Tudo é descartável
Até o capital
São outros centavos
Eterno carnaval.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
O sorriso, a seiva e o verniz
Achando que estava feliz
A realidade me invade e me dissolve
O sorriso, a seiva e o verniz
Rabisco o sol enquanto chove
Mesmo na primavera, está tudo gris
E esta ressaca não acaba nem com engov
Estava convicto de que tinha alegria
Até a infelicidade bater na minha porta
E tocar direto a campainha
Agora eu rezo para que não haja volta
Da melancolia que vicia
Preciso de vida, ainda que remota.
A realidade me invade e me dissolve
O sorriso, a seiva e o verniz
Rabisco o sol enquanto chove
Mesmo na primavera, está tudo gris
E esta ressaca não acaba nem com engov
Estava convicto de que tinha alegria
Até a infelicidade bater na minha porta
E tocar direto a campainha
Agora eu rezo para que não haja volta
Da melancolia que vicia
Preciso de vida, ainda que remota.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
De tanto
De tanto botar o dedo na tomada
Tomo o choque
Para ter a tomada
De consistência a reboque
De tanto brincar com o fogo
Suo na cama
Com medo de quem me afogo
Navego em terra plana
De tanto cutucar a onça
Com a cara dura
Crio coragem e vergonha
Para reconhecer a altura
De tanto voar com os morcegos
Não quero mais dormir virado
Como os voluntários cegos
Têm raízes até os desarvorados.
Tomo o choque
Para ter a tomada
De consistência a reboque
De tanto brincar com o fogo
Suo na cama
Com medo de quem me afogo
Navego em terra plana
De tanto cutucar a onça
Com a cara dura
Crio coragem e vergonha
Para reconhecer a altura
De tanto voar com os morcegos
Não quero mais dormir virado
Como os voluntários cegos
Têm raízes até os desarvorados.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Andando adiante
Quando me espio
No espelho de espanto
Eu percebo o corpo esguio
Dos versos em reflexos do canto
Que gostaria de ter escrito
Mas eu ainda tenho ânimo
Andando adiante, eu me resigno
E me ressignifico em câmbios
Sei que é preciso roer o osso
E ter cuidado com os dentes
E ter dinheiro e chave no bolso
E ter, ter, ter, a não ser que tente.
No espelho de espanto
Eu percebo o corpo esguio
Dos versos em reflexos do canto
Que gostaria de ter escrito
Mas eu ainda tenho ânimo
Andando adiante, eu me resigno
E me ressignifico em câmbios
Sei que é preciso roer o osso
E ter cuidado com os dentes
E ter dinheiro e chave no bolso
E ter, ter, ter, a não ser que tente.
O ponto de equilíbrio
Sem estardalhaço
Só em compromisso
Com o facundo silêncio
Reúno os estilhaços
Parece difícil
Fazer o que penso
Pensar no que faço
Pra dizer o que sinto
Apago o incêndio
De um sinistro abraço
Na saída do labirinto
Acendo um incenso
Para quem tem buscado
O ponto de equilíbrio
Agradeça pelo bom senso
Tudo ficará mais fácil
Com a coleta do lixo
E de outros excrementos.
Só em compromisso
Com o facundo silêncio
Reúno os estilhaços
Parece difícil
Fazer o que penso
Pensar no que faço
Pra dizer o que sinto
Apago o incêndio
De um sinistro abraço
Na saída do labirinto
Acendo um incenso
Para quem tem buscado
O ponto de equilíbrio
Agradeça pelo bom senso
Tudo ficará mais fácil
Com a coleta do lixo
E de outros excrementos.
domingo, 20 de setembro de 2009
Esperando pelo sol
Esperando pelo sol
Passeio no abismo da noite
Atrás de qualquer farol
Fonte, porto ou ponte
Amanhã já é primavera
Enquanto caio feito outono
O sol está à minha espera
E eu sei quando estiver pronto.
Passeio no abismo da noite
Atrás de qualquer farol
Fonte, porto ou ponte
Amanhã já é primavera
Enquanto caio feito outono
O sol está à minha espera
E eu sei quando estiver pronto.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
O tempo líquido
O que me acontecer
De bom ou de ruim
Fatalmente vai ser
O melhor pra mim
Um dia qualquer
Um dia desses
Em que estiver
Com o ínfimo interesse
Penso no verso seguinte
E me lembro de quando o relógio andava lento
O tempo líquido tem mais acinte
Do que o meu sólido empenho.
De bom ou de ruim
Fatalmente vai ser
O melhor pra mim
Um dia qualquer
Um dia desses
Em que estiver
Com o ínfimo interesse
Penso no verso seguinte
E me lembro de quando o relógio andava lento
O tempo líquido tem mais acinte
Do que o meu sólido empenho.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Bainhas puídas
Eu me amarro em bainhas puídas
Não fica segura a barra
Que a rua fabrica e agarra
Cada dia é um capítulo
Um botão a menos na camisa rasgada
Um par de antigas e largas calças
De mira na maré, no mural
E não na alcunha do que soe muro
Meramente moro no calcanhar do futuro
A vida é uma piada
Indizível e ouvem-se absurdos
Indivisível e resolve-se tudo.
Não fica segura a barra
Que a rua fabrica e agarra
Cada dia é um capítulo
Um botão a menos na camisa rasgada
Um par de antigas e largas calças
De mira na maré, no mural
E não na alcunha do que soe muro
Meramente moro no calcanhar do futuro
A vida é uma piada
Indizível e ouvem-se absurdos
Indivisível e resolve-se tudo.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Da capital esperança e do meu estado de sítio
Domando a ânsia
Sob o comando
Da capital esperança
E do meu estado de sítio
Descrito em memorandos
Que eventualmente consinto
No embalo da dança
Promissora das cadeiras
Das estrelas estranhas
Embora hospitaleiras
Às aventuras tantas
Bato o pé e a mão na madeira
Três vezes por semana
Pra ficar mais na beira
Eu só vou ser quando
Vier a derradeira instância
Quebrando qualquer quebranto
Preciso me desmembrar disto
Que apanhei depois da infância
Já me adverti e me diverti, eu me dispo.
Sob o comando
Da capital esperança
E do meu estado de sítio
Descrito em memorandos
Que eventualmente consinto
No embalo da dança
Promissora das cadeiras
Das estrelas estranhas
Embora hospitaleiras
Às aventuras tantas
Bato o pé e a mão na madeira
Três vezes por semana
Pra ficar mais na beira
Eu só vou ser quando
Vier a derradeira instância
Quebrando qualquer quebranto
Preciso me desmembrar disto
Que apanhei depois da infância
Já me adverti e me diverti, eu me dispo.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Teatro sórdido
Não posso ser tão assíduo
Dos infernos com fachada
Charmosa que nem paraíso
Não uso mais a madrugada
De cúmplice dos meus suicídios
Se respirar e parar
Para escrever
Tudo quanto pensar
Eu não saberei
Ser fiel ao radar
Mas não tem nada não
Eu entendo o teatro sórdido
E atuo sem dar satisfação
Dos versos como periódicos
Vale a sua interpretação.
Dos infernos com fachada
Charmosa que nem paraíso
Não uso mais a madrugada
De cúmplice dos meus suicídios
Se respirar e parar
Para escrever
Tudo quanto pensar
Eu não saberei
Ser fiel ao radar
Mas não tem nada não
Eu entendo o teatro sórdido
E atuo sem dar satisfação
Dos versos como periódicos
Vale a sua interpretação.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Só com muito jazz
Não fiz nenhum acordo
Tampouco brinde
Para me sentir regularmente morto
Não é coisa com que se brinque
A vida está por um fio
Apesar do wireless
No fito de não ficar fixo
Só com muito jazz
É tempo de escolher os frutos
Já chegou setembro
Junto com o futuro
Pelo que me lembro.
Tampouco brinde
Para me sentir regularmente morto
Não é coisa com que se brinque
A vida está por um fio
Apesar do wireless
No fito de não ficar fixo
Só com muito jazz
É tempo de escolher os frutos
Já chegou setembro
Junto com o futuro
Pelo que me lembro.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Batatas quentes
Se o céu é do condor
A carniça é do urubu
Vou só de condicionador
Já que não rola xampu
Declamo, digo, leio as palavras
Tão rapidamente
Que não consigo saboreá-las
Parecem batatas quentes
Sei que tenho que dar uma pausa
Nesta urgência
Nesta náusea
É que eu falo como quem pensa.
A carniça é do urubu
Vou só de condicionador
Já que não rola xampu
Declamo, digo, leio as palavras
Tão rapidamente
Que não consigo saboreá-las
Parecem batatas quentes
Sei que tenho que dar uma pausa
Nesta urgência
Nesta náusea
É que eu falo como quem pensa.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Qualquer totem, algum arcano ou Suicídio de Vargas, nascimento de Leminski
Preciso inventar qualquer totem
Pra costurar às minhas vestes
Em vez de cultuar pestes
Que já são tantas
Sobretudo quando, onde estou, tem
Algo que me fortaleça
Com toda a gentileza
Do coringa na manga
Eu colo meu ouvido à parede
Para desvendar algum arcano
Parando de vender meus planos
A preço de banana
E calo minha boca com sede
Mais de palavras sábias
Do que de água áspera
Sem secar a gana.
Pra costurar às minhas vestes
Em vez de cultuar pestes
Que já são tantas
Sobretudo quando, onde estou, tem
Algo que me fortaleça
Com toda a gentileza
Do coringa na manga
Eu colo meu ouvido à parede
Para desvendar algum arcano
Parando de vender meus planos
A preço de banana
E calo minha boca com sede
Mais de palavras sábias
Do que de água áspera
Sem secar a gana.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
À ilustre angústia
Por mais que pareça aleive
Eu tenho que aliviar a dose
Antes que a desordem leve
Tudo de forma precoce
Não posso chamar a vida de injusta
Não devo abraçar as almas abjetas
Não quero voltar à ilustre angústia
O que careço é usar a janela já aberta
E bater as asas
Que não são infelizes nem de cerúmen
Para sair de casa
Apenas com antenas e raízes imunes.
Eu tenho que aliviar a dose
Antes que a desordem leve
Tudo de forma precoce
Não posso chamar a vida de injusta
Não devo abraçar as almas abjetas
Não quero voltar à ilustre angústia
O que careço é usar a janela já aberta
E bater as asas
Que não são infelizes nem de cerúmen
Para sair de casa
Apenas com antenas e raízes imunes.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Para virar a página e passar uma borracha
Eu não gosto quando as coisas
Deixam de ser elásticas
Cuecas e meias, por exemplo
É melhor acertar as contas
Antes que se afie mais a faca
Ceifando todo o meu tempo
Entre a minha cachola e a atmosfera
Vão embora as nuvens densas de borrasca
E eu quero que você, salubre escape,
Entre no meu coração de poeta
Para virar a página e passar uma borracha
Agradeço por ter escrito as falhas a lápis.
Deixam de ser elásticas
Cuecas e meias, por exemplo
É melhor acertar as contas
Antes que se afie mais a faca
Ceifando todo o meu tempo
Entre a minha cachola e a atmosfera
Vão embora as nuvens densas de borrasca
E eu quero que você, salubre escape,
Entre no meu coração de poeta
Para virar a página e passar uma borracha
Agradeço por ter escrito as falhas a lápis.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Trato raso
No ranger dos olhos
Em busca de brilho
No tanger dos poros
Por um suor fino
Quatro fases tem a lua
E só uma noite em mim jaz
Feito notícia nua
E aviso ao meu pai
No constranger do ente
Atrás de um acaso
No frigir dos dentes
Adotando um trato raso
De volta o mesmo sol
E uma nova manhã
Tudo poderia estar pior
E consolo a minha mãe.
Em busca de brilho
No tanger dos poros
Por um suor fino
Quatro fases tem a lua
E só uma noite em mim jaz
Feito notícia nua
E aviso ao meu pai
No constranger do ente
Atrás de um acaso
No frigir dos dentes
Adotando um trato raso
De volta o mesmo sol
E uma nova manhã
Tudo poderia estar pior
E consolo a minha mãe.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Manicômio de comuns
Eu falo de mim
Como se fosse outrem
Eu olho pro fim
Como se esperasse por ontem
Eu vivo assim
Como se não houvesse onde
Eu me desloco
Sou mais do que só um
E sigo sendo o mesmo louco
Neste manicômio de comuns
Que perderam o foco
Entre a panorâmica e o zoom.
Como se fosse outrem
Eu olho pro fim
Como se esperasse por ontem
Eu vivo assim
Como se não houvesse onde
Eu me desloco
Sou mais do que só um
E sigo sendo o mesmo louco
Neste manicômio de comuns
Que perderam o foco
Entre a panorâmica e o zoom.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Válvula de skype
Por qualquer válvula de skype
Eu completo a chamada
Graças à vibe
Mesmo sem a carta
Eu invento o naipe
E continuo na jogada
Que me cabe
E me descarta
A vida é um gás
Lacrimogêneo
Olhar só para trás
É tão ingênuo
Olhar só não me faz
Ser nenhum gênio
Olhar um sol a mais
Não causa incêndio.
Eu completo a chamada
Graças à vibe
Mesmo sem a carta
Eu invento o naipe
E continuo na jogada
Que me cabe
E me descarta
A vida é um gás
Lacrimogêneo
Olhar só para trás
É tão ingênuo
Olhar só não me faz
Ser nenhum gênio
Olhar um sol a mais
Não causa incêndio.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Creme do veneno ou do licor
É preciso fazer outro suco
Após lavar o liquidificador
Pra beber o câmbio em curso
Creme do veneno ou do licor
Aprendo com o desapego
Desprendo-me do passado
Todavia eu não denego
Nenhum dia do calendário
Já se derramou todo o pranto
E o que se lacrimejar
Agora e por enquanto
Será mais pra salgar o mar
Assim eu não me afogo de novo
E desenho meus desígnios
Dentro do tempo regulamentar do jogo
Entre dogmas e signos.
Após lavar o liquidificador
Pra beber o câmbio em curso
Creme do veneno ou do licor
Aprendo com o desapego
Desprendo-me do passado
Todavia eu não denego
Nenhum dia do calendário
Já se derramou todo o pranto
E o que se lacrimejar
Agora e por enquanto
Será mais pra salgar o mar
Assim eu não me afogo de novo
E desenho meus desígnios
Dentro do tempo regulamentar do jogo
Entre dogmas e signos.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
No exercício da telepatia
Ironicamente, o pior
É que está tudo bem
Mais calmo e melhor
Só não sei para quem
Muita coisa mudou
O futuro, a mobília
O discurso, o odor
O mundo, a família
Talvez nada tenha permanecido
Igual ao que era
Agora eu me visto
De uma tácita espera
A lágrima nunca é insossa
No exercício da telepatia, peço
Que a derrota seja provisória
Ou até uma vitória sobre o ego.
É que está tudo bem
Mais calmo e melhor
Só não sei para quem
Muita coisa mudou
O futuro, a mobília
O discurso, o odor
O mundo, a família
Talvez nada tenha permanecido
Igual ao que era
Agora eu me visto
De uma tácita espera
A lágrima nunca é insossa
No exercício da telepatia, peço
Que a derrota seja provisória
Ou até uma vitória sobre o ego.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
A humildade relativa no ar
Através dos óculos escuros
Eu vejo o tempo sombrio
Mesmo assim eu procuro
O sol com paz, amor e brio
A humildade relativa no ar
Arrotada feito ufania
Não vai mais me fazer doar
Fé que no fundo é preguiça
Ainda bem que eu tenho o faro
Da suspeita que não me deixa
Igual aos ignaros
Nos disparos bárbaros das suas certezas.
Eu vejo o tempo sombrio
Mesmo assim eu procuro
O sol com paz, amor e brio
A humildade relativa no ar
Arrotada feito ufania
Não vai mais me fazer doar
Fé que no fundo é preguiça
Ainda bem que eu tenho o faro
Da suspeita que não me deixa
Igual aos ignaros
Nos disparos bárbaros das suas certezas.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Apesar de alguns estragos
Acredito ter me arrancado
De qualquer rancor
Agora me levo com meus passos
A poça do dilúvio já passou
Logrando com meu sorriso largo
A alegria não me largou
Apesar de alguns estragos
A fumaça não me tragou
Preciso só de uma pitada de afago
O fascínio se afogou
No oceano obscuro de bagaços
Que Netuno embargou
Pleno, eu me sinto magro
Sem doce, prevalece o amargor
Tudo bem, peço outro prato
Embora nova, a lua prateou
De qualquer rancor
Agora me levo com meus passos
A poça do dilúvio já passou
Logrando com meu sorriso largo
A alegria não me largou
Apesar de alguns estragos
A fumaça não me tragou
Preciso só de uma pitada de afago
O fascínio se afogou
No oceano obscuro de bagaços
Que Netuno embargou
Pleno, eu me sinto magro
Sem doce, prevalece o amargor
Tudo bem, peço outro prato
Embora nova, a lua prateou
sexta-feira, 17 de julho de 2009
A uma outra dimensão
Estou cansado
De perder o meu tempo
Remando contra o vento
Remoendo sentimentos
Que me deixam moído
E um pouco mais doido
Com esse alvoroço todo
Que não teria me alcançado
Se eu fosse leve
Se eu não levasse a sério
Os pensamentos em febre
E as dúvidas sem nenhum critério.
Estou tranquilo
Não adianta inserir a raiva
Na minha dieta diária
A indigestão não passa
E me causa um péssimo humor
O que pode gerar tumor
E temor de um novo amor
Que já teria me conduzido
A uma outra dimensão
Invisível daqui de baixo
Se eu fizesse a menção
Da voz a que me agacho.
De perder o meu tempo
Remando contra o vento
Remoendo sentimentos
Que me deixam moído
E um pouco mais doido
Com esse alvoroço todo
Que não teria me alcançado
Se eu fosse leve
Se eu não levasse a sério
Os pensamentos em febre
E as dúvidas sem nenhum critério.
Estou tranquilo
Não adianta inserir a raiva
Na minha dieta diária
A indigestão não passa
E me causa um péssimo humor
O que pode gerar tumor
E temor de um novo amor
Que já teria me conduzido
A uma outra dimensão
Invisível daqui de baixo
Se eu fizesse a menção
Da voz a que me agacho.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
O desvario e o fato
Não quero ficar tão estupefato
A ponto de parecer estúpido
Para as coisas estupendas
Minha maior virtude
E o meu pior vício
Falam a língua da ingenuidade
Entre o desvario e o fato
Não falta muito
Pra acontecer o que se inventa
Por mais que eu estude
Estou ainda no início
De saber toda a verdade.
A ponto de parecer estúpido
Para as coisas estupendas
Minha maior virtude
E o meu pior vício
Falam a língua da ingenuidade
Entre o desvario e o fato
Não falta muito
Pra acontecer o que se inventa
Por mais que eu estude
Estou ainda no início
De saber toda a verdade.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Cigarro aceso
Não me interessa a tosse
Como condição à galhofa
Nem me apetece o doce
De medalha pela gororoba
Não me desperta a cobiça
De galgar degraus lisos
Decolando com asas postiças
Pra depois colar a cara no piso
Não tenho vontade nenhuma
De querer me dar bem a qualquer custo
Decorando a fala da calúnia
Descolando aplausos injustos
Mas me apraz o cigarro aceso
Recentemente feito atraso solene
Para o bombástico beijo
De lábios, cheiros e ventres.
Como condição à galhofa
Nem me apetece o doce
De medalha pela gororoba
Não me desperta a cobiça
De galgar degraus lisos
Decolando com asas postiças
Pra depois colar a cara no piso
Não tenho vontade nenhuma
De querer me dar bem a qualquer custo
Decorando a fala da calúnia
Descolando aplausos injustos
Mas me apraz o cigarro aceso
Recentemente feito atraso solene
Para o bombástico beijo
De lábios, cheiros e ventres.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
No mesmo barco, na mesma nave
Não há culpados
Tampouco vítimas
Todos somos responsáveis
Pelo presente, pela vida
Venha pro meu lado
Espalhar a alegria
Apesar dos entraves
A arte clarifica
Eloquentemente calado
Pratico a telepatia
Não há outra chave
Não há outra saída
Parece que é premeditado
Para que tudo se coincida
No mesmo barco, na mesma nave
Ontem, hoje e depois cabem num só dia.
Tampouco vítimas
Todos somos responsáveis
Pelo presente, pela vida
Venha pro meu lado
Espalhar a alegria
Apesar dos entraves
A arte clarifica
Eloquentemente calado
Pratico a telepatia
Não há outra chave
Não há outra saída
Parece que é premeditado
Para que tudo se coincida
No mesmo barco, na mesma nave
Ontem, hoje e depois cabem num só dia.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Pelo amor cada vez mais perto
Quero correr riscos
Só pela felicidade
Generosa e genuína
Rejeito outros tipos
Cheiram a falsidade
Refinada na latrina
Eu me proponho
A perpassar perigo
Apenas pelo êxito
Dos meus sonhos
Comigo e consigo
Dentro do contexto
Qualquer deleite a mais é supérfluo
É enfeite de aniversário
Logo será passado
Pelo amor cada vez mais perto
Que nos deixa despertos
Espertos e menos solitários
Vamos sair do óbvio errado
Para entrarmos no mistério
Dos nossos cérebros
E corações renovados
Contra os charmosos diabos
E anjos deletérios.
Só pela felicidade
Generosa e genuína
Rejeito outros tipos
Cheiram a falsidade
Refinada na latrina
Eu me proponho
A perpassar perigo
Apenas pelo êxito
Dos meus sonhos
Comigo e consigo
Dentro do contexto
Qualquer deleite a mais é supérfluo
É enfeite de aniversário
Logo será passado
Pelo amor cada vez mais perto
Que nos deixa despertos
Espertos e menos solitários
Vamos sair do óbvio errado
Para entrarmos no mistério
Dos nossos cérebros
E corações renovados
Contra os charmosos diabos
E anjos deletérios.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Estrada franca
Sigo na estrada franca
E sincera
Sem cera
Evitando deslizes
Estou com a carta branca
À espera
À mesa
Táticas felizes
Eu me sinto mais leve
Com tanta densidão
Até o meu coração
Sem coação agradece
Para quem crê na internet
Como a solução
Da dissolução da solidão
Sugiro sempre tête-à-tête
E sincera
Sem cera
Evitando deslizes
Estou com a carta branca
À espera
À mesa
Táticas felizes
Eu me sinto mais leve
Com tanta densidão
Até o meu coração
Sem coação agradece
Para quem crê na internet
Como a solução
Da dissolução da solidão
Sugiro sempre tête-à-tête
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Entre sonhos e monstros
Acato meus limites
Vou um pouco mais
Para que eu não imite
Quem ficou para trás
Respeito meu descanso
E me deito tarde
Enquanto não alcanço
Minha outra margem
Considero meus medos
Entre sonhos e monstros
Cruzando os dedos
Para o grande encontro.
Vou um pouco mais
Para que eu não imite
Quem ficou para trás
Respeito meu descanso
E me deito tarde
Enquanto não alcanço
Minha outra margem
Considero meus medos
Entre sonhos e monstros
Cruzando os dedos
Para o grande encontro.
terça-feira, 16 de junho de 2009
Talvez mais sujeito
Sou a pessoa de sempre
Inesperada
Sou uma pessoa contente
O que não me agrada
Silente, ciente
Descontrolado
Sou alguém pra frente
Que perde o horário
Sou o mesmo sujeito
Vago na yoga
Talvez mais sujeito
Ao vácuo agora.
Inesperada
Sou uma pessoa contente
O que não me agrada
Silente, ciente
Descontrolado
Sou alguém pra frente
Que perde o horário
Sou o mesmo sujeito
Vago na yoga
Talvez mais sujeito
Ao vácuo agora.
terça-feira, 9 de junho de 2009
Com amor e sem medo
Embora soe velho
O meu discurso
Gasto no espelho
Ou mudo o percurso
Ou eu me perco
No rio turvo
De jacarés, de janeiro
E dos meses últimos
Vou embora mais velho
Para um novo mundo
Sonhado desde cedo
Mas não o achava útil
Por vaidade e desespero
Que não me deixavam um duto
Para marchar com amor e sem medo
Pelo caminho do meio de tudo.
O meu discurso
Gasto no espelho
Ou mudo o percurso
Ou eu me perco
No rio turvo
De jacarés, de janeiro
E dos meses últimos
Vou embora mais velho
Para um novo mundo
Sonhado desde cedo
Mas não o achava útil
Por vaidade e desespero
Que não me deixavam um duto
Para marchar com amor e sem medo
Pelo caminho do meio de tudo.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Se é que não me engano
O desleixo é a alma do divórcio
Se é que não me engano
Há tempos que não me esforço
A deixar os outros contentes
E vitoriosos com meus danos
Fazendo qualquer negócio
Pra não acoimar tanto
O que de fato não posso
Carcomer com os dentes
Que já foram mais brancos.
Se é que não me engano
Há tempos que não me esforço
A deixar os outros contentes
E vitoriosos com meus danos
Fazendo qualquer negócio
Pra não acoimar tanto
O que de fato não posso
Carcomer com os dentes
Que já foram mais brancos.
terça-feira, 2 de junho de 2009
Descalço
Eu não tenho a obrigação
De ser arrumado
E animado
Como na televisão
Embora me coajam
Pelo teatro da vida
Sob uma simulação mais adquirida
Do que inata
Eu não preciso abraçar
O caminho fácil
E falso
Vou descalço ao meu lugar.
De ser arrumado
E animado
Como na televisão
Embora me coajam
Pelo teatro da vida
Sob uma simulação mais adquirida
Do que inata
Eu não preciso abraçar
O caminho fácil
E falso
Vou descalço ao meu lugar.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Céus, chãos e portas
Existe um sol lá fora
Esperando a noite
Ficar totalmente morta
Como se possível fosse
Acontecer bem agora
A manhã que nunca houve
Abrirá céus, chãos e portas
Ainda com a chave longe
Eu vou dar uma volta
Andando na linha do horizonte.
Esperando a noite
Ficar totalmente morta
Como se possível fosse
Acontecer bem agora
A manhã que nunca houve
Abrirá céus, chãos e portas
Ainda com a chave longe
Eu vou dar uma volta
Andando na linha do horizonte.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
De novo e diferente
Visita por acaso
Via fotografias
Olhar mareado
E sem náusea
De súbito ao pretérito
A tudo o que havia
De além do eterno
Dentro e perto de casa
Separação de algumas fotos
Entre a surpresa e a nostalgia
O que é mais peremptório
Do que as coisas que passam?
Tanto mergulho inconveniente
Seca a vida antes que me vista
De novo e diferente
Dos tempos das submersões rasas.
Via fotografias
Olhar mareado
E sem náusea
De súbito ao pretérito
A tudo o que havia
De além do eterno
Dentro e perto de casa
Separação de algumas fotos
Entre a surpresa e a nostalgia
O que é mais peremptório
Do que as coisas que passam?
Tanto mergulho inconveniente
Seca a vida antes que me vista
De novo e diferente
Dos tempos das submersões rasas.
terça-feira, 19 de maio de 2009
Saída sadia
A poesia não é feita
Apenas de letras
A poesia não é só afeita
Às palavras perfeitas
À noite, o que não convém, esfria
Enquanto não vem o dia
Eu sonho com a poesia
Como se fosse uma saída sadia
A poesia é muito mais
Do que um pedido de paz
A poesia tem, aliás,
Uma cor além do lilás.
Apenas de letras
A poesia não é só afeita
Às palavras perfeitas
À noite, o que não convém, esfria
Enquanto não vem o dia
Eu sonho com a poesia
Como se fosse uma saída sadia
A poesia é muito mais
Do que um pedido de paz
A poesia tem, aliás,
Uma cor além do lilás.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Presente via idade média
Eu não cultivo invídia
Planto, colho e como ideia
Ainda mais quando a vida
Sob ovação em mim estreia
Eu tenho altura mediana
Mas não sou medíocre
Nem quando a apatia soberana
Tenta me cingir na trama do filme
Eu não conto vantagens
Apenas as moedas
De troco da passagem
Para o presente via idade média.
Planto, colho e como ideia
Ainda mais quando a vida
Sob ovação em mim estreia
Eu tenho altura mediana
Mas não sou medíocre
Nem quando a apatia soberana
Tenta me cingir na trama do filme
Eu não conto vantagens
Apenas as moedas
De troco da passagem
Para o presente via idade média.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Ao que está por aí
Cada sujeito
Deve se divertir
Ainda que a tristeza
Diga que não tem jeito
Parece lassidão
Mas o sol do porvir
Vai sacudir a poeira
Das teias da solidão
Toda pessoa
Precisa se vestir
De si mesma
E não só de roupa
Sem temer se expor
Ao que está por aí
Pra virar a mesa
Antes de virar bolor.
Deve se divertir
Ainda que a tristeza
Diga que não tem jeito
Parece lassidão
Mas o sol do porvir
Vai sacudir a poeira
Das teias da solidão
Toda pessoa
Precisa se vestir
De si mesma
E não só de roupa
Sem temer se expor
Ao que está por aí
Pra virar a mesa
Antes de virar bolor.
domingo, 3 de maio de 2009
Futuro fóssil
Olhar o fogo me acalma
Como a linha do mar
Para poder me olvidar
Menos a minha alma
Olhar o fogo me esquenta
Mas eu fico tranquilo
Domestico os meus grilos
Até os de cabelo na venta
Olhar o fogo me encanta
E eu nem perco o foco
Mesmo sendo tudo futuro fóssil
Uma nova Atlântida.
Como a linha do mar
Para poder me olvidar
Menos a minha alma
Olhar o fogo me esquenta
Mas eu fico tranquilo
Domestico os meus grilos
Até os de cabelo na venta
Olhar o fogo me encanta
E eu nem perco o foco
Mesmo sendo tudo futuro fóssil
Uma nova Atlântida.
domingo, 26 de abril de 2009
Quase reciclado
Escravo do desejo
Sorrio latindo
Até quando perco
O medo do ridículo
Imerso no meu universo
De nuvens e dum sol que frita
Eu creio que esteja tão certo
Quanto as verdades científicas
Quem me vê com a caneta em punho
Com um ar de urgência
Pensa no teor do assunto
Sem desvendar, apenas tenta
Um dia ainda jogo fora
Todas as minhas angústias
Do tamanho da memória
Elas também são suas
À tarde eu gasto o tênis
Para poupar a passagem
Aparece tanta gente
Que arromba e não se abre
Nesta noite volto ao passado
Pra me lembrar que era outro
Agora eu estou quase reciclado
Da escória do vindouro.
Sorrio latindo
Até quando perco
O medo do ridículo
Imerso no meu universo
De nuvens e dum sol que frita
Eu creio que esteja tão certo
Quanto as verdades científicas
Quem me vê com a caneta em punho
Com um ar de urgência
Pensa no teor do assunto
Sem desvendar, apenas tenta
Um dia ainda jogo fora
Todas as minhas angústias
Do tamanho da memória
Elas também são suas
À tarde eu gasto o tênis
Para poupar a passagem
Aparece tanta gente
Que arromba e não se abre
Nesta noite volto ao passado
Pra me lembrar que era outro
Agora eu estou quase reciclado
Da escória do vindouro.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
De outras fontes
Eu não tenho que ser folgazão
Em toda e qualquer ocasião
Eu não estou num comercial
De margarina ou de creme dental
Eu não preciso ser boa-praça
Se considero tudo sem graça
Eu não resido num canal
De televisão ou de moral
Quando eu mostro os caninos
Não quer dizer que eu esteja sorrindo
É pra roer a corrente, é pra correr do curral
Deixando de ser o meu pior rival
Não suporto contrair
A felicidade obrigatória
Fecho os olhos, foco,
Ando, defeco e ouço, não mais falo
Vem de outras fontes o elixir
Da vida, da minha história
Dividida em bloqueios, blocos
E providenciais intervalos.
Em toda e qualquer ocasião
Eu não estou num comercial
De margarina ou de creme dental
Eu não preciso ser boa-praça
Se considero tudo sem graça
Eu não resido num canal
De televisão ou de moral
Quando eu mostro os caninos
Não quer dizer que eu esteja sorrindo
É pra roer a corrente, é pra correr do curral
Deixando de ser o meu pior rival
Não suporto contrair
A felicidade obrigatória
Fecho os olhos, foco,
Ando, defeco e ouço, não mais falo
Vem de outras fontes o elixir
Da vida, da minha história
Dividida em bloqueios, blocos
E providenciais intervalos.
terça-feira, 14 de abril de 2009
Fugas, bússolas e raptos
Atravessando um lindo túnel
De bicicleta com guidão bambo
Eu me blindo de óculos escuros
E oxigênio, ambos baianos
Atravessando a parede
Com o ânimo do desapego
De si próprio, em descanso na rede
Controlo mais o meu ego
Atravessando máscaras
Graças à sutileza do radar
Sei que a lapidação é cara
Com tanta poluição para dar
Atravessando trevas
Sob o amparo do acaso
Eu me adapto nesta selva
De fugas, bússolas e raptos.
De bicicleta com guidão bambo
Eu me blindo de óculos escuros
E oxigênio, ambos baianos
Atravessando a parede
Com o ânimo do desapego
De si próprio, em descanso na rede
Controlo mais o meu ego
Atravessando máscaras
Graças à sutileza do radar
Sei que a lapidação é cara
Com tanta poluição para dar
Atravessando trevas
Sob o amparo do acaso
Eu me adapto nesta selva
De fugas, bússolas e raptos.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
O meu humor
O meu humor péssimo
Não me permite pegar no ar
Nem me faz empréstimo
Só me ajuda a piorar
O meu humor intragável
Não me traz nenhuma saída
Sedosa, saudosa ou saudável
Contra os gestos suicidas
O meu humor cítrico
Não me cura da gripe
Muito menos o meu cinismo
Consegue me deixar livre
Do meu humor à primeira vista
Do meu amor às cegas
Mais para hipermetropia
Do que pura entrega.
Não me permite pegar no ar
Nem me faz empréstimo
Só me ajuda a piorar
O meu humor intragável
Não me traz nenhuma saída
Sedosa, saudosa ou saudável
Contra os gestos suicidas
O meu humor cítrico
Não me cura da gripe
Muito menos o meu cinismo
Consegue me deixar livre
Do meu humor à primeira vista
Do meu amor às cegas
Mais para hipermetropia
Do que pura entrega.
Autocrítica
Quando acho
Que me iço
Eu fico mais baixo
Do que o abismo
Nem mesmo supondo
Que estou contente
Eu me assombro
Como sempre
Quanto mais penso
Que me expando
Eu me apequeno
E desço o pano.
Que me iço
Eu fico mais baixo
Do que o abismo
Nem mesmo supondo
Que estou contente
Eu me assombro
Como sempre
Quanto mais penso
Que me expando
Eu me apequeno
E desço o pano.
quinta-feira, 26 de março de 2009
Dentes em ideias
Extraindo as vísceras
Eu me sinto meio vazio
Toda alegria é mísera
Quando se compra o sorriso
Na promoção ou na rifa
É maremoto dentro do navio
Extirpando as artérias
Parece que tudo está ótimo
Exponho meus dentes em ideias
Antes que eu tenha um troço
Por temer a reação da plateia
E a revelação da foto
Os dias se dissolvem
As tardes não mais se arrastam
Aliadas às madrugadas móveis
As noites se tornam aladas
Que nem a de onze de junho de setenta e nove
Em caso de cansaço, pé na estrada.
Eu me sinto meio vazio
Toda alegria é mísera
Quando se compra o sorriso
Na promoção ou na rifa
É maremoto dentro do navio
Extirpando as artérias
Parece que tudo está ótimo
Exponho meus dentes em ideias
Antes que eu tenha um troço
Por temer a reação da plateia
E a revelação da foto
Os dias se dissolvem
As tardes não mais se arrastam
Aliadas às madrugadas móveis
As noites se tornam aladas
Que nem a de onze de junho de setenta e nove
Em caso de cansaço, pé na estrada.
quinta-feira, 19 de março de 2009
Só pelo medo da perda
Mudei de perfume
Menos a cor do frasco
Mudei de costume
Mas não como falo
Mudei o trajeto
Exceto o combustível
Mudei o ingresso
E removi o vírus
Mudei de residência
E quem mora aqui
Mudei de vestimenta
Que nem as marcas do tempo, souvenir
Mudei, não por brincadeira,
Realizei o backup
Só pelo medo da perda
Que não mais cabe.
Menos a cor do frasco
Mudei de costume
Mas não como falo
Mudei o trajeto
Exceto o combustível
Mudei o ingresso
E removi o vírus
Mudei de residência
E quem mora aqui
Mudei de vestimenta
Que nem as marcas do tempo, souvenir
Mudei, não por brincadeira,
Realizei o backup
Só pelo medo da perda
Que não mais cabe.
Enésima feira
O corpo é patrimônio
É porco o seu abandono
É o insólito modo de ser dono
De algo além do sonho
Eu não sou tricolor
Tão somente por causa do meu avô
Tento dosar os derrames de amor
Mormente para recordar de que sou
Os óculos escuros represam
O choro de uma íntima tristeza
Enquanto o ônibus me arremessa
Para mais uma enésima feira.
É porco o seu abandono
É o insólito modo de ser dono
De algo além do sonho
Eu não sou tricolor
Tão somente por causa do meu avô
Tento dosar os derrames de amor
Mormente para recordar de que sou
Os óculos escuros represam
O choro de uma íntima tristeza
Enquanto o ônibus me arremessa
Para mais uma enésima feira.
terça-feira, 17 de março de 2009
Para todas as horas
Escrevendo certo
Por teclas tortas
Sonho desperto
Para todas as horas
O clima é tenso
E a rima, pobre
Pra desanuviar penso
Por esporte
A lua míngua
O céu reflete
As janelas xingam
E jogam confete
Além do corpo
O ânimo tem cansaço
E saudade do pouco
Êxito e de alguns fracassos.
Por teclas tortas
Sonho desperto
Para todas as horas
O clima é tenso
E a rima, pobre
Pra desanuviar penso
Por esporte
A lua míngua
O céu reflete
As janelas xingam
E jogam confete
Além do corpo
O ânimo tem cansaço
E saudade do pouco
Êxito e de alguns fracassos.
segunda-feira, 16 de março de 2009
Aos sinais
Não vou falar nada
O tempo é o meu porta-voz
É o dono da palavra
Que desata todos os nós
Não vai ficar só na garganta
O que está difícil de descer
Ainda que não me garanta
Por enquanto que vá acontecer
Vou andar quieto
E atento aos sinais
Dos trânsitos, sutis e diretos,
Chega de tantos charcos emocionais
O que eu articular
Não será escutado
Exceto pelo olhar
De quem estiver ao meu lado.
O tempo é o meu porta-voz
É o dono da palavra
Que desata todos os nós
Não vai ficar só na garganta
O que está difícil de descer
Ainda que não me garanta
Por enquanto que vá acontecer
Vou andar quieto
E atento aos sinais
Dos trânsitos, sutis e diretos,
Chega de tantos charcos emocionais
O que eu articular
Não será escutado
Exceto pelo olhar
De quem estiver ao meu lado.
sexta-feira, 6 de março de 2009
As águas
Levo-me pela força das águas
Da moça em lágrimas
Mas nunca pela forca da máquina
Tampouco pela muita ou pouca mágoa
Que num dia se lava e passa
Como esta poesia de escape
Nostálgica do cinema de rua, do lápis
E dos problemas de matemática fáceis
Até dos axiomas de Descartes
Tem uma cômoda saudade
Eu troco o meu reino
Por uma máquina do tempo
Mas, pelo que me lembro,
Tudo entrará nos eixos
As águas perpassam os seixos
As passadas não movem moinhos
Porém, quando chove, traçam os caminhos
Com seus atalhos e desvios
E limpam os meus olhos, que ficam vazios
E propícios a uma visão sem desvarios.
Da moça em lágrimas
Mas nunca pela forca da máquina
Tampouco pela muita ou pouca mágoa
Que num dia se lava e passa
Como esta poesia de escape
Nostálgica do cinema de rua, do lápis
E dos problemas de matemática fáceis
Até dos axiomas de Descartes
Tem uma cômoda saudade
Eu troco o meu reino
Por uma máquina do tempo
Mas, pelo que me lembro,
Tudo entrará nos eixos
As águas perpassam os seixos
As passadas não movem moinhos
Porém, quando chove, traçam os caminhos
Com seus atalhos e desvios
E limpam os meus olhos, que ficam vazios
E propícios a uma visão sem desvarios.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Lampejos de neblina
Eu sou a minha cópia
Inválida e autêntica
Com firma desconhecida
Eu consigo me imitar
Sem que soe falso
Sem que me mate
Alegando trote
Eu sou o clone da minha obra
Para além da transparência
Lampejos de neblina
Só poderei caminhar
Entre o primeiro passo
E o derradeiro arremate
Depois depende da sorte.
Inválida e autêntica
Com firma desconhecida
Eu consigo me imitar
Sem que soe falso
Sem que me mate
Alegando trote
Eu sou o clone da minha obra
Para além da transparência
Lampejos de neblina
Só poderei caminhar
Entre o primeiro passo
E o derradeiro arremate
Depois depende da sorte.
Sob a sombra do poste fino
Escutando uma canção
Do outro século
Sacode meu coração
E atrela o meu cérebro
Parece uma nostalgia
De quando era mais moço
E toda a minha perspectiva
Poderia caber no bolso
Aguardo o coletivo
E me resguardo do sol
Sob a sombra do poste fino
Pensando que há coisa pior.
Do outro século
Sacode meu coração
E atrela o meu cérebro
Parece uma nostalgia
De quando era mais moço
E toda a minha perspectiva
Poderia caber no bolso
Aguardo o coletivo
E me resguardo do sol
Sob a sombra do poste fino
Pensando que há coisa pior.
terça-feira, 3 de março de 2009
Sabores e saberes
Devo ser sempre grato
Aos meus problemas
Que pesam uma pena
Perto de outros pratos
A qualquer entrave
Que me é posto
Não posso virar o rosto
Fico sem ver a chave
Não mais confundo
Cuidado com covardia
O estorvo nosso de cada dia
É uma prova deste mundo
Costuma ser azedo
Mas há diversos sabores
E saberes para os dissabores
Dissolverem-se bem como o medo.
Aos meus problemas
Que pesam uma pena
Perto de outros pratos
A qualquer entrave
Que me é posto
Não posso virar o rosto
Fico sem ver a chave
Não mais confundo
Cuidado com covardia
O estorvo nosso de cada dia
É uma prova deste mundo
Costuma ser azedo
Mas há diversos sabores
E saberes para os dissabores
Dissolverem-se bem como o medo.
A renúncia é a pronúncia da urgência perante a denúncia do advento do nunca
Através do teclado duro
Vomito o que entala o pescoço
Compreendo, contudo não aturo
Rigidez o tempo todo
Acaba me deixando murcho
Sem charme nem chance no jogo
Até parece que o ar é seguro
Trata-se de sufoco
E eu espero por qualquer futuro
Fora deste destempero oco
Para me sentir lúcido
Como nunca fui ou de novo.
Vomito o que entala o pescoço
Compreendo, contudo não aturo
Rigidez o tempo todo
Acaba me deixando murcho
Sem charme nem chance no jogo
Até parece que o ar é seguro
Trata-se de sufoco
E eu espero por qualquer futuro
Fora deste destempero oco
Para me sentir lúcido
Como nunca fui ou de novo.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
A dizer não, a dizer sim
Preciso passar a dizer não
Aos beijos dos vampiros
Aos desejos de plantão
E ao meu indefeso umbigo
Para que o tempo me depure
Sabendo que eu posso
Fazer mais do que uma suposição
Das nuvens ou sob o jardim
Tenho que começar a dizer sim
Às vozes com menos volume
De longe e às vezes dentro de mim
Antes dos conselhos inúteis
Porque são ouvidos
No meio dos destroços
Quando se pensa na solução
Apenas às barbas do fim.
Aos beijos dos vampiros
Aos desejos de plantão
E ao meu indefeso umbigo
Para que o tempo me depure
Sabendo que eu posso
Fazer mais do que uma suposição
Das nuvens ou sob o jardim
Tenho que começar a dizer sim
Às vozes com menos volume
De longe e às vezes dentro de mim
Antes dos conselhos inúteis
Porque são ouvidos
No meio dos destroços
Quando se pensa na solução
Apenas às barbas do fim.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Os dias
Os dias ocorrem
Como a ocasião
E não digiro bem
Aquelas que se vão
Os dias escorrem
Como água
E não acordo bem
Na dimensão imediata
Os dias correm
Como um instante
E bebo um café bem
Forte pra dar um levante.
Como a ocasião
E não digiro bem
Aquelas que se vão
Os dias escorrem
Como água
E não acordo bem
Na dimensão imediata
Os dias correm
Como um instante
E bebo um café bem
Forte pra dar um levante.
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Inglesa contramão
No sentido da rua
Em inglesa contramão
De esguelha encontro a sua
Intenção em tensão
Com a presente conjuntura
E a incipiente civilização
Varre a velha mente suja
Valendo-se da cardíaca razão
Quando eu me lembro
Que uso alarmes e lápis
Nos sonhos e desenhos
Para que algo se apague
Subitamente invento
Palavras que não jazem
Algumas vão com o vento
Outras ficam mudas e fáceis.
Em inglesa contramão
De esguelha encontro a sua
Intenção em tensão
Com a presente conjuntura
E a incipiente civilização
Varre a velha mente suja
Valendo-se da cardíaca razão
Quando eu me lembro
Que uso alarmes e lápis
Nos sonhos e desenhos
Para que algo se apague
Subitamente invento
Palavras que não jazem
Algumas vão com o vento
Outras ficam mudas e fáceis.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Para destilar no carnaval
Eu não sou máquina
Mas sigo o calendário
De forma mecânica e canina
É totalmente artesanal
Quando fabrico entusiasmo
Para destilar no carnaval
Eu não vivo de encomenda
Até o exato momento
Em que isso for a minha renda
Sou um robô autônomo
Tentando ser do pensamento
Menos escravo do que dono.
Mas sigo o calendário
De forma mecânica e canina
É totalmente artesanal
Quando fabrico entusiasmo
Para destilar no carnaval
Eu não vivo de encomenda
Até o exato momento
Em que isso for a minha renda
Sou um robô autônomo
Tentando ser do pensamento
Menos escravo do que dono.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Interiores em obra
Pela alforria da folia
Interiores em obra
Canalizando euforia
O tempo um dia cobra
Choro com propagandas
E também com novelas
Como a lágrima, a vida anda
Para quem a si se revela
O prazer é ótimo
E o gozo, extraordinário
Mas não estão no meu prognóstico
Ordinariamente diário
Eu não estou mais de férias
Nem quando me deito
Na cova pra domar as feras
Pra dormir e acordar cedo.
Interiores em obra
Canalizando euforia
O tempo um dia cobra
Choro com propagandas
E também com novelas
Como a lágrima, a vida anda
Para quem a si se revela
O prazer é ótimo
E o gozo, extraordinário
Mas não estão no meu prognóstico
Ordinariamente diário
Eu não estou mais de férias
Nem quando me deito
Na cova pra domar as feras
Pra dormir e acordar cedo.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Demissão de mim
Saindo da dimensão
Do delírio, de outro domínio
Em nome da demissão
De mim por estar dormindo
Na hora da devastação
Justo num domingo
Escuto da resignação
Que são coisas do caminho.
Do delírio, de outro domínio
Em nome da demissão
De mim por estar dormindo
Na hora da devastação
Justo num domingo
Escuto da resignação
Que são coisas do caminho.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Comigo não estou sozinho
Não vou catar na urina
Para voltar a perder
A famosa velha linha
Sob a falsa impressão de poder
Não vou foliar nas minas
Terrestres e gerais
Esta dança estranha é minha,
Fácil e de ninguém mais
Não vou festejar na latrina
Nem me submergir no rio
De janeiro por um fevereiro com trinta
Comigo não estou sozinho.
Para voltar a perder
A famosa velha linha
Sob a falsa impressão de poder
Não vou foliar nas minas
Terrestres e gerais
Esta dança estranha é minha,
Fácil e de ninguém mais
Não vou festejar na latrina
Nem me submergir no rio
De janeiro por um fevereiro com trinta
Comigo não estou sozinho.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Da maternidade ao asilo
O espírito é matéria sutil
E a matéria, espírito com mais peso
O meu corpo é meu abrigo
Templo, reino, tempo e feudo
Cujo perímetro supera o que imagino
Na querela entre a cautela e o medo
Da maternidade ao asilo
Quebram-se os berços
E decretam-se anistias de qualquer exílio
Enquanto resgato a infância, envelheço
Sendo meu avô, pai, irmão e filho
Feito de carne, vento, osso e gesso
Mesmo tendo um só domicílio
Eu moro em todos os endereços.
E a matéria, espírito com mais peso
O meu corpo é meu abrigo
Templo, reino, tempo e feudo
Cujo perímetro supera o que imagino
Na querela entre a cautela e o medo
Da maternidade ao asilo
Quebram-se os berços
E decretam-se anistias de qualquer exílio
Enquanto resgato a infância, envelheço
Sendo meu avô, pai, irmão e filho
Feito de carne, vento, osso e gesso
Mesmo tendo um só domicílio
Eu moro em todos os endereços.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Para quem pensa
Para quem pensa
Que sabe o que se passa
Nos meus miolos
A pessoa acha apenas
E não encontra palavra
Alguma dos meus olhos.
O silêncio é uma sentença
Maior do que a alma
Cujo suor sai por poros
Incógnitos à ciência
Quero delibar esta água
E me derramar no córrego.
Que sabe o que se passa
Nos meus miolos
A pessoa acha apenas
E não encontra palavra
Alguma dos meus olhos.
O silêncio é uma sentença
Maior do que a alma
Cujo suor sai por poros
Incógnitos à ciência
Quero delibar esta água
E me derramar no córrego.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Arcabouço
Na tentativa de me ver
Através de um espelho
Sem reflexo nenhum
Noto que eu não sou você
Muito menos modelo
Com um sorriso de costume
Na experiência de expor
O que tenho no arcabouço
Além do imo e do clima
Percebo os limites do meu interior
A mudança começa aos poucos
E ignora quando termina
Respirando com fleuma
Consciência e profundidade
Evaporam-se os problemas
E se traz e se traga o que vale
Conspirando em prol
Do que só é benéfico
Transpira o próprio sol
Aonde se vai sem teleférico.
Através de um espelho
Sem reflexo nenhum
Noto que eu não sou você
Muito menos modelo
Com um sorriso de costume
Na experiência de expor
O que tenho no arcabouço
Além do imo e do clima
Percebo os limites do meu interior
A mudança começa aos poucos
E ignora quando termina
Respirando com fleuma
Consciência e profundidade
Evaporam-se os problemas
E se traz e se traga o que vale
Conspirando em prol
Do que só é benéfico
Transpira o próprio sol
Aonde se vai sem teleférico.
domingo, 25 de janeiro de 2009
Porque é domingo
Admito que se aumente
O amigo parapeito
Desde que não me saia da mente
A visão apaixonante do precipício
Obedeço até a quem não merece
A quem não mereço
Mas que a discussão não comece
Hoje porque é domingo
É um dia para ficar leve
A ponto de voar a passeio
Via imaginação também serve
Não carece de santo nem de cinto.
O amigo parapeito
Desde que não me saia da mente
A visão apaixonante do precipício
Obedeço até a quem não merece
A quem não mereço
Mas que a discussão não comece
Hoje porque é domingo
É um dia para ficar leve
A ponto de voar a passeio
Via imaginação também serve
Não carece de santo nem de cinto.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Dose de sol
Tento colocar em ordem
A minha cabeça
Que os grilos mordem
Apesar da iminência
Do bom senso ou da sorte
Em tinta ainda fresca
Pinta uma mão sobre
Os ombros da consciência
E outra pra pegar uma dose
De sol antes que a noite beba
Caindo num sadio porre
Sem submissão nem soberba.
A minha cabeça
Que os grilos mordem
Apesar da iminência
Do bom senso ou da sorte
Em tinta ainda fresca
Pinta uma mão sobre
Os ombros da consciência
E outra pra pegar uma dose
De sol antes que a noite beba
Caindo num sadio porre
Sem submissão nem soberba.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
A fauna do deserto
Ando descoberto
A pé na rua
Sob uma fina chuva
A fauna do deserto
No país idolatrado
Neste verão senegalês
O oásis da vez
É o ar-condicionado
Com o dinheiro do táxi
Eu volto de ônibus
Ganho um desconto
De quase grátis.
A pé na rua
Sob uma fina chuva
A fauna do deserto
No país idolatrado
Neste verão senegalês
O oásis da vez
É o ar-condicionado
Com o dinheiro do táxi
Eu volto de ônibus
Ganho um desconto
De quase grátis.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
De guerra e de trégua
Vamos logo sem paredes
Em redes sem intrigas
Apenas em rodas de entregas
E de tragos gratos
Chega de estragos
E de regras desse jogo
De guerra e de trégua
No grito do joio no trigo
Pra dar um tempo à têmpora
Pro radar ficar de molho
Do molho ao dente por tridente
E do olho por ferrolho.
Em redes sem intrigas
Apenas em rodas de entregas
E de tragos gratos
Chega de estragos
E de regras desse jogo
De guerra e de trégua
No grito do joio no trigo
Pra dar um tempo à têmpora
Pro radar ficar de molho
Do molho ao dente por tridente
E do olho por ferrolho.
domingo, 11 de janeiro de 2009
Lá pelas tantas
Cada gesto
É um escândalo
Mesmo discreto
Causa espanto
Os olhos vítreos
Buscam nitidez
Mordiscam os vizinhos
Que ocultam a nudez
E no final das contas
Lá pelas tantas
Horas tontas
Atentas são as plantas.
É um escândalo
Mesmo discreto
Causa espanto
Os olhos vítreos
Buscam nitidez
Mordiscam os vizinhos
Que ocultam a nudez
E no final das contas
Lá pelas tantas
Horas tontas
Atentas são as plantas.
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Muita hora nesta calma
O isolamento se divide
Entre livre e triste
Parece tão longe e simples
O equilíbrio de antanho
As gargalhadas se calam
Muita hora nesta calma
Para desfazer a mala
E lavar a alma no banho
Não é que não tenha
A viagem valido a pena
Apenas saíram de cena
As vendas para dormir sem tardança
Quase nem sempre é por pouco
A insanidade é uma questão de foco
De passagem, de didática e de gosto
Pela estática em plena dança.
Entre livre e triste
Parece tão longe e simples
O equilíbrio de antanho
As gargalhadas se calam
Muita hora nesta calma
Para desfazer a mala
E lavar a alma no banho
Não é que não tenha
A viagem valido a pena
Apenas saíram de cena
As vendas para dormir sem tardança
Quase nem sempre é por pouco
A insanidade é uma questão de foco
De passagem, de didática e de gosto
Pela estática em plena dança.
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