quinta-feira, 31 de maio de 2012

De um magro maio

Não sou mago
Mas eu fico pasmo
Com o espasmo
De um magro maio

Vejo, não mais pago
Para ter entusiasmo
Ouço Erasmo
E alço voo num desmaio.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Da articulação dos ossos

Não há nada de novo
Exceto a vontade
Da articulação dos ossos
Como das frases
Que me frisam desde os oito
Anos de idade
Não me sinto tão afoito
Quanto eu era nalgumas fases
Agora ando e me encontro
Já fizemos as pazes.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Colírio, delírio e atenção

Eu não abro de forma imediata
Qualquer carta
Que venha para mim
Correspondência de banco
Quase corresponde a um documento em branco

Eu não fecho logo
Os meus olhos
Na hora de dormir
Colírio, delírio e atenção
São propícios à visão.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Heroicos versos inúteis

O pólen da polêmica
Vira súdito de súbito
Da tradicional novidade
O bônus de viajar de ônibus
É ser guiado por sonhos
Apesar da realidade
Eu quero andar
Com as nuvens
Sobre o mar
Entre túneis
Muros, pontes
E horizontes
De heroicos versos inúteis
De bicicleta
E a pé, com fé
Na poesia cética
Que me deixa a vista aberta
E num piscar cega.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Festas, jantares e churrascos

Sempre fico ressabiado
quando me convidam
para festas, jantares e churrascos
onde cada um fala como venceu na vida

Eu arroto picanhas e cervejas
em vez de vitórias,
tenho asco de sorrisos mascarando invejas:
ainda sigo vivo pelas memórias

Cultivo amizades de longas datas,
guardo fotografias, livros, agendas,
provas, cadernetas, cadernos e a alma farta
de propostas para pô-la à venda.