Flutuando pela Bahia
A qualquer hora
Da noite ou do dia
O futuro é agora
Pode soar clichê
O que é de fato
Pra mim e pra você
Sorrindo no retrato
Alguma juventude
Ouso respirar
Em atitude, em saúde
Que me traz o ar
Sem me afogar em lágrima
Sem chorar chuva
Sem beber água
Porque nunca ajuda.
Compilação randomicamente ordenada dos versos meus ou de Tchellonious ou de Tchello Melo ou de Marciano Macieira ou de algum lugar.
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Sob paradisíaco tédio
Sob paradisíaco tédio
Brinco de domar a solidão
Evitando seu assédio
Levitando sem depressão
Levantando cem prédios
Eu ando apenas comigo
Pelas ruas e topo
Nos bares com meu amigo
Imaginário e bebo os dois copos
Ao menos, é o que consigo.
Ouvindo Rolling Stones
Com uma simpatia pelo diabo
Tento enganar a fome
Não me fazendo tanto de escravo
Quanto era anteontem.
Brinco de domar a solidão
Evitando seu assédio
Levitando sem depressão
Levantando cem prédios
Eu ando apenas comigo
Pelas ruas e topo
Nos bares com meu amigo
Imaginário e bebo os dois copos
Ao menos, é o que consigo.
Ouvindo Rolling Stones
Com uma simpatia pelo diabo
Tento enganar a fome
Não me fazendo tanto de escravo
Quanto era anteontem.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
À mesa vinte
Da paranóia
À certeza
O boato bóia
Bebe cerveja
Quem diria
Também pudera
Em qualquer dia
De qualquer era
Uma mera pulga
Sairia da caixa
Sumiria com as rusgas
E mudaria de faixa
À mesa vinte
No século vinte e um
Não mais se finge
A origem de cada um
Emerso do oceano
Sinônimo de placenta
Todo ser humano
É filho por excelência.
À certeza
O boato bóia
Bebe cerveja
Quem diria
Também pudera
Em qualquer dia
De qualquer era
Uma mera pulga
Sairia da caixa
Sumiria com as rusgas
E mudaria de faixa
À mesa vinte
No século vinte e um
Não mais se finge
A origem de cada um
Emerso do oceano
Sinônimo de placenta
Todo ser humano
É filho por excelência.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Incontroverso
O que era difícil
Ficou para trás
Uma espécie de vício
De tempos ancestrais
O que parecia impossível
Virou uma saudade
Um curioso nível
De cumplicidade
O que soava complexo
Tornou-se tão simples
A ponto de ser incontroverso
Como se sempre existisse
O que aparentava ser completo
Fechou o chão, a roda
O caixão, o cemitério
E a funerária toda.
Ficou para trás
Uma espécie de vício
De tempos ancestrais
O que parecia impossível
Virou uma saudade
Um curioso nível
De cumplicidade
O que soava complexo
Tornou-se tão simples
A ponto de ser incontroverso
Como se sempre existisse
O que aparentava ser completo
Fechou o chão, a roda
O caixão, o cemitério
E a funerária toda.
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Gritante mesmo quando calado
Dispensando o supérfluo
Não compro mais briga
Eu me trago e me levo a sério
Ao pensar no que me abriga
Enxugando-me da chuva
Através do vento e da luz solar
A visão não fica mais turva
O ego começa a se desolar
Pelo benefício da suspeita
Deixo de carregar cruzes
Crases e crises alheias
Águias não são avestruzes
Adotando o tempo como presente
Gritante mesmo quando calado
O domínio está na minha frente
Dentro de mim e ao meu lado.
Não compro mais briga
Eu me trago e me levo a sério
Ao pensar no que me abriga
Enxugando-me da chuva
Através do vento e da luz solar
A visão não fica mais turva
O ego começa a se desolar
Pelo benefício da suspeita
Deixo de carregar cruzes
Crases e crises alheias
Águias não são avestruzes
Adotando o tempo como presente
Gritante mesmo quando calado
O domínio está na minha frente
Dentro de mim e ao meu lado.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Momento oportuno
Voltar ao ninho
Não denota
Recuar-me no caminho
Nem laquear portas
É o momento oportuno
De apagar os incêndios
De me apegar a Saturno
E de pagar os dispêndios
Retornar ao lar
Não significa
Rebobinar
A minha fita
É o instante certo
De aparar as arestas
De reparar os dejetos
E de preparar a festa.
Não denota
Recuar-me no caminho
Nem laquear portas
É o momento oportuno
De apagar os incêndios
De me apegar a Saturno
E de pagar os dispêndios
Retornar ao lar
Não significa
Rebobinar
A minha fita
É o instante certo
De aparar as arestas
De reparar os dejetos
E de preparar a festa.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Póstumo presente
Quero ir pra frente
Sem nenhum pé atrás
Ao póstumo presente
Que depressa se faz
Sei que devo ser paciente
Feito um bom rapaz
Um dia o tempo me consente
Uma ninharia de paz
Apesar do mundo doente
E da crendice ineficaz
Tal caos não será pra sempre
Já está em transição, aliás.
Sem nenhum pé atrás
Ao póstumo presente
Que depressa se faz
Sei que devo ser paciente
Feito um bom rapaz
Um dia o tempo me consente
Uma ninharia de paz
Apesar do mundo doente
E da crendice ineficaz
Tal caos não será pra sempre
Já está em transição, aliás.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
À janela mágica
Depois do colorido
Nascem as cinzas
Parto dolorido
Farto das tintas
Típicas do delírio
Antes da procissão
À janela mágica
Ergo-me com a detonação
De fogos pela data
De Nossa Senhora da Conceição.
Nascem as cinzas
Parto dolorido
Farto das tintas
Típicas do delírio
Antes da procissão
À janela mágica
Ergo-me com a detonação
De fogos pela data
De Nossa Senhora da Conceição.
Gargalo fino
Dentro do túnel
O rádio não pega
Perante o copo sujo
Recorro à caneca
Eu me desvio
De qualquer norma
Não deixo de ser normal
Por causa disso
Fora do ar
Não tem sintonia
Para acompanhar
O que antes unia
Eu me redefino
Despojado de fórmula
Ou de despejo formal
O gargalo está mais fino.
O rádio não pega
Perante o copo sujo
Recorro à caneca
Eu me desvio
De qualquer norma
Não deixo de ser normal
Por causa disso
Fora do ar
Não tem sintonia
Para acompanhar
O que antes unia
Eu me redefino
Despojado de fórmula
Ou de despejo formal
O gargalo está mais fino.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Em sordidez pura
Especula-se pelos cantos, à boca miúda,
Que houve avanços
Afinal tudo sempre muda
Entre a cura e o cancro
A partir de leis tão espúrias
Que me entorno ao santo
Em sordidez pura
Há rumores de que o arbítrio é livre
Tudo de graça tem o seu preço
Ouço as maravilhas do Stevie
Para ver se me esqueço
Dos problemas que nunca tive
Por um tempo que não se conta nos dedos
Nem para os vizinhos felizes.
Que houve avanços
Afinal tudo sempre muda
Entre a cura e o cancro
A partir de leis tão espúrias
Que me entorno ao santo
Em sordidez pura
Há rumores de que o arbítrio é livre
Tudo de graça tem o seu preço
Ouço as maravilhas do Stevie
Para ver se me esqueço
Dos problemas que nunca tive
Por um tempo que não se conta nos dedos
Nem para os vizinhos felizes.
sábado, 29 de novembro de 2008
A novidade do flashinstante
Lamento que alguns espetáculos
Gratuitos não dêem o canhoto
Já têm tantos tentáculos
O significado primoroso
De desodorante
Bem que poderia ser transodorante
As pessoas teleguiadas
Pensam que se acalmam
Fazendo dívidas e compras
Só acumulam sombras
Como se fosse brilhante
A novidade do flashinstante.
Gratuitos não dêem o canhoto
Já têm tantos tentáculos
O significado primoroso
De desodorante
Bem que poderia ser transodorante
As pessoas teleguiadas
Pensam que se acalmam
Fazendo dívidas e compras
Só acumulam sombras
Como se fosse brilhante
A novidade do flashinstante.
domingo, 23 de novembro de 2008
Algum contexto
Não sei se contesto
A mim algum contexto
Desconfio se gosto
Tanto assim do meu gosto
Reconheço o erro
De tentar ganhar no berro
Será que eu posso
Dançar perto do poço?
A mim algum contexto
Tanto assim do meu gosto
De tentar ganhar no berro
E dançar perto do poço
Não sei se contesto
Desconfio se gosto
Reconheço o erro
Será que eu posso?
A mim algum contexto
Desconfio se gosto
Tanto assim do meu gosto
Reconheço o erro
De tentar ganhar no berro
Será que eu posso
Dançar perto do poço?
A mim algum contexto
Tanto assim do meu gosto
De tentar ganhar no berro
E dançar perto do poço
Não sei se contesto
Desconfio se gosto
Reconheço o erro
Será que eu posso?
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Pelo que me avisaram
Sábado não é segunda-feira
Para tanto calvário
Cinzeiro não é lixeira
Pelo que me avisaram
No tempo livre
E no de labor
Quero que me ligue
Só pra dizer alô
Gentileza não é praxe
Para evitar demasia
Franqueza não é gafe
Pode até virar poesia
Nas horas boas
E também nas más
Penso na sua boca
De lábios abissais
Coração não é objeto
Para tamanho descuido
Amor não é decreto
Mas determina tudo.
Para tanto calvário
Cinzeiro não é lixeira
Pelo que me avisaram
No tempo livre
E no de labor
Quero que me ligue
Só pra dizer alô
Gentileza não é praxe
Para evitar demasia
Franqueza não é gafe
Pode até virar poesia
Nas horas boas
E também nas más
Penso na sua boca
De lábios abissais
Coração não é objeto
Para tamanho descuido
Amor não é decreto
Mas determina tudo.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Quites
Eu me dispo
Dos desejos vis
Para mudar o disco
De pegajosos hits
Eu me disponho
A ser menos infeliz
Graças aos sonhos
Plenos em oito bits
Eu me disparo
E por um triz
Não acerto o alvo
Estamos quites
Eu me dispenso
Do que me fiz
Antes que o tempo
Dê os meus palpites.
Dos desejos vis
Para mudar o disco
De pegajosos hits
Eu me disponho
A ser menos infeliz
Graças aos sonhos
Plenos em oito bits
Eu me disparo
E por um triz
Não acerto o alvo
Estamos quites
Eu me dispenso
Do que me fiz
Antes que o tempo
Dê os meus palpites.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Do sumo ao sugo
Aquieto meu coração
Contando os dias que destacam
A camisa e a toalha
Do pano de chão
Depois eu me enxugo
Com os mesmos trajes
O tempo aguarda e age
Do sumo ao sugo
Distraio minha mente toda
Pesquisando músicas
Dissipando dúvidas
Para adquirir outras
E eu me indago
Por qualquer ultraje
Meu ou da paisagem
Para ficar mais magro.
Contando os dias que destacam
A camisa e a toalha
Do pano de chão
Depois eu me enxugo
Com os mesmos trajes
O tempo aguarda e age
Do sumo ao sugo
Distraio minha mente toda
Pesquisando músicas
Dissipando dúvidas
Para adquirir outras
E eu me indago
Por qualquer ultraje
Meu ou da paisagem
Para ficar mais magro.
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Eterna barganha
O que você acha
Que lhe falta
É nada perto
Do que tem descoberto
Não reclame pelo que não tem
Agradeça pelo que ganha
Tanto do mal quanto do bem
A vida é uma eterna barganha
Em vez de só querer
O que flui e rui
Admita que você pode ser
Que lhe falta
É nada perto
Do que tem descoberto
Não reclame pelo que não tem
Agradeça pelo que ganha
Tanto do mal quanto do bem
A vida é uma eterna barganha
Em vez de só querer
O que flui e rui
Admita que você pode ser
Muito mais do que possui.
sábado, 1 de novembro de 2008
O suportável de tolerância
Eu tenho menos lembranças
Do passado recente
Do que da minha infância
Eu não sou diferente
Tampouco igual
Ou tão inteligente
Tento ver através do temporal
Uma casa qualquer
Desde que imune ao telejornal
Mas não ao anjo que tiver
O suportável de tolerância
Para quem sou e para quem é.
Do passado recente
Do que da minha infância
Eu não sou diferente
Tampouco igual
Ou tão inteligente
Tento ver através do temporal
Uma casa qualquer
Desde que imune ao telejornal
Mas não ao anjo que tiver
O suportável de tolerância
Para quem sou e para quem é.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Chega de couraça
A terra em febre draga
O que expele o dragão
O céu se arrasa
Sob o véu da razão
Chega de couraça
Se não me nega o coração
A saudade passa
Na celeridade da paixão
O espaço não acha
Seus passos no chão
Nada é suave ou se encaixa
Nem o cadáver no caixão
Mas o acaso se acerta
No ocaso do sertão
E as nuvens ficam tesas
Alhures de tanto tesão.
O que expele o dragão
O céu se arrasa
Sob o véu da razão
Chega de couraça
Se não me nega o coração
A saudade passa
Na celeridade da paixão
O espaço não acha
Seus passos no chão
Nada é suave ou se encaixa
Nem o cadáver no caixão
Mas o acaso se acerta
No ocaso do sertão
E as nuvens ficam tesas
Alhures de tanto tesão.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Salvo quando sonho
Contenho meus impulsos
Conto até dez mil
Não corto mais os pulsos
Não encosto no vazio
Não custo tão barato
Não degusto o esgoto
Não me desgasto de imediato
Não me descarto todo
Não abaixo o crânio
Não beijo o solo
Não me acho no pântano
Não fecho os meus olhos
Salvo quando sonho
Eu adormeço
E me recomponho
Para um novo começo.
Conto até dez mil
Não corto mais os pulsos
Não encosto no vazio
Não custo tão barato
Não degusto o esgoto
Não me desgasto de imediato
Não me descarto todo
Não abaixo o crânio
Não beijo o solo
Não me acho no pântano
Não fecho os meus olhos
Salvo quando sonho
Eu adormeço
E me recomponho
Para um novo começo.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Renascimentos e suicídios
Pelo que eu me lembro
Não será para sempre
O tempo que nos demos
Nunca será perene
Não passa de dezembro
Ouvidos moucos
Para as pessoas
Que aos poucos
Consomem a própria peçonha
Na hora do almoço
Pelo que eu me recordo
Estaremos juntos
Como se fosse um acordo
Tácito e profundo
Em vigor no mundo todo
Se não me falha a memória
Envelheceremos unidos
Apesar dos pitacos de fora
Em renascimentos e suicídios
Antes, depois e agora.
Não será para sempre
O tempo que nos demos
Nunca será perene
Não passa de dezembro
Ouvidos moucos
Para as pessoas
Que aos poucos
Consomem a própria peçonha
Na hora do almoço
Pelo que eu me recordo
Estaremos juntos
Como se fosse um acordo
Tácito e profundo
Em vigor no mundo todo
Se não me falha a memória
Envelheceremos unidos
Apesar dos pitacos de fora
Em renascimentos e suicídios
Antes, depois e agora.
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Cáustica bebida do caos
As folhas estáticas
Aclaram o meu suor
A sede parece intacta
Com parca água
Para tamanho calor
O dinheiro é mais virtual
Do que a própria internet
Há bens vindo para o mal
Na cáustica bebida do caos
Calma, em breve o iceberg derrete.
Aclaram o meu suor
A sede parece intacta
Com parca água
Para tamanho calor
O dinheiro é mais virtual
Do que a própria internet
Há bens vindo para o mal
Na cáustica bebida do caos
Calma, em breve o iceberg derrete.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Proparoxítonas
Quando a felicidade for sintética
E a poesia toda sintática
Meu sorriso não será tão cínico
Quanto a minha sisudez cênica
Quando a fé deixar de ser cética
E a medicina não for mais clínica
A humanidade não será tão crítica
Quanto o materialismo crônico
No frigir dos óbitos
Para fugir dos óculos
Cegos de tão óbvios
Eu me entrego em ósculos.
E a poesia toda sintática
Meu sorriso não será tão cínico
Quanto a minha sisudez cênica
Quando a fé deixar de ser cética
E a medicina não for mais clínica
A humanidade não será tão crítica
Quanto o materialismo crônico
No frigir dos óbitos
Para fugir dos óculos
Cegos de tão óbvios
Eu me entrego em ósculos.
Da areia movediça à cama elástica
Da areia movediça
À cama elástica
A fidúcia me iça
Olvido a vida de lástima
Sob o fulgor dos astros
Abstraio os jacarés
Enquanto me alastro
Sem rastro de lama nos pés
Preciso de uns pinotes
Já boiei muito no brejo
Para saber que só se pode
Dissolver o ego num beijo.
À cama elástica
A fidúcia me iça
Olvido a vida de lástima
Sob o fulgor dos astros
Abstraio os jacarés
Enquanto me alastro
Sem rastro de lama nos pés
Preciso de uns pinotes
Já boiei muito no brejo
Para saber que só se pode
Dissolver o ego num beijo.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Uma obscura regalia
Pensei que tivesse feito
Alguma poesia
No entanto apenas dormia
Sobre o aconchegado parapeito
Como se fosse direito
Uma obscura regalia
Enquanto carcomia
Os baldrames do meu leito
Sorri às estrelas a despeito
De nenhuma alegria
Por encanto eu sumia
No pretérito, mas que perfeito!
Alguma poesia
No entanto apenas dormia
Sobre o aconchegado parapeito
Como se fosse direito
Uma obscura regalia
Enquanto carcomia
Os baldrames do meu leito
Sorri às estrelas a despeito
De nenhuma alegria
Por encanto eu sumia
No pretérito, mas que perfeito!
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Do dote ao totem
Despertos os espíritos
Para que não devotem
Os tontos e os cínicos
Do dote ao totem
Incertos os poetas
Para que denotem
Broncos e profetas
Da sorte e do norte
Abertos os frascos
Para que extrapolem
Os sonhos e os fiascos
De porre em pólen.
Para que não devotem
Os tontos e os cínicos
Do dote ao totem
Incertos os poetas
Para que denotem
Broncos e profetas
Da sorte e do norte
Abertos os frascos
Para que extrapolem
Os sonhos e os fiascos
De porre em pólen.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Ares impuros
Um bocado em apuros
Eu me acalmo e penso
Nos ares impuros
Dos bares e templos,
Dos cárceres e institutos.
Ergo o copo e o rosto
E saúdo aos detentos
De todos os gostos,
Estudos e intentos
Pra sair do sufoco.
Eu me acalmo e penso
Nos ares impuros
Dos bares e templos,
Dos cárceres e institutos.
Ergo o copo e o rosto
E saúdo aos detentos
De todos os gostos,
Estudos e intentos
Pra sair do sufoco.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Espera e precipitação
Para quem pensa
Que a chuva leva
De vez toda a poeira
Da tez das janelas
Apenas água
Sequer lava
Sinônima palavra
Parece coisa precipitada
Às vezes fica de molho
Noutras sugere arrojo
Enquanto não resolvo
Se vou, se jazo ou se volvo.
Que a chuva leva
De vez toda a poeira
Da tez das janelas
Apenas água
Sequer lava
Sinônima palavra
Parece coisa precipitada
Às vezes fica de molho
Noutras sugere arrojo
Enquanto não resolvo
Se vou, se jazo ou se volvo.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Segundo as escrituras
Antes que vire depois
Não sonho mais em me perder
Somos além de nós
Para ninguém se prender
À base de pés e asas
Em vez de motor
À prova d' água
Em pleno vôo
Fortuna já madura
Segura o cavalo
Segundo as escrituras
Mais no talento do que no talo
Nunca doerá a quem doar
Um pouco do seu baú
Pois sabe que do ar
Todo tesouro é um.
Não sonho mais em me perder
Somos além de nós
Para ninguém se prender
À base de pés e asas
Em vez de motor
À prova d' água
Em pleno vôo
Fortuna já madura
Segura o cavalo
Segundo as escrituras
Mais no talento do que no talo
Nunca doerá a quem doar
Um pouco do seu baú
Pois sabe que do ar
Todo tesouro é um.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Prêmio Dardos
Pô, é Zia! foi indicado para o Prêmio Dardos, destinado a blogues que contribuem de forma significativa para o enriquecimento da "cultura virtual".
Agradeço ao Fabricio Fortes pela indicação e divulgo as regras do prêmio:
1. Aceitar exibir a distinta imagem (à esquerda)
2. Lincar o blogue que lhe deu o prêmio.
3. Escolher quinze (15) blogues para entregar o "Prêmio Dardos".
Eis os meus dardejados:
Poliana Paiva http://flordelaranja.blogspot.com
Leandro de Paula http://fogo-de-artificio.blogspot.com/
Caio Carmacho http://noutratez.zip.net/
Beatriz Provasi http://www.numanoitequalquer.blogspot.com/
Telma Scherer http://telmascherer.blogspot.com/
Arthur Bezerra http://absurdosturos.blogspot.com/
Anana Clara http://ananaclara.blogspot.com/
Betina Kopp http://www.becodebb.blogspot.com/
Marcelo Tas http://marcelotas.blog.uol.com.br/
Daniel Murgel http://dmurgel.blogspot.com/
Lorena Poema http://lorena.poema.zip.net/
Bianca Feijó http://biancafeijo.blogspot.com/
Diogo Lyra http://fundodequintalliterario.blogspot.com/
Maria Clara Mazini http://www.o-ultimo-apague-a-luz.blogspot.com
Fabricio Fortes http://notasujas.blogspot.com/
Agradeço ao Fabricio Fortes pela indicação e divulgo as regras do prêmio:
1. Aceitar exibir a distinta imagem (à esquerda)
2. Lincar o blogue que lhe deu o prêmio.
3. Escolher quinze (15) blogues para entregar o "Prêmio Dardos".
Eis os meus dardejados:
Poliana Paiva http://flordelaranja.blogspot.com
Leandro de Paula http://fogo-de-artificio.blogspot.com/
Caio Carmacho http://noutratez.zip.net/
Beatriz Provasi http://www.numanoitequalquer.blogspot.com/
Telma Scherer http://telmascherer.blogspot.com/
Arthur Bezerra http://absurdosturos.blogspot.com/
Anana Clara http://ananaclara.blogspot.com/
Betina Kopp http://www.becodebb.blogspot.com/
Marcelo Tas http://marcelotas.blog.uol.com.br/
Daniel Murgel http://dmurgel.blogspot.com/
Lorena Poema http://lorena.poema.zip.net/
Bianca Feijó http://biancafeijo.blogspot.com/
Diogo Lyra http://fundodequintalliterario.blogspot.com/
Maria Clara Mazini http://www.o-ultimo-apague-a-luz.blogspot.com
Fabricio Fortes http://notasujas.blogspot.com/
Assaz cedo
Não sei se devo
Pensar muito
Pra inventar medos
E curtos-circuitos
O clima me desanima
Chovo como lá fora
Sonho só por fadiga
Acordo quando é agora
Ainda bem que escrevo
Imune à censura
Mas está assaz cedo
Pra não haver nenhuma.
Pensar muito
Pra inventar medos
E curtos-circuitos
O clima me desanima
Chovo como lá fora
Sonho só por fadiga
Acordo quando é agora
Ainda bem que escrevo
Imune à censura
Mas está assaz cedo
Pra não haver nenhuma.
domingo, 14 de setembro de 2008
Enxames
A minha sorte é que sou alfabetizado
Pra não levar a sério à margem do caos
As coisas que me perpassam o casco
Em enxames de palavras e imagens
Parando pra pensar um pouco mais
Os versos se afunilam
Mas não me amofino
Com a fama das rimas
Tem hora pra tudo
Com a saudade em puro ritmo.
Pra não levar a sério à margem do caos
As coisas que me perpassam o casco
Em enxames de palavras e imagens
Parando pra pensar um pouco mais
Os versos se afunilam
Mas não me amofino
Com a fama das rimas
Tem hora pra tudo
Com a saudade em puro ritmo.
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
O meu medo por mim mesmo
Quero escolher e colher
O meu medo por mim mesmo
Sem o custo de ser gratuito
Com o ônus de ser dono
Preciso ativar e cultivar
O negócio de ser eu próprio
Inalo a pessoa amada
Em três madrugadas
E aplaco a fuligem
Do incêndio que finge
Apatia a princípio
Tipo fogos de artifício.
O meu medo por mim mesmo
Sem o custo de ser gratuito
Com o ônus de ser dono
Preciso ativar e cultivar
O negócio de ser eu próprio
Inalo a pessoa amada
Em três madrugadas
E aplaco a fuligem
Do incêndio que finge
Apatia a princípio
Tipo fogos de artifício.
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Por extenso
O celular é um dos mais populares
Recursos dos solitários
Nos bares, nas vernissages
Depois dos guardanapos
Sórdidos de verdades
Que ainda guardo
Como se fosse alguma vantagem
Continuar calado
Aqui na dois de dezembro
Adulterando o calendário
Entre o Catete e o Flamengo
Escrevo pra não ficar acuado
Pra não explodir de tanto pensamento
De fogo, fuga e afago
Não me abrevio, sou por extenso
Sou todo o abecedário.
Recursos dos solitários
Nos bares, nas vernissages
Depois dos guardanapos
Sórdidos de verdades
Que ainda guardo
Como se fosse alguma vantagem
Continuar calado
Aqui na dois de dezembro
Adulterando o calendário
Entre o Catete e o Flamengo
Escrevo pra não ficar acuado
Pra não explodir de tanto pensamento
De fogo, fuga e afago
Não me abrevio, sou por extenso
Sou todo o abecedário.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Testemunho
Eu quero ir longe
Mas com a garantia
De voltar para onde
O céu se desanuvia
Eu quero ficar perto
Mas com a hipoteca
De tudo dar certo
Até para quem defeca
Por necessidade
De cunho fisiológico
Ou por fétida vaidade
Testemunho amor no meu ódio.
Mas com a garantia
De voltar para onde
O céu se desanuvia
Eu quero ficar perto
Mas com a hipoteca
De tudo dar certo
Até para quem defeca
Por necessidade
De cunho fisiológico
Ou por fétida vaidade
Testemunho amor no meu ódio.
domingo, 31 de agosto de 2008
Mortes e partos
Aqui tudo se nubla
Com sóis esparsos
À sorte da lua
Mortes e partos
Não vou ligar agora
Pro que me deixa louco
E totalmente de fora
Ainda é muito pouco
Estou tão tranqüilo
Quanto um coração
De novos centos quilos
E vou em sonho, embora vão,
Como um faminto
De alguma razão.
Com sóis esparsos
À sorte da lua
Mortes e partos
Não vou ligar agora
Pro que me deixa louco
E totalmente de fora
Ainda é muito pouco
Estou tão tranqüilo
Quanto um coração
De novos centos quilos
E vou em sonho, embora vão,
Como um faminto
De alguma razão.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Ao que os deuses me dão
Estou cansado
Do próprio cansaço
Preciso cansá-lo
De tanto abraço
Estou acompanhado
Da minha fiel solidão
Que me faz solidário
Ao que os deuses me dão
Não cruzo os braços
Apenas os dedos
Não colo os pedaços
Mas tenho me refeito
Aprecio meu silêncio
No meio do discurso
Quando tusso e penso:
Pra quê isso tudo?
Do próprio cansaço
Preciso cansá-lo
De tanto abraço
Estou acompanhado
Da minha fiel solidão
Que me faz solidário
Ao que os deuses me dão
Não cruzo os braços
Apenas os dedos
Não colo os pedaços
Mas tenho me refeito
Aprecio meu silêncio
No meio do discurso
Quando tusso e penso:
Pra quê isso tudo?
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Impacto empírico
Não alimento mais o temor
De que o destino esteja errado
Ainda sinto o doce tremor
Ao tocar aquele som no rádio
Pela paz de espírito
Abate-se o corpo
No impacto empírico
De respirar de novo
Mas também não espero uma volta
Ao mesmo decrépito ringue
De denúncias que nunca se esgotam
Gastando o que heroicamente resiste
Através de palavras,
Olhares e gestos
Algo nos salva
De um fim indigesto.
De que o destino esteja errado
Ainda sinto o doce tremor
Ao tocar aquele som no rádio
Pela paz de espírito
Abate-se o corpo
No impacto empírico
De respirar de novo
Mas também não espero uma volta
Ao mesmo decrépito ringue
De denúncias que nunca se esgotam
Gastando o que heroicamente resiste
Através de palavras,
Olhares e gestos
Algo nos salva
De um fim indigesto.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Para o advento da primavera
Sóis diversos
Fundam flamas de versos
E fundem a sisudez
Que me definha por imitar vocês
Chuvas estelares
Lavam almas e lares
Engarrafam o percurso
E me embriagam até ficar lúcido
Flores e amores brotam
Aos borbotões de bostas
Que geneticamente se alteram
Para o advento da primavera
Raízes se dilatam
Alçam marquises e calçadas
E me fazem claudicar
Quando não estou no ar.
Fundam flamas de versos
E fundem a sisudez
Que me definha por imitar vocês
Chuvas estelares
Lavam almas e lares
Engarrafam o percurso
E me embriagam até ficar lúcido
Flores e amores brotam
Aos borbotões de bostas
Que geneticamente se alteram
Para o advento da primavera
Raízes se dilatam
Alçam marquises e calçadas
E me fazem claudicar
Quando não estou no ar.
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
De qualquer forma, qualquer conteúdo
Não me interessam as normas
E as almas vestidas
Que somente ficam mornas
Mas nunca ardentes de vida
Tremendo menos de frieza
Do cínico sereno do que de pavor
Esperam que algo as aqueça
Mais do que o magro cobertor
De qualquer forma
Qualquer conteúdo
É o que conforta
Nem tanto quanto a nata
Uma pitada de tudo
É melhor do que nada.
E as almas vestidas
Que somente ficam mornas
Mas nunca ardentes de vida
Tremendo menos de frieza
Do cínico sereno do que de pavor
Esperam que algo as aqueça
Mais do que o magro cobertor
De qualquer forma
Qualquer conteúdo
É o que conforta
Nem tanto quanto a nata
Uma pitada de tudo
É melhor do que nada.
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Borda bamba
A decisão está tomada
E é irrevogável:
Não decido mais nada
Do que pertence ao tempo hábil
O que não me cabe
Eu despejo na rede e na rua
Antes que acabe
O desejo que continua
O que não mais fica
Em mim eu derramo
Nos rumos sem prumo da rima
Nas melhores casas do ramo
E o que permanece
É apenas a mudança
Dos temas em xeque
Na borda bamba.
E é irrevogável:
Não decido mais nada
Do que pertence ao tempo hábil
O que não me cabe
Eu despejo na rede e na rua
Antes que acabe
O desejo que continua
O que não mais fica
Em mim eu derramo
Nos rumos sem prumo da rima
Nas melhores casas do ramo
E o que permanece
É apenas a mudança
Dos temas em xeque
Na borda bamba.
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Um sorriso, um feitiço
Passa um sorriso
Solar
Sozinho
Pelo ar
Feminino
A me filmar
Traz um feitiço
No olhar
Felino
Tenaz
Tinindo
A me fumar.
Solar
Sozinho
Pelo ar
Feminino
A me filmar
Traz um feitiço
No olhar
Felino
Tenaz
Tinindo
A me fumar.
domingo, 10 de agosto de 2008
A hora viva
Não mais contemplo
Por não estar com tempo
Se bem que tento
Tanto quanto um sedento
Mas depois eu retorno
À realidade sem adornos
Sem os contornos
Com que me transtorno
E fico na expectativa
De fincar a hora viva
De fazer saliva
Parecer lascívia.
Por não estar com tempo
Se bem que tento
Tanto quanto um sedento
Mas depois eu retorno
À realidade sem adornos
Sem os contornos
Com que me transtorno
E fico na expectativa
De fincar a hora viva
De fazer saliva
Parecer lascívia.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Fora onde entro
Eu me percebo fora do enredo
Só agora depois do final falaz
Ao passo que rola a fita, escrevo
E sou passado por quem me faz
Eu me filmo fora do eixo
E me abaixo pra ver se me acho
Se me deixo cair no seu beijo
Facho de luz no marasmo
Eu me observo fora do espelho
Onde entro pra saber quem me vê
Entre a contumácia e o desleixo
Mexo na farsa para que seja você.
Só agora depois do final falaz
Ao passo que rola a fita, escrevo
E sou passado por quem me faz
Eu me filmo fora do eixo
E me abaixo pra ver se me acho
Se me deixo cair no seu beijo
Facho de luz no marasmo
Eu me observo fora do espelho
Onde entro pra saber quem me vê
Entre a contumácia e o desleixo
Mexo na farsa para que seja você.
Refúgio, porto e abrigo
Proclamo-te refúgio
Do meu martírio
Enquanto de mim fujo
Para qualquer paraíso
Que estiver no fluxo
Declaro-te porto
Do meu naufrágio
Enquanto de mim corro
Para qualquer estágio
Que estiver em jogo
Anuncio-te abrigo
Da minha tempestade
Enquanto de mim desligo
Por qualquer personagem
Que estiver comigo.
Do meu martírio
Enquanto de mim fujo
Para qualquer paraíso
Que estiver no fluxo
Declaro-te porto
Do meu naufrágio
Enquanto de mim corro
Para qualquer estágio
Que estiver em jogo
Anuncio-te abrigo
Da minha tempestade
Enquanto de mim desligo
Por qualquer personagem
Que estiver comigo.
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Se não agora
Eu fui embora
Crente que voltaria
A qualquer hora
Feito feitiçaria
Sigo em frente
O que não significa
Adiante para sempre
Diante da vida cíclica
O tempo sem queixa passa
Deixando as cinzas
Fechando a cara
De quem sorri ainda
Contudo continuo indo
A despeito da nostalgia
Tudo fica certo e lindo
Se não agora, nalgum dia.
Crente que voltaria
A qualquer hora
Feito feitiçaria
Sigo em frente
O que não significa
Adiante para sempre
Diante da vida cíclica
O tempo sem queixa passa
Deixando as cinzas
Fechando a cara
De quem sorri ainda
Contudo continuo indo
A despeito da nostalgia
Tudo fica certo e lindo
Se não agora, nalgum dia.
domingo, 3 de agosto de 2008
Deve ser
Deve ser coisa boa
O que altera
O que escoa
Do espírito à matéria
O que sei é que só deve
Admito que não ajuda muito
Mas eu me janto leve
E faminto como um minuto
O que sinto eu considero
Que nem um sorriso de criança
No meio das luzes do cemitério
Na ilusão que anima e cansa
Deve ser alguma coisa
O que parece
O que ecoa
Do espaço à parede.
O que altera
O que escoa
Do espírito à matéria
O que sei é que só deve
Admito que não ajuda muito
Mas eu me janto leve
E faminto como um minuto
O que sinto eu considero
Que nem um sorriso de criança
No meio das luzes do cemitério
Na ilusão que anima e cansa
Deve ser alguma coisa
O que parece
O que ecoa
Do espaço à parede.
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Sonhos e atos
A vida é fatal
E vivida por fatos
De forma frontal
Entre sonhos e atos
Num estranho ritual
De resgate e rapto
Na idade média atual
Dos dias rápidos
A solidão é a tal
Pedra no sapato
Sob uma idéia fractal
De afetos fracos.
E vivida por fatos
De forma frontal
Entre sonhos e atos
Num estranho ritual
De resgate e rapto
Na idade média atual
Dos dias rápidos
A solidão é a tal
Pedra no sapato
Sob uma idéia fractal
De afetos fracos.
domingo, 20 de julho de 2008
No vazio, no verso, no vácuo
Ao longo destes anos
O sonho abandonou o verde
Para um vermelho brando
E o branco furou a parede
As janelas se descortinam
Para o novo visual
E é inútil a surdina
O silêncio diz por geral
Não vacilo diante da tristeza
No vazio, no verso, no vácuo
Até nas coisas que não mais pesam
Agora com um leve tom de fracasso
Contudo, como tudo o que acontece,
Valeu apenas a pena
E lavou-se a alma em prece
Para voltar a ser plena.
O sonho abandonou o verde
Para um vermelho brando
E o branco furou a parede
As janelas se descortinam
Para o novo visual
E é inútil a surdina
O silêncio diz por geral
Não vacilo diante da tristeza
No vazio, no verso, no vácuo
Até nas coisas que não mais pesam
Agora com um leve tom de fracasso
Contudo, como tudo o que acontece,
Valeu apenas a pena
E lavou-se a alma em prece
Para voltar a ser plena.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Passo
Ando por entre os prédios
Para espantar o frio
Soprado da praia
Quando tosse o tédio
E me expectoro sozinho
Torço pra que a expiação saia
Passo sem enxergar nos olhos
De quem passa por mim
De quem deixo passar
Colho o imbróglio
E as pragas no jardim
Pra que não me espalhem mais.
Para espantar o frio
Soprado da praia
Quando tosse o tédio
E me expectoro sozinho
Torço pra que a expiação saia
Passo sem enxergar nos olhos
De quem passa por mim
De quem deixo passar
Colho o imbróglio
E as pragas no jardim
Pra que não me espalhem mais.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Oxalá
Consciência bem leve
Para não quebrar a cadeira
Os pensamentos em febre
Não estão de brincadeira
As palavras não arrefecem
As lavas na minha cabeça
E as valas do meu cerne
Oxalá que o tempo esclareça
Almejo que os anjos me levem
Para longe da cratera
Qualquer lugar serve
Se você lá me espera.
Para não quebrar a cadeira
Os pensamentos em febre
Não estão de brincadeira
As palavras não arrefecem
As lavas na minha cabeça
E as valas do meu cerne
Oxalá que o tempo esclareça
Almejo que os anjos me levem
Para longe da cratera
Qualquer lugar serve
Se você lá me espera.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
São tantas coisas
São tantas coisas
Para descrever
Que será pouca
A minha explanação
É preciso força
Para me fazer valer
Mais do que uma mosca
Sobrevoando qualquer chavão
Enquanto não toca nem pousa
O disco para resolver
O mundo em polvorosa
Vamos de circo e pão
Talvez isso possa
Ser melhor para você
Uma bossa nova
Mas prefiro baião.
Para descrever
Que será pouca
A minha explanação
É preciso força
Para me fazer valer
Mais do que uma mosca
Sobrevoando qualquer chavão
Enquanto não toca nem pousa
O disco para resolver
O mundo em polvorosa
Vamos de circo e pão
Talvez isso possa
Ser melhor para você
Uma bossa nova
Mas prefiro baião.
Paraty para mim
Cidade perfeita
Para a aposentadoria
Saudade que me deita
De tão onírica
Confesso que ainda estou por aí
Nos ecos da madrugada
Desvirginado ao proferir
Os meus gozos da alma
Mais do que às vezes é o meu lar
Pelos deuses protegido
Caí na real que é o lugar
Que me remete ao paraíso
Ando em suas ruas em sossego
De pedras etéreas em desalinho
Como se estivesse trôpego
Mesmo sem ter bebido
Parada no tempo
E além do futuro
Paraty é o alento
Até do porto seguro
Recepção feita
Para todas as telepatias
Dispensa sobremesa
Se a refeição principal é poesia.
Para a aposentadoria
Saudade que me deita
De tão onírica
Confesso que ainda estou por aí
Nos ecos da madrugada
Desvirginado ao proferir
Os meus gozos da alma
Mais do que às vezes é o meu lar
Pelos deuses protegido
Caí na real que é o lugar
Que me remete ao paraíso
Ando em suas ruas em sossego
De pedras etéreas em desalinho
Como se estivesse trôpego
Mesmo sem ter bebido
Parada no tempo
E além do futuro
Paraty é o alento
Até do porto seguro
Recepção feita
Para todas as telepatias
Dispensa sobremesa
Se a refeição principal é poesia.
terça-feira, 1 de julho de 2008
Longe do limbo
Um dia qualquer
É o mais importante
Para quem quer
Sorver cada gota de instante
Leve-me direto pra casa
Antes que o teto caia
Se o tempo atrasa
Que o paralelo atraia
Da superstição à fé
Da certeza ao afã
Do chá ao café
Vou achar a solúvel manhã
Tento manter os olhos limpos
E antenados pelo volume do cabelo
Para ver o alvorecer longe do limbo
Penteando a vida sem espelho.
É o mais importante
Para quem quer
Sorver cada gota de instante
Leve-me direto pra casa
Antes que o teto caia
Se o tempo atrasa
Que o paralelo atraia
Da superstição à fé
Da certeza ao afã
Do chá ao café
Vou achar a solúvel manhã
Tento manter os olhos limpos
E antenados pelo volume do cabelo
Para ver o alvorecer longe do limbo
Penteando a vida sem espelho.
sexta-feira, 27 de junho de 2008
Hidrelétrica
O desejo estranho
Que me doma
É do mesmo tamanho
Da minha redoma
Quero estar ao redor
Ser cansa demais
Para raiar e se pôr
Entre nuvens colossais
Trago o meu choro
E me cuspo ao alto
Enquanto me devoro
Não sei se atinjo o alvo
Devo ir junto
E sair da quarentena
Se eu não pergunto
A dúvida aumenta
Não perco mais tempo
Com as horas críticas
Contando e contendo
A vida nunca é ridícula
Que me doma
É do mesmo tamanho
Da minha redoma
Quero estar ao redor
Ser cansa demais
Para raiar e se pôr
Entre nuvens colossais
Trago o meu choro
E me cuspo ao alto
Enquanto me devoro
Não sei se atinjo o alvo
Devo ir junto
E sair da quarentena
Se eu não pergunto
A dúvida aumenta
Não perco mais tempo
Com as horas críticas
Contando e contendo
A vida nunca é ridícula
quarta-feira, 25 de junho de 2008
Volátil
Eu observo de praxe
Se sugere mais novidade
Do que mensagem
Volátil que sou, descuido
Dos meus calçados sujos
Até lavá-los no dilúvio
Meu corpo não se deita
Todo de primeira
Enquanto chora a torneira
Meu coração me agita
Tanto que nem cogita
O tamanho do rolo da fita.
Se sugere mais novidade
Do que mensagem
Volátil que sou, descuido
Dos meus calçados sujos
Até lavá-los no dilúvio
Meu corpo não se deita
Todo de primeira
Enquanto chora a torneira
Meu coração me agita
Tanto que nem cogita
O tamanho do rolo da fita.
Off
Off-fliperama
Off-filipeta
Off-felipe massa de autorama
Off-flipoeta
Em árdua marcha
Até que respire, pire & pife
De graça na praça
Do apreço ao ar livre.
Off-filipeta
Off-felipe massa de autorama
Off-flipoeta
Em árdua marcha
Até que respire, pire & pife
De graça na praça
Do apreço ao ar livre.
Na proesia de Val
Qualquer conversa
Supera o trivial
Sobre a mesa
Copos e algum sal
Pra rebater a cerva
Pra debater qual
Quer papo em conserva
Na proesia de Val.
Supera o trivial
Sobre a mesa
Copos e algum sal
Pra rebater a cerva
Pra debater qual
Quer papo em conserva
Na proesia de Val.
terça-feira, 24 de junho de 2008
São Cosme e Damião, Roberto e Erasmo em pleno São João
Embora eu poste
Em pleno São João
No dia de São Cosme
E Damião
Há doces que se cospem
De antemão
Eu corria muito atrás
Quando era menino
Gostava de ler o Atlas
Decorando nosso hino
Agora ouço Roberto e Erasmo
E admito não pouco pasmo
Que todos estão surdos
E a gentileza soa um absurdo.
Em pleno São João
No dia de São Cosme
E Damião
Há doces que se cospem
De antemão
Eu corria muito atrás
Quando era menino
Gostava de ler o Atlas
Decorando nosso hino
Agora ouço Roberto e Erasmo
E admito não pouco pasmo
Que todos estão surdos
E a gentileza soa um absurdo.
Ossos, regras e coisas afins
Mexo os tamborins
Dos meus dedos ansiosos
Pra arrepiar a pele
Pra requebrar os ossos
Regras e coisas afins
Deixo pro fim de quarta
Quando a fantasia diz até breve
E se veste de gravata.
Dos meus dedos ansiosos
Pra arrepiar a pele
Pra requebrar os ossos
Regras e coisas afins
Deixo pro fim de quarta
Quando a fantasia diz até breve
E se veste de gravata.
Sobre os cegos voluntários
Como um terceiro olho
Sobre os cegos voluntários
Ligou-me logo
Atendi ao chamado
Todos no mesmo barco
Demorei um bocado
Mas entendi o recado
Não é receita de bolo.
Sobre os cegos voluntários
Ligou-me logo
Atendi ao chamado
Todos no mesmo barco
Demorei um bocado
Mas entendi o recado
Não é receita de bolo.
Não me dizia nada, mas ele falava
O olhar do menino
Não me dizia nada
Mas ele falava
Com seu sotaque
Em tom de ataque
Que queria uma calça.
Não me dizia nada
Mas ele falava
Com seu sotaque
Em tom de ataque
Que queria uma calça.
Para qualquer parecer
O corpo é perecível
Nutrir a alma é preciso
Por mais que me desloque
Para qualquer parecer
Vai haver sempre um toque
Subjetivo no que disser.
Nutrir a alma é preciso
Por mais que me desloque
Para qualquer parecer
Vai haver sempre um toque
Subjetivo no que disser.
É fácil ser medíocre
É fácil ser medíocre
Saber o fim do filme
O que será de mim
Parece tão simples
Que fica difícil
A fim de que se refine
O que no início
Por capricho não se define.
Saber o fim do filme
O que será de mim
Parece tão simples
Que fica difícil
A fim de que se refine
O que no início
Por capricho não se define.
De longe desperto dormindo
À noite tudo
Fica mais solar
Quando quero muito
Freqüentar só lá
Antes de a hecatombe assolar
E de soar catacumba vosso lar
E se as profecias fossem refeitas
Virando um feriado no domingo
E escafandros para borboletas?
De longe desperto dormindo
Depois de o cataclismo
Estiver disposto a ser meu amigo.
Fica mais solar
Quando quero muito
Freqüentar só lá
Antes de a hecatombe assolar
E de soar catacumba vosso lar
E se as profecias fossem refeitas
Virando um feriado no domingo
E escafandros para borboletas?
De longe desperto dormindo
Depois de o cataclismo
Estiver disposto a ser meu amigo.
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Do balde ao rio
Um dia se descobre
A baldia contenção
Da cobiça nobre
Sob movediça tensão
Do balde ao rio
Boto a cara
E o corpo na janela
O tempo está firme
Para todos os fatos
Em pleno solstício
Talvez não queira
Apelar ao blefe
Ao pular na fronteira
Entre a órbita leve
E o glamour do abismo
Bato as asas,
À porta e a tecla
Por uma ponta no filme
Sei que não é fácil
Portanto eu me arrisco.
A baldia contenção
Da cobiça nobre
Sob movediça tensão
Do balde ao rio
Boto a cara
E o corpo na janela
O tempo está firme
Para todos os fatos
Em pleno solstício
Talvez não queira
Apelar ao blefe
Ao pular na fronteira
Entre a órbita leve
E o glamour do abismo
Bato as asas,
À porta e a tecla
Por uma ponta no filme
Sei que não é fácil
Portanto eu me arrisco.
terça-feira, 17 de junho de 2008
A seja lá o que for
Não sou ator
Nem aspirante
A seja lá o que for
Que a sorte me chame
Não sou um perdedor
Nem invicto no tatame
Pra sair de onde estou
Eu ando em transe
Não sou mediador
Muito menos militante
Da minha própria dor
Apupada no palanque
Não sou curador
Nem marchand
De obras sem valor
Estética estanque
Não sei quem botou
Água no champanhe
Pra quem se sabotou
Falta outra chance
Nunca fui professor
Mas um estudante
Que se confessou
Inapto no exame
Não me acho desertor
Tampouco infame
Conheço quem eu sou
Por mais que me estranhe.
Nem aspirante
A seja lá o que for
Que a sorte me chame
Não sou um perdedor
Nem invicto no tatame
Pra sair de onde estou
Eu ando em transe
Não sou mediador
Muito menos militante
Da minha própria dor
Apupada no palanque
Não sou curador
Nem marchand
De obras sem valor
Estética estanque
Não sei quem botou
Água no champanhe
Pra quem se sabotou
Falta outra chance
Nunca fui professor
Mas um estudante
Que se confessou
Inapto no exame
Não me acho desertor
Tampouco infame
Conheço quem eu sou
Por mais que me estranhe.
segunda-feira, 16 de junho de 2008
Da era de Aquário
Uma alegria
De água fresca
E sombria
Entorna certeza
Errática e sóbria
E as cartas na mesa
Não sei se as leio
Ou se as jogo
Seriamente alheio
Ou se apago o fogo
Ou se me incendeio
Cedo logo
Aos ditames
Do tempo sábio
Bem antes
De ficar inábil
E distante
Da era de Aquário.
De água fresca
E sombria
Entorna certeza
Errática e sóbria
E as cartas na mesa
Não sei se as leio
Ou se as jogo
Seriamente alheio
Ou se apago o fogo
Ou se me incendeio
Cedo logo
Aos ditames
Do tempo sábio
Bem antes
De ficar inábil
E distante
Da era de Aquário.
domingo, 8 de junho de 2008
O sol mágico
Além da alcova
Existe o sol mágico
Qualquer luz nova
Alivia o náufrago
No caminho externo
O que parecia
Impreterível e eterno
Já perecia
Pintam tantos pactos aflitos
Até o pára-raio vulcanizar
O diabo e outros detritos
E o árido se derreter em mar.
Existe o sol mágico
Qualquer luz nova
Alivia o náufrago
No caminho externo
O que parecia
Impreterível e eterno
Já perecia
Pintam tantos pactos aflitos
Até o pára-raio vulcanizar
O diabo e outros detritos
E o árido se derreter em mar.
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Só junto
Não estou mais indeciso
Entre o aferro
E a estreita fresta
Não mais tremulo
Entre o fantasma
E o espasmo do cadáver
Não é nenhum paraíso
Muito menos inferno
Nem motivo para festa
Quero jazer só junto
Ao que me entusiasma
A usar novas chaves.
Entre o aferro
E a estreita fresta
Não mais tremulo
Entre o fantasma
E o espasmo do cadáver
Não é nenhum paraíso
Muito menos inferno
Nem motivo para festa
Quero jazer só junto
Ao que me entusiasma
A usar novas chaves.
terça-feira, 27 de maio de 2008
Estrelas no jardim
Na bondade de deixar de ser
O que me deixa assim
Sem vontade de querer
Botar logo um fim
Hei de descer
De onde eu vim
Para com o sol ascender
E acender os dias ruins
Necessito ceder
A fim de nascer enfim
Depois que chover
Estrelas no jardim
Poderei colher
Menos não do que sim
Dos santos, de você,
Do tempo e de mim.
O que me deixa assim
Sem vontade de querer
Botar logo um fim
Hei de descer
De onde eu vim
Para com o sol ascender
E acender os dias ruins
Necessito ceder
A fim de nascer enfim
Depois que chover
Estrelas no jardim
Poderei colher
Menos não do que sim
Dos santos, de você,
Do tempo e de mim.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Benesses
Enquanto domo o sono
Sei como o tempo me encara
Entre fantoche e dono
Da minha fortuna rara
No outono tudo parece
Um sonho tão remoto
Que me traz benesses
Até dos terremotos
As águas-de-coco
Jorrando das calçadas
Apagam das tochas o fogo
E das solas as pegadas
A divindade escreve
Com sacolejo próprio
Em temperatura de febre
Os cabíveis versos tortos.
Sei como o tempo me encara
Entre fantoche e dono
Da minha fortuna rara
No outono tudo parece
Um sonho tão remoto
Que me traz benesses
Até dos terremotos
As águas-de-coco
Jorrando das calçadas
Apagam das tochas o fogo
E das solas as pegadas
A divindade escreve
Com sacolejo próprio
Em temperatura de febre
Os cabíveis versos tortos.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Respostas repostas
Se as perguntas
Estão mais difíceis
Do que nunca
Pintarão os revides
Pois nada disso é causa
Para desatino e pressa
Sem destino autêntico
Se as respostas
Andam demovidas
Serão repostas
Ainda nesta vida
Apenas o fito na calma
Onde o infinito se manifesta
Dará o grito a contento.
Estão mais difíceis
Do que nunca
Pintarão os revides
Pois nada disso é causa
Para desatino e pressa
Sem destino autêntico
Se as respostas
Andam demovidas
Serão repostas
Ainda nesta vida
Apenas o fito na calma
Onde o infinito se manifesta
Dará o grito a contento.
terça-feira, 6 de maio de 2008
Em nós o reconhecimento
A lua é nova
No mole firmamento
Sem nenhuma folga
Saturno está sempre atento
O mar é grande
E fatal feito o tempo
Sem nenhuma chance
Netuno só parece sereno
A vida é nossa
Sobretudo no pensamento
Sem nenhuma hora
Mercúrio não é mais lento
O amor expande
Em nós o reconhecimento
De um senhor romance
E envelhece o esquecimento.
No mole firmamento
Sem nenhuma folga
Saturno está sempre atento
O mar é grande
E fatal feito o tempo
Sem nenhuma chance
Netuno só parece sereno
A vida é nossa
Sobretudo no pensamento
Sem nenhuma hora
Mercúrio não é mais lento
O amor expande
Em nós o reconhecimento
De um senhor romance
E envelhece o esquecimento.
sábado, 3 de maio de 2008
Um retiro no escuro
Um retiro no escuro
Um fluxo às cegas
No tato, no susto
Um salto na selva
Um novo tiro
Para as nuvens
Claras no abismo
De grilos inúteis
Entre o nulo verbo
Da língua telepática
E o profético verso
Ainda na fábrica
Um pródigo norte
Aos pés sábios
Através de um forte
Sabor de sábado.
Um fluxo às cegas
No tato, no susto
Um salto na selva
Um novo tiro
Para as nuvens
Claras no abismo
De grilos inúteis
Entre o nulo verbo
Da língua telepática
E o profético verso
Ainda na fábrica
Um pródigo norte
Aos pés sábios
Através de um forte
Sabor de sábado.
sexta-feira, 25 de abril de 2008
De uns tempos pra cá
Passei a querer ser
De uns tempos pra cá
O que tento parecer
Preciso me procurar
Ao riscar o fósforo
Ao correr o risco
Ao rasgar as fotos
Em que estou ridículo
Apenas para quem teme
Perder o que pensa que tem
Sobre a terra que treme
Inumando o desumano trem.
De uns tempos pra cá
O que tento parecer
Preciso me procurar
Ao riscar o fósforo
Ao correr o risco
Ao rasgar as fotos
Em que estou ridículo
Apenas para quem teme
Perder o que pensa que tem
Sobre a terra que treme
Inumando o desumano trem.
segunda-feira, 21 de abril de 2008
Sob domesticação selvagem
Não posso regressar
Quando fui tanto pra frente
Se eu ando pra trás
O tempo fica logo impaciente
Agora eu não recuo
É tarde para quem pensa
Na saudade cara de um minuto
A idade declara sem clemência
Mesmo arfando, não retrocedo
Depois que abiscoitei coragem
Abafando medo
Sob domesticação selvagem
Na onda do oceano
Que estronda até no retorno
Ao passar dos anos
Às estrelas através do lodo.
Quando fui tanto pra frente
Se eu ando pra trás
O tempo fica logo impaciente
Agora eu não recuo
É tarde para quem pensa
Na saudade cara de um minuto
A idade declara sem clemência
Mesmo arfando, não retrocedo
Depois que abiscoitei coragem
Abafando medo
Sob domesticação selvagem
Na onda do oceano
Que estronda até no retorno
Ao passar dos anos
Às estrelas através do lodo.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Cheio de horizontes
Antes que me desmonte
Distante da alma
Laxante do ar
Enxergo uma ponte
Chego a arquitetá-la
Por apreço ao lugar
Nado neste monte
De fardo, de água
Chamado de mar
Cheio de horizontes
Com cheiro de nada
Feito por não tentar.
Distante da alma
Laxante do ar
Enxergo uma ponte
Chego a arquitetá-la
Por apreço ao lugar
Nado neste monte
De fardo, de água
Chamado de mar
Cheio de horizontes
Com cheiro de nada
Feito por não tentar.
terça-feira, 15 de abril de 2008
Calores e incêndios
Se os meus desejos são
Irmãos dos do seu coração
Bebamos do refresco do tempo
Entre calores e incêndios
Naveguemos no que nos circunda
E não nos afunda nunca
A despeito das tempestades
E dos egos em combate
Nossa química passa por cima
Dos belicosos climas
De frases bombásticas
E ávidas pela última palavra
Nada como um armistício ao telefone
No desígnio de adormecer a noite insone
Se os meus sonhos se assemelham
Aos que lhe despertam a cabeça.
Irmãos dos do seu coração
Bebamos do refresco do tempo
Entre calores e incêndios
Naveguemos no que nos circunda
E não nos afunda nunca
A despeito das tempestades
E dos egos em combate
Nossa química passa por cima
Dos belicosos climas
De frases bombásticas
E ávidas pela última palavra
Nada como um armistício ao telefone
No desígnio de adormecer a noite insone
Se os meus sonhos se assemelham
Aos que lhe despertam a cabeça.
sábado, 12 de abril de 2008
A cada dia pintado a óleo
Eu me contento
Não é que eu me engane
Com as coisas incorpóreas que tenho
Da história e no espírito a sangue
Eu me satisfaço
Não é que eu abdique
As idéias absurdas que faço
Com garra, na guerra e no piquenique
Longe de ser pernóstico
Tiro o meu chapéu
E o velho véu daqueles óculos
Para reconhecer o céu
A cada dia pintado a óleo
Graças a um alheio pincel
Mas íntimo aos olhos
Desde que o mundo nasceu.
Não é que eu me engane
Com as coisas incorpóreas que tenho
Da história e no espírito a sangue
Eu me satisfaço
Não é que eu abdique
As idéias absurdas que faço
Com garra, na guerra e no piquenique
Longe de ser pernóstico
Tiro o meu chapéu
E o velho véu daqueles óculos
Para reconhecer o céu
A cada dia pintado a óleo
Graças a um alheio pincel
Mas íntimo aos olhos
Desde que o mundo nasceu.
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Do que te fere em mim
Eu fico mais abjeto
Do que anjo no inferno
Quando te molesto
Eu estou dividido
Entre o sigilo tímido
E o grato grito
Eu me sinto tão só
Quanto o que te dói
Espólio de brechó
Eu sou a tua família
E tu és a minha
Conexão transvitalícia.
Do que anjo no inferno
Quando te molesto
Eu estou dividido
Entre o sigilo tímido
E o grato grito
Eu me sinto tão só
Quanto o que te dói
Espólio de brechó
Eu sou a tua família
E tu és a minha
Conexão transvitalícia.
terça-feira, 8 de abril de 2008
A misteriosa bússola
Os dias andam tão depressa
Que amanhã o ano acaba
Sem nenhum afã para a festa
A fim de que o calendário não saiba
Confesso que estou confuso
Não sei se alguém me explora
Ou se eu próprio me uso
No mofo que produzo agora
Desta parede de intrigas
Podem cair raros quadros
Porém somos almas amigas
Em corpos conjugados
É mister me guiar pelo coração
A seguir a misteriosa bússola
Porque as portas se abrirão
Para prosseguir com a busca
Que amanhã o ano acaba
Sem nenhum afã para a festa
A fim de que o calendário não saiba
Confesso que estou confuso
Não sei se alguém me explora
Ou se eu próprio me uso
No mofo que produzo agora
Desta parede de intrigas
Podem cair raros quadros
Porém somos almas amigas
Em corpos conjugados
É mister me guiar pelo coração
A seguir a misteriosa bússola
Porque as portas se abrirão
Para prosseguir com a busca
domingo, 6 de abril de 2008
Numa hora dessas
Quando acaba a adolescência tardia
Os meus trajes a rancor
No ocaso coberto de razão e de dia
Extraem o que não combinou
Sei que não posso me afugentar
Da minha própria caveira às pressas
Mas eu me aventuro a agendar
Um encontro comigo numa hora dessas
Só pra cruzar o rio de jacarés
Da fortaleza munida de armas
À procura da fleuma de muitos mil-réis
No mercado dos carmas.
Os meus trajes a rancor
No ocaso coberto de razão e de dia
Extraem o que não combinou
Sei que não posso me afugentar
Da minha própria caveira às pressas
Mas eu me aventuro a agendar
Um encontro comigo numa hora dessas
Só pra cruzar o rio de jacarés
Da fortaleza munida de armas
À procura da fleuma de muitos mil-réis
No mercado dos carmas.
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Maiores pormenores
Um farelo de juízo
Uma pitada de finura
Entre o apego e o aviso
Arredo o afeto da fúria
Uma miséria de cautela
Uma bagatela de calma
Enquanto o tempo atropela
Quando não pára
Uma migalha de espelho
Uma nesga de olhar
Para dentro de si mesmo
Guarda a casa singular.
Uma pitada de finura
Entre o apego e o aviso
Arredo o afeto da fúria
Uma miséria de cautela
Uma bagatela de calma
Enquanto o tempo atropela
Quando não pára
Uma migalha de espelho
Uma nesga de olhar
Para dentro de si mesmo
Guarda a casa singular.
sábado, 29 de março de 2008
Vigas e alvenaria
Enquanto as pessoas passeiam
Cantando numa boa no inferno
Eu tento ser mais do que uma idéia
Cada dia que atravesso é livro
E dica para os versos que ponho
Entre vigas e alvenaria do abrigo
Ao passo que as pessoas dançam
No atraso que pensa em ser eterno
Eu experimento a nossa esperança
No olho do furacão medonho
Fora o medo da fusão, há indícios
Demais para ser só um sonho.
Cantando numa boa no inferno
Eu tento ser mais do que uma idéia
Cada dia que atravesso é livro
E dica para os versos que ponho
Entre vigas e alvenaria do abrigo
Ao passo que as pessoas dançam
No atraso que pensa em ser eterno
Eu experimento a nossa esperança
No olho do furacão medonho
Fora o medo da fusão, há indícios
Demais para ser só um sonho.
terça-feira, 25 de março de 2008
Como sempre se quis
Chega de saudade
Que chegue salutar
E saliente a felicidade
A fim de nos saudar
Como sempre se quis
Embora não pareça
Por causas e casos hostis
Basta de jogos
Basta nos jogarmos
À vida tão logo
O maremoto vire lago
E ainda a página e a mesa
Para um arremate feliz
O acaso nos arremessa.
Que chegue salutar
E saliente a felicidade
A fim de nos saudar
Como sempre se quis
Embora não pareça
Por causas e casos hostis
Basta de jogos
Basta nos jogarmos
À vida tão logo
O maremoto vire lago
E ainda a página e a mesa
Para um arremate feliz
O acaso nos arremessa.
segunda-feira, 24 de março de 2008
Por volta das nove da noite de amanhã ou Qualquer data de validade
Ludibrio a fome que não some
Com quase um litro de som
Espero alguém que me ame
Por volta das nove da noite de amanhã
Escultura de unhas caninas
Deportação de cravos
E das conterrâneas espinhas
Do rosto menos pesado
Tirando os fios brancos
Do couro cabeludo
Da capa do crânio
Do cérebro em estudo
Penso que venço o tempo
Mas é só a mim mesmo
Qualquer data de validade
Mata cedo ou tarde.
Com quase um litro de som
Espero alguém que me ame
Por volta das nove da noite de amanhã
Escultura de unhas caninas
Deportação de cravos
E das conterrâneas espinhas
Do rosto menos pesado
Tirando os fios brancos
Do couro cabeludo
Da capa do crânio
Do cérebro em estudo
Penso que venço o tempo
Mas é só a mim mesmo
Qualquer data de validade
Mata cedo ou tarde.
domingo, 23 de março de 2008
Graça e agressão
Não quero mais obter
A felicidade ingrata
Agora me apetecem
Novas formas de saber
E de saborear a inata
Soberba da espécie
Não gosto mais de agradecer
Pela felicidade irresistível
E falsificada nos intervalos
Em graça e agressão ao ser
Hipnotizado no hospício
De rédeas, alfafas, éguas e cavalos
Não preciso mais perder
A felicidade interior
E ardente desde sempre
Para outra vez me compadecer
Ao perceber o sabor
Acerbo entre os dentes.
A felicidade ingrata
Agora me apetecem
Novas formas de saber
E de saborear a inata
Soberba da espécie
Não gosto mais de agradecer
Pela felicidade irresistível
E falsificada nos intervalos
Em graça e agressão ao ser
Hipnotizado no hospício
De rédeas, alfafas, éguas e cavalos
Não preciso mais perder
A felicidade interior
E ardente desde sempre
Para outra vez me compadecer
Ao perceber o sabor
Acerbo entre os dentes.
sábado, 22 de março de 2008
Apesar da gravidade
Nas cores leves do dia
Alegre de aleluia
Pior nunca do que tardia
A plenitude da lua
E das estrelas de outros futuros
Apesar da gravidade
Do fácil entendimento
Ao pisar os pés de chumbo
É como se sobrevoasse
O baque após este momento
Além do sábado
E do estado do continente
De pés de barro
E de utopias pertinentes.
Alegre de aleluia
Pior nunca do que tardia
A plenitude da lua
E das estrelas de outros futuros
Apesar da gravidade
Do fácil entendimento
Ao pisar os pés de chumbo
É como se sobrevoasse
O baque após este momento
Além do sábado
E do estado do continente
De pés de barro
E de utopias pertinentes.
quarta-feira, 19 de março de 2008
Depois do dilúculo
O estômago queima
De chocolate no vácuo
E a noite em ondas teima
Em chacoalhar o barco
Depois do dilúculo
Durante o calor fraco
Dentadas nos músculos
Salivam por sustentáculos
Os livros de astrologia
Proporcionam algo
Que eu já compreendia
Num sentido mágico
Coca-cola zero
A essa hora sugere obstáculos
Na caça por sossego
Mas não embaça como álcool.
De chocolate no vácuo
E a noite em ondas teima
Em chacoalhar o barco
Depois do dilúculo
Durante o calor fraco
Dentadas nos músculos
Salivam por sustentáculos
Os livros de astrologia
Proporcionam algo
Que eu já compreendia
Num sentido mágico
Coca-cola zero
A essa hora sugere obstáculos
Na caça por sossego
Mas não embaça como álcool.
sábado, 15 de março de 2008
Cigarra
Não sou mais supérfluo
Com briosa paz, eu supero
Os encantos do efêmero
E os quebrantos de Érebo
Os tempos estão estranhos
E sinto uma calma higiênica
Mas ainda me banho
Com uma fina urgência
Não posso ser tão melífluo
Senão adoço demais e me melo
Com a burocracia das formigas
Sou cigarra antes das cinzas.
Com briosa paz, eu supero
Os encantos do efêmero
E os quebrantos de Érebo
Os tempos estão estranhos
E sinto uma calma higiênica
Mas ainda me banho
Com uma fina urgência
Não posso ser tão melífluo
Senão adoço demais e me melo
Com a burocracia das formigas
Sou cigarra antes das cinzas.
terça-feira, 11 de março de 2008
Um amor tão
Um amor tão belo
Abole com beijos
O clima bélico
Pra não ficar cabreiro
Um amor tão robusto
Quanto brusco
Faz jus a estátuas e bustos
Em locais públicos
E não é em virtude
Da inversão dos pólos
Nem do degelo das calotas
Mas para estar amiúde
No cinema dos olhos
Ou, ao menos, à porta.
Abole com beijos
O clima bélico
Pra não ficar cabreiro
Um amor tão robusto
Quanto brusco
Faz jus a estátuas e bustos
Em locais públicos
E não é em virtude
Da inversão dos pólos
Nem do degelo das calotas
Mas para estar amiúde
No cinema dos olhos
Ou, ao menos, à porta.
terça-feira, 4 de março de 2008
Secreto decreto
É mais do que uma mera frase:
Uma nova era nasce
Alheia à cova de praxe
E anexa às covas da face
Deixa de ser entrave
Queixa-se do quase
E derrota a imobilidade
Da porta sem a chave.
É muito menos capricho
Do que um secreto decreto
Reciclo o tempo e o lixo
Já fedendo de velho
E no melhor sentido
Eu me altero
Para me aturar fixo
Na altura do que for descoberto.
Uma nova era nasce
Alheia à cova de praxe
E anexa às covas da face
Deixa de ser entrave
Queixa-se do quase
E derrota a imobilidade
Da porta sem a chave.
É muito menos capricho
Do que um secreto decreto
Reciclo o tempo e o lixo
Já fedendo de velho
E no melhor sentido
Eu me altero
Para me aturar fixo
Na altura do que for descoberto.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Sorrindo por sorte
No fim tudo se resolve
Feito um rio que flui
Sorrindo por sorte
Não vou mais aonde fui
Já sei a prova dos nove
E como o ego me comove e me rui
As palavras no cofre
Sofrem enquanto não se conclui
O mistério de conceber estrofes....
Feito um rio que flui
Sorrindo por sorte
Não vou mais aonde fui
Já sei a prova dos nove
E como o ego me comove e me rui
As palavras no cofre
Sofrem enquanto não se conclui
O mistério de conceber estrofes....
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Até surgir o sentido
Não peço que acredite
Apenas observe
Admito meus limites
Meu vício é a verve
Abstêmio de substâncias
Pesadas e leves
Mantenho comigo a ânsia
De quem não escreve
Até surgir o sentido
De algo que nunca teve
Para aqueles convencidos
De que a arte não serve.
Apenas observe
Admito meus limites
Meu vício é a verve
Abstêmio de substâncias
Pesadas e leves
Mantenho comigo a ânsia
De quem não escreve
Até surgir o sentido
De algo que nunca teve
Para aqueles convencidos
De que a arte não serve.
Para o saldo virar positivo
Como se eu não tivesse futuro
Tampouco passado
Por este caminho duro
Sinto o presente menos fechado
Mais presente do que mudo
Mudo o que prima
De errado no mundo
Erradico do clima
O desvairado lucro
Para o saldo virar positivo
Enquanto me desiludo
Com os senis princípios
No intuito de sugar o sumo
Fresco da chuva singular
Com que me asseio a rumo
Do meu berço, do meu lugar.
Tampouco passado
Por este caminho duro
Sinto o presente menos fechado
Mais presente do que mudo
Mudo o que prima
De errado no mundo
Erradico do clima
O desvairado lucro
Para o saldo virar positivo
Enquanto me desiludo
Com os senis princípios
No intuito de sugar o sumo
Fresco da chuva singular
Com que me asseio a rumo
Do meu berço, do meu lugar.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Meditar
De coração aberto
E pensamento quieto
Careço me editar
Só com melhores momentos
A fim de que recorde ao meditar
Tudo o que seremos
Para quando me ditar
Consigo, meu sustento.
E pensamento quieto
Careço me editar
Só com melhores momentos
A fim de que recorde ao meditar
Tudo o que seremos
Para quando me ditar
Consigo, meu sustento.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Fora do tempo
Continuo crendo
Em horas e minutos do dia
Fora do tempo
Segue célere o trem
Com desdém na trilha
Parece que nada o detém
Porém só aparenta
Enquanto não descarrila
Na próxima tormenta
Longe de alarmes
Despertemos pra vida
É alma em vez de carne
O absurdo se descarta
Quando se concilia
Com as coisas abstratas.
Em horas e minutos do dia
Fora do tempo
Segue célere o trem
Com desdém na trilha
Parece que nada o detém
Porém só aparenta
Enquanto não descarrila
Na próxima tormenta
Longe de alarmes
Despertemos pra vida
É alma em vez de carne
O absurdo se descarta
Quando se concilia
Com as coisas abstratas.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
O que nesses dias sucede
Estou resignado e cansado
De gastar com geral o meu latim
De me jogar pra tudo quanto é lado
Julgando que é melhor assim
Reconheço que não presta
Bater a minha cabeça grogue
Em todos os bares e festas
Esperando que alguém brote
O que nesses dias sucede
Transcende o próprio sucesso
Sacia o apetite e a sede
E seduz além dos limites do sexo
Não há nenhuma pessoa
No seu e em qualquer lugar
Que me entenda e me ouça
Apenas pela força do olhar
Por mais que eu invente
Palavras, conjunturas e gestos
Nunca estaremos ausentes
É sólido, gasoso, líquido e certo.
De gastar com geral o meu latim
De me jogar pra tudo quanto é lado
Julgando que é melhor assim
Reconheço que não presta
Bater a minha cabeça grogue
Em todos os bares e festas
Esperando que alguém brote
O que nesses dias sucede
Transcende o próprio sucesso
Sacia o apetite e a sede
E seduz além dos limites do sexo
Não há nenhuma pessoa
No seu e em qualquer lugar
Que me entenda e me ouça
Apenas pela força do olhar
Por mais que eu invente
Palavras, conjunturas e gestos
Nunca estaremos ausentes
É sólido, gasoso, líquido e certo.
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Ainda ando
Saio da hipnose
Entro na minha alma
Como se não fosse
Um grande trauma
Entretanto é
Entre tantos dilemas
Não perco a fé
Tampouco no cinema
Contrariando
As mais otimistas estimativas
Em ondas ainda ando
Às tão estimadas expectativas.
Entro na minha alma
Como se não fosse
Um grande trauma
Entretanto é
Entre tantos dilemas
Não perco a fé
Tampouco no cinema
Contrariando
As mais otimistas estimativas
Em ondas ainda ando
Às tão estimadas expectativas.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Da realidade do absurdo
Ouvindo como a chuva
A música que me fez
A vontade única
A última vez
Eu paro e admito
Que os tempos mudaram
Os lábios do infinito
Quase beijando a cara.
Mas não é motivo de susto
Para quem não tem medo
Da realidade do absurdo
Eu vivo e recomendo
Um pouco mais de mundo
De loucos acontecimentos.
A música que me fez
A vontade única
A última vez
Eu paro e admito
Que os tempos mudaram
Os lábios do infinito
Quase beijando a cara.
Mas não é motivo de susto
Para quem não tem medo
Da realidade do absurdo
Eu vivo e recomendo
Um pouco mais de mundo
De loucos acontecimentos.
domingo, 27 de janeiro de 2008
A tiracolo
Gasto muito dinheiro
Mas não levarei nada
No dia derradeiro
Da minha jornada
Confesso que bolo
Com as loucuras
Que tenho a tiracolo
No outro lado da lua.
Mas não levarei nada
No dia derradeiro
Da minha jornada
Confesso que bolo
Com as loucuras
Que tenho a tiracolo
No outro lado da lua.
Escrevo
Escrevo de modo compulsivo
Para moldar a solidão
Senão eu não sobrevivo
Nem se tivesse um milhão
De reais privilégios
Se eu não escrevesse
Seria um sacrilégio
Um maior estresse
Escrevo para não parecer
Parado, enfadonho
Não saboto o que serei
Concordo com os meus sonhos.
Para moldar a solidão
Senão eu não sobrevivo
Nem se tivesse um milhão
De reais privilégios
Se eu não escrevesse
Seria um sacrilégio
Um maior estresse
Escrevo para não parecer
Parado, enfadonho
Não saboto o que serei
Concordo com os meus sonhos.
Entregue à sorte
À janela de um lugar
Que nem estudei
Vejo sem olhar
Descubro o que sei
Papel higiênico
Como suporte
Do meu pensamento
Entregue à sorte
Embora sozinho
Não me sinto triste
Longe do ninho
Do dedo em riste
Eu quero na verdade
É passar mal
De tanta felicidade
Afinal, é carnaval.
Que nem estudei
Vejo sem olhar
Descubro o que sei
Papel higiênico
Como suporte
Do meu pensamento
Entregue à sorte
Embora sozinho
Não me sinto triste
Longe do ninho
Do dedo em riste
Eu quero na verdade
É passar mal
De tanta felicidade
Afinal, é carnaval.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Crônica morte anunciada
Conto até dez
Respiro fundo
Mais uma vez
Penso no mundo
Morrendo por leis
Acatados estupros
Eu e todos vocês
Estamos juntos
No mesmo barco
São muitas bocas
Para poucos pratos
Caem as bolsas
Fichas e trocados
Para comprar coisas
Sem nenhum legado
Nem sob fiança ou à força.
Respiro fundo
Mais uma vez
Penso no mundo
Morrendo por leis
Acatados estupros
Eu e todos vocês
Estamos juntos
No mesmo barco
São muitas bocas
Para poucos pratos
Caem as bolsas
Fichas e trocados
Para comprar coisas
Sem nenhum legado
Nem sob fiança ou à força.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
A mídia e a bíblia
O mundo se dilui num escarcéu
Maior do que os presságios
Entre a terra e o céu
Não tem essa de pedágio
Creio menos na mídia
Do que nas entrelinhas
Não leio a bíblia
Sou mais as ladainhas
Assisto aos telejornais
Como se estivesse num enterro
As imagens são tão brutais
Quanto as sessões de descarrego
A humanidade já morreu
Não veio sequer o padre
O que diria o diabo ou Deus
Ao ver sua obra de arte?
Maior do que os presságios
Entre a terra e o céu
Não tem essa de pedágio
Creio menos na mídia
Do que nas entrelinhas
Não leio a bíblia
Sou mais as ladainhas
Assisto aos telejornais
Como se estivesse num enterro
As imagens são tão brutais
Quanto as sessões de descarrego
A humanidade já morreu
Não veio sequer o padre
O que diria o diabo ou Deus
Ao ver sua obra de arte?
Só às vezes
A chuva por ora cessa
A cabeça não fica
Suja nem possessa
Está aberta a bica
Lavo as minhas mãos
E levo as suas
Instrumentos irmãos
Que secam e suam
Água sem mágoa em gás
Verte palavras leves
Como o ar
Bebo a sede
Necessidade tão remota
Quanto as fezes
Que não se mostram
Sempre, só às vezes.
A cabeça não fica
Suja nem possessa
Está aberta a bica
Lavo as minhas mãos
E levo as suas
Instrumentos irmãos
Que secam e suam
Água sem mágoa em gás
Verte palavras leves
Como o ar
Bebo a sede
Necessidade tão remota
Quanto as fezes
Que não se mostram
Sempre, só às vezes.
sábado, 19 de janeiro de 2008
Como um alento
Eu não escrevo
Só por passatempo
A moça da mesa perto
De mim redige correndo
Com ou sem cerveja, versejo
Como um alento
À solidão pétrea
De outras eras.
Eu também gosto de ler
Quando estou só
E nas vezes que quero ser
Jogador de futebol
Talvez não me faça entender
Tampouco o sol
Que teima em esconder
O verdadeiro farol.
Só por passatempo
A moça da mesa perto
De mim redige correndo
Com ou sem cerveja, versejo
Como um alento
À solidão pétrea
De outras eras.
Eu também gosto de ler
Quando estou só
E nas vezes que quero ser
Jogador de futebol
Talvez não me faça entender
Tampouco o sol
Que teima em esconder
O verdadeiro farol.
Eu não me deixo
Estou com os pés
Apontados à porta
Caso não tenha vez
Para as chaves tortas
Estou com a voz quase
Nula de tanto gritar
A inata frase
Que se mata no ar
Eu uso a caneta
No lugar do cigarro
E a minha veneta
Contra qualquer pitaco
Na boa mesmo
Estou bem assim
Eu não me deixo
Nem por mim.
Apontados à porta
Caso não tenha vez
Para as chaves tortas
Estou com a voz quase
Nula de tanto gritar
A inata frase
Que se mata no ar
Eu uso a caneta
No lugar do cigarro
E a minha veneta
Contra qualquer pitaco
Na boa mesmo
Estou bem assim
Eu não me deixo
Nem por mim.
Alternativa
Através de palavras
Não consigo dizer
O que quero que saiba
Não é mesmo pra perceber
Nem que seja na marra
Ou de modo cortês
Cada um vive
Como bem entende
Na loucura, feliz e livre
A vida se faz na lente
E a alternativa num clique
Revela-se pertinente.
Não consigo dizer
O que quero que saiba
Não é mesmo pra perceber
Nem que seja na marra
Ou de modo cortês
Cada um vive
Como bem entende
Na loucura, feliz e livre
A vida se faz na lente
E a alternativa num clique
Revela-se pertinente.
domingo, 13 de janeiro de 2008
Pombos, pipocas e carnaval
Pombos não voam quando
Há pipocas, ainda que poucas,
No chão esquentando
Na cidade carioca
Mal começa o ano
E não ouço outra prosa
Em todos os cantos
Em todas as rodas
É carnaval enquanto
A vida dá escolhas
E eu nem opto tanto
Depois tudo se acorda.
Há pipocas, ainda que poucas,
No chão esquentando
Na cidade carioca
Mal começa o ano
E não ouço outra prosa
Em todos os cantos
Em todas as rodas
É carnaval enquanto
A vida dá escolhas
E eu nem opto tanto
Depois tudo se acorda.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Tenho que arrancar
Tenho que arrancar de casa
Os sacos plásticos cheios
De cinzas, de cacos, de mágoa
E os e-mails da caixa de correio
Tenho que arrancar de mim
As fezes, os medos, os suicídios
A poeira, o gesso, o motim
E esta pessoa da tabela de indivíduos.
Os sacos plásticos cheios
De cinzas, de cacos, de mágoa
E os e-mails da caixa de correio
Tenho que arrancar de mim
As fezes, os medos, os suicídios
A poeira, o gesso, o motim
E esta pessoa da tabela de indivíduos.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
Não mais
Não mais peço
Apenas agradeço
A cada manhã
Que acordo
Não mais desço
Já sei o preço
Amargo da maçã
Que mordo
Não mais meço
O que perco
E as posses vãs
Que engodo
Não mais esqueço
O meu endereço
De nunca pra amanhã
Eu transbordo.
Apenas agradeço
A cada manhã
Que acordo
Não mais desço
Já sei o preço
Amargo da maçã
Que mordo
Não mais meço
O que perco
E as posses vãs
Que engodo
Não mais esqueço
O meu endereço
De nunca pra amanhã
Eu transbordo.
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
Sou uma pessoa
Tirei o dedo da tomada
Rasguei o medo e a camisa
Sou uma pessoa aguerrida
E a decisão está tomada
Larguei a bola de ferro
Recebi alta do hospital
Sou uma pessoa capital
Se não for, eu me ferro.
Rasguei o medo e a camisa
Sou uma pessoa aguerrida
E a decisão está tomada
Larguei a bola de ferro
Recebi alta do hospital
Sou uma pessoa capital
Se não for, eu me ferro.
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