sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Para quem pensa

Para quem pensa
Que sabe o que se passa
Nos meus miolos
A pessoa acha apenas
E não encontra palavra
Alguma dos meus olhos.

O silêncio é uma sentença
Maior do que a alma
Cujo suor sai por poros
Incógnitos à ciência
Quero delibar esta água
E me derramar no córrego.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Arcabouço

Na tentativa de me ver
Através de um espelho
Sem reflexo nenhum
Noto que eu não sou você
Muito menos modelo
Com um sorriso de costume

Na experiência de expor
O que tenho no arcabouço
Além do imo e do clima
Percebo os limites do meu interior
A mudança começa aos poucos
E ignora quando termina

Respirando com fleuma
Consciência e profundidade
Evaporam-se os problemas
E se traz e se traga o que vale

Conspirando em prol
Do que só é benéfico
Transpira o próprio sol
Aonde se vai sem teleférico.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Porque é domingo

Admito que se aumente
O amigo parapeito
Desde que não me saia da mente
A visão apaixonante do precipício

Obedeço até a quem não merece
A quem não mereço
Mas que a discussão não comece
Hoje porque é domingo

É um dia para ficar leve
A ponto de voar a passeio
Via imaginação também serve
Não carece de santo nem de cinto.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Dose de sol

Tento colocar em ordem
A minha cabeça
Que os grilos mordem
Apesar da iminência
Do bom senso ou da sorte
Em tinta ainda fresca
Pinta uma mão sobre
Os ombros da consciência
E outra pra pegar uma dose
De sol antes que a noite beba
Caindo num sadio porre
Sem submissão nem soberba.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A fauna do deserto

Ando descoberto
A pé na rua
Sob uma fina chuva
A fauna do deserto

No país idolatrado
Neste verão senegalês
O oásis da vez
É o ar-condicionado

Com o dinheiro do táxi
Eu volto de ônibus
Ganho um desconto
De quase grátis.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

De guerra e de trégua

Vamos logo sem paredes
Em redes sem intrigas
Apenas em rodas de entregas
E de tragos gratos

Chega de estragos
E de regras desse jogo
De guerra e de trégua
No grito do joio no trigo

Pra dar um tempo à têmpora
Pro radar ficar de molho
Do molho ao dente por tridente
E do olho por ferrolho.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Lá pelas tantas

Cada gesto
É um escândalo
Mesmo discreto
Causa espanto

Os olhos vítreos
Buscam nitidez
Mordiscam os vizinhos
Que ocultam a nudez

E no final das contas
Lá pelas tantas
Horas tontas
Atentas são as plantas.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Muita hora nesta calma

O isolamento se divide
Entre livre e triste
Parece tão longe e simples
O equilíbrio de antanho

As gargalhadas se calam
Muita hora nesta calma
Para desfazer a mala
E lavar a alma no banho

Não é que não tenha
A viagem valido a pena
Apenas saíram de cena
As vendas para dormir sem tardança

Quase nem sempre é por pouco
A insanidade é uma questão de foco
De passagem, de didática e de gosto
Pela estática em plena dança.