quarta-feira, 23 de julho de 2008

Sonhos e atos

A vida é fatal
E vivida por fatos
De forma frontal
Entre sonhos e atos
Num estranho ritual
De resgate e rapto

Na idade média atual
Dos dias rápidos
A solidão é a tal
Pedra no sapato
Sob uma idéia fractal
De afetos fracos.

domingo, 20 de julho de 2008

No vazio, no verso, no vácuo

Ao longo destes anos
O sonho abandonou o verde
Para um vermelho brando
E o branco furou a parede

As janelas se descortinam
Para o novo visual
E é inútil a surdina
O silêncio diz por geral

Não vacilo diante da tristeza
No vazio, no verso, no vácuo
Até nas coisas que não mais pesam
Agora com um leve tom de fracasso

Contudo, como tudo o que acontece,
Valeu apenas a pena
E lavou-se a alma em prece
Para voltar a ser plena.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Passo

Ando por entre os prédios
Para espantar o frio
Soprado da praia

Quando tosse o tédio
E me expectoro sozinho
Torço pra que a expiação saia

Passo sem enxergar nos olhos
De quem passa por mim
De quem deixo passar

Colho o imbróglio
E as pragas no jardim
Pra que não me espalhem mais.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Oxalá

Consciência bem leve
Para não quebrar a cadeira
Os pensamentos em febre
Não estão de brincadeira

As palavras não arrefecem
As lavas na minha cabeça
E as valas do meu cerne
Oxalá que o tempo esclareça

Almejo que os anjos me levem
Para longe da cratera
Qualquer lugar serve
Se você lá me espera.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

São tantas coisas

São tantas coisas
Para descrever
Que será pouca
A minha explanação

É preciso força
Para me fazer valer
Mais do que uma mosca
Sobrevoando qualquer chavão

Enquanto não toca nem pousa
O disco para resolver
O mundo em polvorosa
Vamos de circo e pão

Talvez isso possa
Ser melhor para você
Uma bossa nova
Mas prefiro baião.

Paraty para mim

Cidade perfeita
Para a aposentadoria
Saudade que me deita
De tão onírica

Confesso que ainda estou por aí
Nos ecos da madrugada
Desvirginado ao proferir
Os meus gozos da alma

Mais do que às vezes é o meu lar
Pelos deuses protegido
Caí na real que é o lugar
Que me remete ao paraíso

Ando em suas ruas em sossego
De pedras etéreas em desalinho
Como se estivesse trôpego
Mesmo sem ter bebido

Parada no tempo
E além do futuro
Paraty é o alento
Até do porto seguro

Recepção feita
Para todas as telepatias
Dispensa sobremesa
Se a refeição principal é poesia.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Longe do limbo

Um dia qualquer
É o mais importante
Para quem quer
Sorver cada gota de instante

Leve-me direto pra casa
Antes que o teto caia
Se o tempo atrasa
Que o paralelo atraia

Da superstição à fé
Da certeza ao afã
Do chá ao café
Vou achar a solúvel manhã

Tento manter os olhos limpos
E antenados pelo volume do cabelo
Para ver o alvorecer longe do limbo
Penteando a vida sem espelho.