domingo, 26 de junho de 2022

É uma onda ver

 


O assédio

Ao meu indivíduo

É sério

É assíduo

É necessário

Saber de onde vim

De quem sou originário

Para um dossiê de mim

É uma onda ver

Da varanda

A onda bater

Velha criança

Quando converso

Comigo, com as plantas

E com os versos

Vejo como se anda

Ainda em dias adversos

É uma onda ver.







sábado, 18 de junho de 2022

Está ao redor um poema

 


É um novo documento

Um registro atual

Do meu pensamento

Do meu sinistro canal

Quando não respondo

De forma absoluta

Em estéreo e em mono

Como o mistério se escuta

Está ao redor um poema

Deitando na rede social

Enquanto se pensa

No próximo a sair no jornal

Quando eu não posto nem falo

Você me ouve

Sobre uma noite ou um estalo

Que não é de hoje.





terça-feira, 14 de junho de 2022

O gelo maior do que o mar

 



A gente mora

Numa bola

Azul com espumas

Que flutua

Entre a delicadeza

E a decadência

A gente demora

Mais do que o agora

Às vezes

Para saber o que dizem

Os deuses

Agentes decidem

Não sei quanto a vós

Mas vou aproveitar

O gelo maior do que o mar

Conhecendo cada

Vez mais a minha casa

Para ouvir aquela voz.




segunda-feira, 6 de junho de 2022

Mascar água

 


Mascar água 

Saborear a raiva

Regada à mágoa

Não é conto

De fada

É crônico

Andar pela casa

Atônito, tonto

Pronto para o vômito

Na privada

Na almofada

No meio do sonho

No centro da alma

No canto da sala

No futuro enfadonho 

Na retórica sofismada

Uma porta se fecha

Abrindo um ponto

Ou mais um pouco

Enquanto o tempo deixa

Os catedráticos loucos

E o passado mais longo

Passa o corpo

De bombeiros

Passam as motos

Os tempos eleitoreiros

Passa a ambulância

Passa um ano inteiro

E ficam as lembranças

Estalando no braseiro.