quinta-feira, 21 de junho de 2012

Dentre os talheres


Embora não haja alento
É inútil o desespero
Sempre cabe repetir que o tempo
Sabe nos saborear com seu tempero
Mais do que pimenta, sal ou coentro.

Os dias são as colheres
E os anos, os garfos
Dentre os talheres
É evidente que a faca não corta raso
Feito dente na pele.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Quanto tempo?

Quanto tempo se leva
Para manter acesa a vela?

Apesar da pergunta
Eu sei quanto dura.

A dúvida é de uma
Pessoa que me anula.

Quanto tempo levo
Para matar este ser velho?

sábado, 9 de junho de 2012

Através das paredes

É como se nada tivesse sentido
Só para soar transmoderno
Eu ouço uma canção
Através das paredes
E teclo evitando o barulho
De quem dorme perto de mim
Enquanto ouço o marulho.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Imagem e semelhança


Agora o abismo
Tem feito a mudança na vizinhança
Eu não abomino
A sua vacância
Somos sismos e símios
Em imagem e semelhança

Embora a vida
Seja levada na berlinda
Ela segue linda e atrevida
Uma noite a mais é menos um dia
E a letargia causa alergia
Estou vivo ainda.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Causa justa


É preciso honrar
As causas que veste
Cada causa é justa
E realça
As coisas juntas

É mister urrar
Na casa celeste
Cada casa é única
E abraça
As pessoas que escutam.

Quando não como feijão

Quase entro em depressão
Quando não como feijão
As pessoas engaioladas nos carros
São mais solitárias do que o arroz
Papado e papeado pela cultura
Mas um dia a natureza sutura.