terça-feira, 30 de abril de 2013

A estátua da santa do meu colégio


Da minha visão
Esvaece a cada santo dia
A estátua da santa do meu colégio
Em virtude – e vício - da construção
E da aspiração desmedida
Fotografei seus últimos suspiros sem sacrilégio.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Garrafa pet premiada


Comprei uma garrafa
De dois litros de refrigerante
Que só foi aberta mediante
Marteladas de faca
No intuito de transferir a bebida
Para outro recipiente
Processo a pessoa jurídica
Ou bebo algo diferente?

sábado, 27 de abril de 2013

Quando as ideias forem postas


Quando as ideias forem postas
Em pátina
Não sei se farão apostas
Ou artes plásticas
Para o vestibular,
A corrida do outro

Quando as ideias forem postas
Impávidas
Talvez saiba as respostas
Pelo menos de algumas páginas
De um livro escolar
Do século dezoito.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

A minha teima


Abstraio as roupas velhas
Que não têm mais cabimento
Devido à atual silhueta
E à ação do tempo

Desato a energia presa
E como reconhecimento
Encontro diversos poemas
Em disquetes já obsoletos

A sorte é que sei usar a minha teima
Também nestes momentos
Para exumá-los e exibi-los na feira:
Oh, meus resgatados rebentos!

Estas titicas das estatísticas


A cada vez que alguém pedala
Um carro morre
Ou mata.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Aos transeuntes da praça


As línguas são más, impunes
E mágicas
Quando desmascaram
E difundem
Aos transeuntes da praça
Para quem confunde
Fumaça
Com fantasma
Perante uma nuvem
De radiante calma.




quarta-feira, 17 de abril de 2013

Vem, ser


Sangue nos olhos
Lágrima nas veias
Desconfio se me consolo
Perguntando à caveira
Vencer ou convencer
Vem, ser
Neste êxodo
Do sonho agreste
À felicidade grande:
Denso, logo êxito.

Sonho não é sono


Após o intervalo
Só frio desencapado
Nenhum livro
É lido pela capa
Imaginem na Copa
Dou o ácaro a tapa
Ou tô no
Delírio de janeiro
Na cápsula de veraneio
- Sonho não é sono -
Agora sei o motivo
De ter nascido
N’outono.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Em escala industrial


Quem planta bombas
Em escala industrial
Colhe hecatombes
No seu próprio quintal
Em plena maratona
Que Boston?
E as minas terrestres que detonam
Crianças da África e do Afeganistão?

segunda-feira, 15 de abril de 2013

O impacto da queda da ficha


Mais triste
Do que contente
Porque não aconteceu igual
Para todo mundo

A conquista existe
Mas ainda não se sente
O impacto da queda da ficha será total
Num instante cada vez mais junto.

domingo, 14 de abril de 2013

Um lugar e um alento


A pressa
Tem um preço
Alto à beça
E não se paga com dinheiro
É outra a moeda
De troca
E o que toca
Agora nas novelas
Nunca supera
O que tem sido feito
Organicamente no peito
E na graça antes da Grécia
E nas áureas e árduas épocas
Quando sobressai o talento
Tá lento?
Então vamos devagar
Mas sem tantos receios
Rodeios e freios
Há sempre um lugar
E um alento no tempo
Que as nuvens sabem ligar.


quarta-feira, 10 de abril de 2013

O último futuro


Futuramente, o último
A rir da divina comédia
Numa reza em murmúrios
Deverá arriar as rédeas

Ultimamente, o futuro
Tem chegado depressa
Depreciando os muros
Sem atirar pedra

E o último futuro
Como a adjunta manhã
Será tão útil
Quanto um suco de abacaxi com hortelã.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Há tempos por perto


Dando um tempo
À têmpora
Em pleno temporal
Na precipitação
Da catapulta
E do precipício
Virão a chave e a chuva
O fim vira o início
A porta se apura
O parto se ampara
Pelo porto
Fingido de morto
Aparece o tempo temporão
Há tempos por perto
Há tempo, ora!

Entre as verdades e os mitos


Sobre o documento
Eu não comento:
Conto, aumento
O conteúdo que definha
A folha virtual em branco
Quem lê
As estrelinhas
Vê tudo
Do sangue que estanco
Com a minha tez de vidro fumê
Ao tão estúpido quanto astuto
Telejornal acatado em todo canto
Como deveriam ser as leis
Entre as verdades e os mitos
Há uma edição caprichada
As definições de vírus
Foram atualizadas.


quinta-feira, 4 de abril de 2013

Na travessia da ponte


Quando me deito
Eu fico bem maior
Do que o horizonte
Tudo parece perfeito
A despeito do pavor
Na travessia da ponte
Entre o travesseiro
E os meus sonhos que sei de cor
Ação pra deixá-los menos longe
Do cotidiano rarefeito
Repleto de planos a vapor
Não tusso desde anteontem.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Mais todo


Aprendem-se as lições
Através de ilusões
Desfeitas com lesões
Disfarces de loções
Se as fases lhes são
Difíceis, vocês não se arrependerão
Depois de tudo isso
O mundo é um disco:
Mudam-se as arredias danças
E os lados arranhados das ânsias
Pra quem não tem medo do lodo
De onde se emerge mais todo.


segunda-feira, 1 de abril de 2013

Espírito olímpico


Estou moído e pronto
Mas não como
A minha agonia carnal
Com purê de batata
Muito menos igual
A quem passa
Pela máquina moedora
Em nome da competitividade fora de foco
O espírito olímpico nessas horas
É só um circunlóquio

Estou tão cansado
Quanto aliviado
E aquele monstro
Eu não encontro
Mais nas esquinas
Labirínticas
Da minha cuca
Onde as rotas de fuga
Não são derrotas
Apesar e em decorrência do dia da mentira.