quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Para atravessar os cactos


Junto os cacos
Para sair do caos
Já cadavérico
Em direção a um mais poético
Eu tenho os meus direitos
Que nem sei direito
Espero passarem os carros
Para atravessar os cactos
Que têm muito a me ensinar
Enquanto o sertão não vira mar.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O que pintar do ar


Danço com a ansiedade
Enquanto o otimismo me espera
E a indiferença nem está na festa
- Não foi por falta de convite –

Cada hora leva uma eternidade
E eu ainda não sei como lidar
Com o que pintar do ar
De qualquer forma não será o mesmo limite.

sábado, 27 de outubro de 2012

Daqui


Dá para escrever um tomo
Com os copos que abandono
Por aí

Dá para compor uma marchinha
Com as tragicômicas notícias
Daqui

Dá para acabar com a miséria
Com as economias estratosféricas
Dos oligopólios

Dá para mudar o mundo
A partir da mudança do seu nesse segundo
Nesse piscar de olhos.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Até na vida


Eu poderia cometer as mesmas coisas
Pegar os mesmos ônibus
Gargalhar sem achar graça como um trouxa
Esganar as gargantas dos sonhos

Eu poderia me submeter à velha rotina
Submergir-me nos mesmos ritos de insucessos
Substituir a minha vista pelas já puídas cortinas
Subjugar o meu universo interno

Eu poderia me remeter ao que fui
E me ater à redoma de vícios
Mas até na vida tudo rui e flui
É assim que funciona desde antes do início

Desobstruído suspense


Não quero mais me sentir sem sentido
Sal não é açúcar
O café não tem culpa
Ah, esses dias de outubro
Deixam tudo tão desobstruído
Quanto em suspense
Não é que suspire e pense
De vez em quando
Nem sempre
Por enquanto
Quase nunca
Em noites confusas
Em busca de um sol diferente
Como o sonho da gente.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Esta chuva me trouxe


Esta chuva me trouxe
Uma fome nada doce
Sem fins lucrativos
Só no voluntariado

Esta chuva me trouxe
Reminiscências de outros hojes
Tão presentes quanto longínquos
Quando o passado volta ao passado.



terça-feira, 9 de outubro de 2012

Atrás dos versos


O sol cai apertado
Entre os prédios
Meu coração bate amarelado
Nas veias corre tédio

E eu atravesso
A rua e outros canais
Atrás dos versos
Graças aos sinais.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Cara de um, focinho de outro

Oi, eu vim aqui para falar de mim
Mas geral acha que eu sou outro
No caso, meu cover, meu sócio
Meu sósia, meu bróder, meu gêmeo
Meu signo
Somos uma espécie de univitelinos
gerados pela mãe Net
Cara de um, focinho de outro
No universo virtual eu sou Tchello
E eu me chamo Marcello
Com certidão

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O mínimo de fé


Inevitavelmente o trinta
Recebe uma multidão
Na rua da Conceição
Depois das cinco

E eu só encontrei um pé
Da sua meia tão pequena
Na cama que não mais aumenta
Nas costas a dor

Não é para que cada um sinta
Igual ao meu coração
Ainda sei como as coisas são
Por isso brinco

Mantendo o mínimo de fé
O que difere de quem teima
Em temer o cinema:
O filme não acabou.