sábado, 17 de dezembro de 2016

Numa nau

Quase todas
As minhas memórias
Têm cabimento
Numa caixa organizadora
Sua largura e seu comprimento
Às vezes superam o que lembro
E comportam o caos
Dos primeiros degraus
Do meu corpespírito numa nau
O contêiner
Nem sempre tem
O tamanho
Do meu cérebro de antanho
Tampouco a dimensão
Do meu coração na ocasião
E leva a carga pesada
E leve da caixa
Ao longo da estrada
De terra, de asfalto
De ar e de mar alto
Sem origem nem destino
São tantos registros
Em discos
Auditivos
E visuais
Que eu me sinto
Dentro dos arquivos
Tão afetivos
Quanto digitais
São muitos momentos
Que os jornais sequer sabem
Um jeito de resgate
Uma luta contra o esquecimento
Em busca da própria identidade
Naquelas mídias
Antigas e futuramente bem-vindas
Da minha vida.

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