segunda-feira, 6 de junho de 2022

Mascar água

 


Mascar água 

Saborear a raiva

Regada à mágoa

Não é conto

De fada

É crônico

Andar pela casa

Atônito, tonto

Pronto para o vômito

Na privada

Na almofada

No meio do sonho

No centro da alma

No canto da sala

No futuro enfadonho 

Na retórica sofismada

Uma porta se fecha

Abrindo um ponto

Ou mais um pouco

Enquanto o tempo deixa

Os catedráticos loucos

E o passado mais longo

Passa o corpo

De bombeiros

Passam as motos

Os tempos eleitoreiros

Passa a ambulância

Passa um ano inteiro

E ficam as lembranças

Estalando no braseiro.







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