sexta-feira, 4 de abril de 2025

Agora que bateu



Agora que bateu
A lembrança do esqueleto
Na naftalina do armário
Debaixo do couro
Eu me acho mais eu do que outro
Agora que bateu
A onda que balança o leito

Dentro do aquário
Está fervendo o tesouro
Eu me vejo mais eu do que outro
Agora que bateu
A vontade do aumento do teto
No meio do itinerário
Sem despejo de onde moro

Eu sou mais eu do que outro
Agora que bateu
A saudade da criança ou do leitor
Aparece um novo abecedário
Aprendizado duradouro, garoto
Eu estou mais eu do que outro
Agora que bateu

A fome de um prato feito
Após a longa noite, está claro
Que nem toda água limpa tem cloro
Eu me noto mais eu do que outro
Agora que bateu
O coração corajoso na expansão do peito
Do tabuleiro do jogo, o esquema diário

Das regras rui o velho escritório
Eu me escrevo mais eu do que outro
Agora que bateu
A claquete no estúdio inteiro
Não é mais ficção, é documentário
Do que sou, quando rio e choro
Eu atuo mais eu do que outro.