sábado, 21 de abril de 2018

Da cidade, do hospício

Pulando corda
No gelo fino
Jogando bola
Perto do abismo
Pegando onda
Na praia dos vizinhos
Brincando de amarelinha
No campo minado
Passando a língua
No fio da navalha
Perambulando na rua
Em plena madrugada
Esconde-esconde
Nas trevas da atualidade em casa

Respirando o gás típico
Da cidade, do hospício
Sorvendo o ar enjoativo
Da piscina, da perfumaria.

Andando de condução
Na Avenida Brasil
Assistindo às notícias
Na hora da refeição
Discutindo sobre política
Na Páscoa e no Natal
Revendo amigos de outrora
No churrasco marcado via WhatsApp
Arrotando vitórias
Na corrida do ouro
Bebendo no bar da esquina
A qualquer momento da vida
Repetindo discursos
Das grandes mídias

Respirando o gás típico
Da cidade, do hospício
Sorvendo o ar enjoativo
Da piscina, da perfumaria.

Falando apenas do tempo
Com as pessoas no elevador
Conversando sobre futebol
Com o porteiro e zelador
Atuando em família
Sob as regras da hierarquia
Defendendo de forma canina
A porta de entrada
Agindo como personagem
De uma novela censurada
Enxergando paisagem
Em vez de mendigos
Flertando com o perigo
Pelo livramento do tédio

Respirando o gás típico
Da cidade, do hospício
Sorvendo o ar enjoativo
Da piscina, da perfumaria.

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