terça-feira, 4 de outubro de 2022

Perfumado desespero

 



Sem apelos

Para atrair

Atropelos

Para não seguir

Atrás de pêlo

Em corvo

Quem vai ouvir

O silêncio escroto?

Quem vai mofar

O pedido de socorro?

Embora no sofá 

Eu me locomovo

No mesmo lugar

O sol não pede desculpas 

Pela frieza no ar

Curto ficar na penumbra

Para me enxergar

Sempre, às vezes nunca

Mais telepáticos

Do que verborrágicos

Prorrogam e prosseguem

Os diálogos

Quando conseguem

Caminho com inimigos

Fantoches, mequetrefes 

Perfumado desespero

Acostamento de perigo

Enquanto explode

A tristeza sem exagero

Estrada de desvios 

Entre o chicote

E o terço de terno

Tradicional masoquismo

A escolha da morte

A escalada do império 

De medos e delírios 

Choque de desordem

No quintal do inferno

Em casa, no exílio

No aconchego que morde

Igual a um inseto

Com entrega a domicílio

Antes que a televisão mostre

O monstro ou o mistério.



 






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