A aspereza do apego
A inconsistência do apelo
A distância do aperto
Consciência de graça
Convicção adquirida
Ressurjo também nesta vida
Em cada alvorada
Junto com o sol justo
Até nas manhãs nubladas
Olho da janela para tudo
Como se fosse a primeira vez
Com a vista lavada de pureza
Aprendo a desaprender
A comunicação supera
Pluvialmente a expressão
Eu apenas espero ler
O poema sem interpretá-lo
É um impropério, uma confissão
É uma oração, um estalo
Não penso como pensava
Porém sonho do mesmo jeito
Parece a primeira tomada
O passado traz trejeitos
Renasço em cada alvorada
Escrevo só porque leio
Estou no mesmo corpo
Mas não sou como era
O planeta no papel de esgoto
Analfabetos na biblioteca
Somente se rasga o casulo
Com as asas corretas
Para não sair da panela
E cair no fundo do fogo
Eu nunca sei, é sério, eu juro
Que ignoro o que vou pôr
É igual a tentar ser diretor
Do próprio sonho no minuto
Na hora de adormecer
Embora seja quem for
Será sempre a primeira vez.
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