Uma queda
Faz bem à cabeça
Melhor que seja
De cachoeira
O rio passeia
Por entre as pedras
E massageia
As dores das perdas
As lágrimas
Amaciam os traumas
As águas
Amansam a alma.
Compilação randomicamente ordenada dos versos meus ou de Tchellonious ou de Tchello Melo ou de Marciano Macieira ou de algum lugar.
Uma queda
Faz bem à cabeça
Melhor que seja
De cachoeira
O rio passeia
Por entre as pedras
E massageia
As dores das perdas
As lágrimas
Amaciam os traumas
As águas
Amansam a alma.
Entre os departamentos da loja
Sentem os pensamentos a lógica
Que cai na realidade em gotas
Numa decoração barroca ou gótica
Chinelo,sapato, descalça ou com bota
A humanidade caminha à robótica
Os mercados se escondem na horta
Nem servem os produtos da ótica
Ou elevadores diante da lama
Só o sol lança sua luminosa lâmina.
Humor ácido
Em vez de humor negro
Ovelha desgarrada
Ao invés de ovelha negra
Mercado clandestino
E não mercado negro
Tempos difíceis
Em vez de tempos negros
Lista maldita
No lugar de lista negra
Só pra lembrar
Não se celebra
O vinte de novembro
Dia da consciência negra
Porque a consciência humana
É preconceituosa e racista
Não se denigre, mas se difama.
São tantas conversas
E poucos diálogos
Cada um com sua regra
E seu recado
São sonhos e esperas
Pela utopia do passado
É pausa, é pedra
É o fim do pedaço
São luzes e trevas
Entre o certo e o errado
Não sei se o prazer presta
A quem sabe que é temporário
São instantes e eras
De robôs e dinossauros
Realidades quiméricas
Delírios de longe, por alto.
A minha bela parceira
Nem de Icaraí
Fonseca ou Cachoeiras
Quando a vi, descobri
Que é pra vida inteira
Na hora de sair
Ela me veste dos papéis à cabeça
Eu sou muito feliz
Por tê-la como companheira
E não sei o que fiz
Pra merecer o brilho desta estrela
De tão penetrante
Seu olhar é caso de crime
Já nos encontramos antes
Desta viagem, deste filme
Da Ilha Grande
De Rio das Ostras ou Nikity
Meu amor acachapante
Chama Isa, Bel, Bebel, Isabel Rimes.
Do estado mental
De vigília
Ao de relaxamento
Embarco na nau
Rumo à ilha
Grande do descobrimento
Está na hora de crescer
De deixar de ser
Ingênuo
Sem que eu tire
A criança que vive
Aqui dentro.
Não sei se são problemas
De matemática
Ou do cinema
As diárias
E pequenas
Auto-eutanásias
É estranho e libertador
Estar próximo e alheio
Ao que sou
Depois que leio
Os sinais de amor
No elegante desespero.
Foi na casa da avó dela
Em Santa Rosa
Que comecei a animar festas
Com a minha seleção sonora
Num remoto oitenta e nove
Trilha da novela Top Model
Quando eu tomei bomba
No primeiro vestibular
Para Comunicação Social
Ela me deu a dica e a carona
Ao IACS, mítico lugar
Onde nos graduamos em Produção Cultural
Do milênio passado, do Marília,
Via Salê, à Universidade Federal Fluminense
A bordo da Esquadrilha
Minha amada amiga da primeira série
Desde mil novecentos e oitenta e seis para sempre
É Gisa, Gi, Canjica, Gisella Chinelli!
O futum do futuro
Já está presente
No ar poluto
Realidade nonsense
Eis o fruto da semente
Lançada pelo progresso
Embora se queime
Até quem tem acesso
No interior das nuvens
Ao redor do furdunço
A despeito do perfume
Do velho discurso
Permanece fétido
E cada vez mais perto
Do fim deste mundo
Pintado e cadavérico.
Fabiano Ribeiro
Froes da Cruz
É meu amigo, parceiro
Cheio de graça e luz
Rubro-negro
Muitos Fla X Flus
Já torcemos contra e juntos
E também com a peça compus
Raps sobre qualquer assunto
Aprendi com o colega de classe
Em mil novecentos e noventa e quatro
A comer a carne
Misturada com arroz e feijão
Fomos repórteres cinematográficos
No Haras São Sebastião
Gaiato e desenhista
Ele já me salvou uma porção
De vezes, inclusive a vida
Quando eu não via mais solução
Na praia de Piratininga
Ou no apê do Ingá
Pai de Ozzy, tio de Mathias
Não consigo chamar
O libriano de Fabiano, só de Bião.
Quem sou eu
Na fila do pão?
Teatro, museu
Cinema, televisão
Para onde vou
Com minha carcaça?
Morro, praia, show
Casa, bar, praça
Quem eu sou?
Na escuta, à espera
Da consulta ou
Da live da guerra
Eu vou aonde
Com meu coração?
Poema e sobrenome
Qual é a cotação?
Somos parecidos
Sob telhados de vidro
Para o brilho solar
Eliminar a obscuridade
Embora a claridade
Possa virar pedra
- Faz parte da vereda -
Somos semelhantes
Como vogais e consoantes
Que precisam se acoplar
A fim de que se apalavrem
Em sentido e identidade
Mais do que só uma letra
Faces da mesma moeda.
Não dá mais
Para voltar
A ponte arde
Balança e cai
Olhar para trás
Só não é tarde
Para quem traz
Espelho e saudade
Não podemos mais
Continuar iguais
Ao que éramos
O jeito é irmos em frente
O eterno altera sempre
Que erramos.
Carne exposta
No açougue
É a resposta
Da longa noite
Rasgando o dia
Que as sombras sobrem
Para o sol do meio-dia
Agora só pode ser hoje.