terça-feira, 18 de março de 2025

Tão-somente eu



Eu pensava que era prazer
E não passava de mera languidez
Achava que era você
De aluguel, contudo, no fundo,
Como de praxe, fora tão-somente eu

Naquele normótico mundo
Imodesta moda demodê
Presumia que não ia doer, mas doeu
No fim da festa, supunha soberania
Todavia me sufocava noite e dia

Eu suspeitava que era lazer
Mas era desvario, era morbidez
Considerava que era eu
Mas havia sido um invento meu
Para que evitasse me ver

Julgava singular às vezes
Porém era só no automático, veja
Como os bares e as igrejas
São laboratórios sem deuses
Baby, eu abomino ambulatórios

Pela proteção da saúde
A imaginação é o limite
Por mais que se estude
Não se decora para ser livre
Querida, eu detesto ser outrora

Entendia que era eu
Entretanto, entre tantos para ser,
Não conseguia me reconhecer
Agora tudo o que sei
Sobre mim, sobre quem

Posso vir a ser
Será apenas a minha pessoa
Tão-somente eu, é o que ressoa
Uma voz daqui, na beira do além,
Brotando uma moda vigorosa e boa.





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