Minha vida cabia
Numa fita VHS
Nos dias correntes é fluida
Ainda que não quisesse
A tolerância à intolerância é uma tolice
Minha vida já sabia
O que seria quando cumprisse
Qualquer meta descabida
A esperança lenta me pertence
É o que me cabe ter
Antes que me prense
Vil no vinil do elepê
É minha vida, eu sinto muito
Minhas pelejas participavam
Num cassete de sessenta minutos
Numa fita VHS poeirenta, quase mofada
Atualmente, nada rebobina
Nem serve caneta daquela marca antiga para rolar o som na caixa
Em compasso de espera, quase parado
Com o passo ajustado à perna
Vou cozinhando o galo
Alugo a vista sem cisco da janela
Minha vida cabia num disco, num álbum
Conto cada uma das quarenta gotas
Para adoçar a jarra de mate
Conto com cada segundo que não volta, se é que foi
Segundo meu espírito de combate
Raja minha casa, capital guerra interior.