sexta-feira, 11 de julho de 2025

Fita VHS



Minha vida cabia

Numa fita VHS

Nos dias correntes é fluida

Ainda que não quisesse


A tolerância à intolerância é uma tolice

Minha vida já sabia

O que seria quando cumprisse

Qualquer meta descabida


A esperança lenta me pertence

É o que me cabe ter

Antes que me prense

Vil no vinil do elepê


É minha vida, eu sinto muito

Minhas pelejas participavam

Num cassete de sessenta minutos

Numa fita VHS poeirenta, quase mofada

 

Atualmente, nada rebobina

Nem serve caneta daquela marca antiga para rolar o som na caixa

Em compasso de espera, quase parado

Com o passo ajustado à perna


Vou cozinhando o galo

Alugo a vista sem cisco da janela

Minha vida cabia num disco, num álbum

Conto cada uma das quarenta gotas


Para adoçar a jarra de mate

Conto com cada segundo que não volta, se é que foi

Segundo meu espírito de combate

Raja minha casa, capital guerra interior.

 

Nenhum comentário: