domingo, 7 de setembro de 2025

O que fui já

 




Não temo as sombras
Elas contêm lampejos
Questão de honra
É o contente silêncio
De fazer bem as coisas

A paciência ensina
Que a alma se refina
Através do tempo
Só agora entendi e ainda entendo
Nada melhor do que uma crise

Para impor limites
E me importar comigo
Sozinho me conheci
Quando lutei pra ser meu amigo
Apenas soube de mim

Quando fui aguerrido
E virei o que sou
A melhor decisão
Da minha vida me estragou
O castelo de papelão

Não há necessidade
Nenhuma de conserto em mim
Mas de reconhecimento
Do que já está aqui
Entendi só nesta idade

Não se trata de perfeição
Mas de crescimento
O que exige rompimento
De antigos padrões
Apenas hoje compreendo

A distância de dentro
Mantém a elegância
E gera desapontamento
É um grande certame
Entre o céu e o tatame

A escolha da vereda
Que seja uma escola
De desejos com verdade verdadeira
Compartilho a dor com arrojo
O que fui já foi embora

Expressão leve de ânsia
Abertura a quem me revele o propósito
Afirmação com confiança
E ação intuitivamente criteriosa
O que fui já era: só ficou na foto

Uma nova forma de pensar
Pinta para riscar o fósforo
Ao rasgar o fantasma da tela
Eu resgato nenhum avatar
Reparo da aquarela

As ilusões se dissolvem no ar
Eis o convite à verdade espiritual
Tarefa com mais bravura
A ferida é a força, afinal
A dor é um portal de cura.







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