Uma respiração lenta e profunda
Um restaurador mergulho
Barulho silencioso da cuca
Fagulha do novo mundo
Antes alarde do que nunca.
Os meus versos importam
Mesmo que não se entendam
Tão logo se anotam
Numa noite de veneta sairão as vendas
E vão se abrir veredas e portas.
Uma revelação, um riso, um clique
Uma imersão nada rasa, verdadeira,
Na piscina, na pessoa, na psique
Enquanto se aproxima a outra beira
Do mar, do rio, da lagoa, do filme.
Ao longo da crise e da ameaça
Alongamento anímico e físico
Só há borboleta fora da crisálida
No calor borbulhante e tranquilo
Na fumaça do aquecimento da água
Para o chá, mate ou café
Acolhimento, aconchego
Chão, âncora, chocolate, pés
Com os quais vou e chego
Pés que me deixam de pé
Na estrada de versos e ideias
A estrela mora no fim do túnel
Tudo o que expresso interessa
Embora pareça inútil
A poesia é uma peça, uma prece, uma tela.
As minhas palavras são importantes
Ainda que não sejam entendidas
No mesmíssimo instante
Que se pronunciam
Tranquilas e borbulhantes.