Quanto mais vi da grande peça
Menos pude caber no seu elenco
Tento, falho, não me interessa
O tempo voa se fingindo de lento
O tipo de prosperidade
De que careço
Não é fazer o que tenho vontade
Mas não fazer o que não quero
Todos nascemos insanos
Continuam assim alguns
No passar dos anos
Pelo bulevar dos comuns
Tento mais uma vez só
Fracasso novamente
Um vexame melhor
Mais fresco e quente
A virtude plena
Anula o indivíduo
Com veemência
Da mesma maneira é o vício
Através da indolência
E da ostentação
Oriundas da intransigência
E da tentação
Uma experiência profunda
Nunca, nunca, nunca é serena
Quem argumenta alegando poderio usa
A memória no lugar da inteligência
O que seria da marmita
Sem o forno de micro-ondas?
Uma boia fria, todavia
Não me afogo de fome nem de ondas
Só quem provou sabe como é
Um híbrido de satisfação
E tristeza depois da refeição
Sobretudo sem café
Todos estreamos loucos
Prosseguem assim alguns
Bolados, estranhos e soltos
Pelo bulevar dos comuns.
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