segunda-feira, 15 de abril de 2024

Bulevar dos comuns

 

Quanto mais vi da grande peça 

Menos pude caber no seu elenco

Tento, falho, não me interessa

O tempo voa se fingindo de lento


O tipo de prosperidade 

De que careço

Não é fazer o que tenho vontade

Mas não fazer o que não quero


Todos nascemos insanos 

Continuam assim alguns

No passar dos anos

Pelo bulevar dos comuns


Tento mais uma vez só

Fracasso novamente

Um vexame melhor

Mais fresco e quente 


A virtude plena

Anula o indivíduo

Com veemência 

Da mesma maneira é o vício


Através da indolência 

E da ostentação 

Oriundas da intransigência 

E da tentação


Uma experiência profunda 

Nunca, nunca, nunca é serena

Quem argumenta alegando poderio usa

A memória no lugar da inteligência 


O que seria da marmita 

Sem o forno de micro-ondas? 

Uma boia fria, todavia

Não me afogo de fome nem de ondas


Só quem provou sabe como é 

Um híbrido de satisfação 

E tristeza depois da refeição

Sobretudo sem café


Todos estreamos loucos

Prosseguem assim alguns

Bolados, estranhos e soltos 

Pelo bulevar dos comuns. 

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