Vamos ser marginais
Mergulhando na paz
Carvão e diamante
Ancião e infante
Contrastantes e iguais,
Diamante e carvão
Do mesmo carbono
Infante e ancião
É um grito afônico
Sejamos menos distantes
Tudo é virtual e virtuoso demais
O tédio não tem nenhum instante
Para entreter quando nada se faz
Pelo apego ao abandono
Pela franqueza de ser feliz
Para entender a fraqueza do não
A fim de que a arte finque
A sua fortaleza, os sonhos
O seu estandarte aqui
Com Drummond, Tarsila, Chico, Leminski
Caetano, Lennon, Vinícius, Rita Lee
Pessoa, Dali, Gil, Frida e Kandinsky
Traduzindo anjos e demônios
Salvando mais do que religião
Choro e gargalho por pura bobeira
Para chegar ao coração eterno
Que bomba um mundo meu
O milagre é o dia seguinte
Os galhos da árvore chegam ao céu
Quando as suas raízes beijam o inferno
Escrevo com ares e teclas
Sou sustentado pela cabeça e pelo chão
Não me atirem balas nem pedras
No cotidiano de gala
Na raridade de praxe
No eclipse às claras
Sulamericano poeta
Achando saudade e graça
Protocolo e coragem
Maldade e perdão
O passado não volta mais
Do que o desejo de retorno
A energia se manifesta
Vamos estar à margem
Do albergue, fora da cidade
Iceberg no forno
Tudo o que foi já era
Agora será um tempo atrás
Assim a arte deixa
Consolos e sinônimos
Na sua geladeira aquele recado
Com Pagu, Milton, Machado, Raul Seixas
Gullar, McCartney, Quintana, Picasso
Kubrick, Cacaso, Lispector e Bandeira
Vento, projeto e acaso
Dando sentido, alívio e direção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário