quarta-feira, 10 de abril de 2024

Consolos e sinônimos

 

Vamos ser marginais

Mergulhando na paz

Carvão e diamante

Ancião e infante


Contrastantes e iguais,

Diamante e carvão

Do mesmo carbono

Infante e ancião 


É um grito afônico

Sejamos menos distantes

Tudo é virtual e virtuoso demais

O tédio não tem nenhum instante


Para entreter quando nada se faz

Pelo apego ao abandono

Pela franqueza de ser feliz 

Para entender a fraqueza do não


A fim de que a arte finque

A sua fortaleza, os sonhos

O seu estandarte aqui

Com Drummond, Tarsila, Chico, Leminski


Caetano, Lennon, Vinícius, Rita Lee

Pessoa, Dali, Gil, Frida e Kandinsky

Traduzindo anjos e demônios

Salvando mais do que religião 


Choro e gargalho por pura bobeira

Para chegar ao coração eterno

Que bomba um mundo meu

O milagre é o dia seguinte


Os galhos da árvore chegam ao céu

Quando as suas raízes beijam o inferno

Escrevo com ares e teclas

Sou sustentado pela cabeça e pelo chão 


Não me atirem balas nem pedras

No cotidiano de gala

Na raridade de praxe

No eclipse às claras


Sulamericano poeta

Achando saudade e graça

Protocolo e coragem 

Maldade e perdão


O passado não volta mais

Do que o desejo de retorno

A energia se manifesta 

Vamos estar à margem


Do albergue, fora da cidade 

Iceberg no forno

Tudo o que foi já era

Agora será um tempo atrás


Assim a arte deixa

Consolos e sinônimos 

Na sua geladeira aquele recado

Com Pagu, Milton, Machado, Raul Seixas


Gullar, McCartney, Quintana, Picasso

Kubrick, Cacaso, Lispector e Bandeira

Vento, projeto e acaso

Dando sentido, alívio e direção.



Nenhum comentário: