domingo, 14 de janeiro de 2024

Consciência conselheira

 


Consciência conselheira

Sem essa de ânsias

Nem falas falazes

Eu lhe dou os passos e as orelhas

Já fizemos as pazes


Orgulho, vulgo: desvio

Poços de ignorância

Tentadores vales

Não levo as dores e me viro

Verão que tudo se varre


Consciência conselheira

Sem exorbitâncias 

Nem fugas fugazes

Eu lhe devo a minha vida inteira

São dádivas da idade 


Em mim perdura a infância

Atrás das grades 

Que se enferrujam 

A engenharia se cansa 

A intuição não é dúvida


No espelho interno 

Não existe culpa

É incapaz o analfabeto 

De ler nenhum livro 

Até este exato minuto 


Quando a leitura invade o vazio

Quarto escuro 

E a taciturna noite parte

Com as cadavéricas certezas

Brumas de outro século 


Ah, consciência conselheira 

Lesões e lições de nós cegos

A luz brilhante incide na teia

Na bolha, na telha, na borra do ego 

A ilusão vai talhada e tarde


Sempre que vier

Sente-se à mesa,

Estale os ossos, tome um café 

Ou um troço qualquer e conte a verdade, 

Consciência conselheira.


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