Ciente de que vim louco
É a minha lente
Há pouco tempo
E não passa lento
Gente, sair do jogo
Pela tangente
É um livramento
E talvez seja rabugento
Já fui diversos outros
Caí fora deste game
Eu me perco e me venço
Vivo feroz, vivo gemendo
O mundo e o circo pegam fogo
Sou as chamas de alguém
Chamado, pensamento
Fleumático e me queimo
Já fui muito bobo
Palhaço, malabarista
Clássico, artista cênico
Diabólico e me benzo
Não posso ficar no conforto
No sofá, no bar, nas cinzas
Com sono ao passo que vou sendo
Em confronto com o bom senso
Já não sou nada nem novo
Contudo não sou velho ainda
Quanto mais vou, mais venho
Para a jornada interina
Batem à porta, no meu porto,
Maravilhas submarinas
Salvarão o desejo, saltarão do desenho
Embarcação a uma milha da minha
Já nasci livre e torto
Na peripécia da periferia
Entre apocalipses, adventos,
Cicatrizes, inércias e feridas
Já estive nessa, já fui morto
Agora tenho gosto de vida
De perigo da lufada do vento
Que nem a fada adivinha.
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