quinta-feira, 7 de março de 2024

Uma infração de segundos

 

Não tenho disciplina por virtude
E sim como reação em virtude
Da minha negligência
Contemplativa urgência

Concilio para não sucumbir
Às minhas cóleras reprimidas
Já me feri nas férias daqui
E noutras esferas e vidas

Um singular minuto
De reconciliação vale
Mais do que anos de amizade
Aquele momento único

Feliz ônus novo
A poesia é uma infração de segundos
Vi no meio do povo
Mas tampouco quis me ler

Pareço gentil, quase bobo
Para velar minha escassez,
Banco o prudente quando não boto fé
E penso na mais inclemente conjectura

Minha compulsão, minha loucura
Pela ortografia, tipo assim,
Não é uma condecoração
De uma mente harmônica

Mas todo um combo
De simulação concebido por mim
Para perfumar o pandemônio
Do meu ânimo, do meu coração

Só sou pontual
Para que não saia no jornal
Que o tempo alheio
Não me importa

O amor não é um estado de espírito
Mas um signo, um segredo
Um significado, uma joia
O amor é um estalo disso, dissolvido.

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