terça-feira, 6 de março de 2007

Velhas regras

cansado de receber quase nada no final do mês
cansado de não ter paz, pés, voz nem vez
preciso criar um diálogo entre o real e a arte
enquanto o silêncio fatal não me invade

quiçá eu nem quisesse escrever assim
mas onde reside o não resiste o sim
começando pelas coisas pequenas
viver não é respirar apenas

é mudança no caminho de casa
é mudança nos móveis da sala
é mudança no cabelo, na barba
na roupa, na mesma outra cara

cansado de fazer o habitual sorriso
nas festas, velórios, saraus e comícios
cansado de baixar a cabeça e resignar-me
com os reveses que vestem a carne

preciso gritar, dançar, atar fogo
quebrar as velhas regras do jogo
sem decorar o roteiro, meu papel
a improvisar do meu jeito, ao léu.